Após a leitura do texto, é possível identificar a importância do papel do coordenador pedagógico no planejamento escolar e pontuar as dificuldades encontradas no exercício desse papel.
De
modo geral percebi que o próprio texto responde a pergunta formulada e dessa forma o adaptei,
uma vez que o mesmo é muito claro e objetivo.
O texto discute o papel do
coordenador pedagógico no cotidiano escolar frente a formação continuada de
professores. A importância e atualidade deste tema na universidade, bem como no
seio da escola de educação básica, local do exercício de liderança deste
profissional, certamente se mostram pontuais na organização e desdobramento das
atribuições do coordenador em relação ao seu papel, em relação ao seu
compromisso teórico-metodológico, ao estabelecimento de um clima organizacional
propício ao desenvolvimento de um trabalho pedagógico que respeite as distintas
vozes que se apresentam no âmbito escolar. Por meio de uma revisão de literatura,
foram selecionados alguns pontos recorrentes para a discussão do objeto de estudo,
o que possibilitou a constatação que a prática pedagógica se constrói pela contribuição
de todos os atores sociais, cujo sujeito facilitador, pode ser materializado,
dentre outros, na figura do coordenador pedagógico.
O trabalho poder ser caracterizado
como uma reflexão sobre o papel e intervenções do coordenador pedagógico, que
partiu preliminarmente de vivências na escola de educação básica e
contribuições de literatura especializada. Propõe uma abertura de discussão
recorrente, portanto, num itinerário dialético, em que o coordenador pedagógico
pode e necessita desenvolver continuamente uma leitura proximal de sua
realidade e dos atores sociais que compõem e vive o saber fazer. Neste caso,
como agente responsável pela formação continuada de professores, o coordenador
pedagógico deve sensibilizar seu saber-fazer de maneira a não unilateralizar as
tomadas de decisão, como se tivesse todas as respostas para os encaminhamentos
pedagógicos e resoluções de conflitos que inquietam a equipe docente. Lima
(2007) observa que quando o saber-fazer parte de uma concepção sensível da
realidade, onde figura como o mais importante a possibilidade de se trabalhar a
intervenção pedagógica pela necessidade do grupo, pela identificação das
manifestações que impactam mais e de forma significativa estudantes e professores,
não necessariamente somente causa prazer no clima organizacional da escola, mas
promove a reflexão, o desafio, a significação da trajetória histórica em que
vivem e desta, numa contextualização social, da qual a escola não está à margem.
O artigo está organizado em cinco
seções, a saber:
a) alguns olhares sobre o papel do coordenador
pedagógico na instituição escolar;
b)
Sobre a necessidade de um outro olhar do coordenador pedagógico;
c)
a intervenção do coordenador pedagógico na formação continuada de professores;
d)
o tempo de construção na construção do trabalho pedagógico; e
e)
a ação e participação pedagógica por meio de ações coletivas.
De modo que aqui estabelecerei um
direcionamento ao tópico a. Assim, podemos entender a coordenação pedagógica
como uma assessoria permanente e continuada ao trabalho docente, cujas
principais atribuições, dentre outras, podem ser listadas em quatro dimensões
como aponta Piletti (1998, p. 125):
a)
acompanhar o professor em suas atividades de planejamento, docência e
avaliação;
b)
fornecer subsídios que permitam aos professores atualizarem-se e aperfeiçoarem-se
constantemente em relação ao exercício profissional;
c)
promover reuniões, discussões e debates com a população escolar e a comunidade
no sentido de melhorar sempre mais o processo educativo;
d)
estimular os professores a desenvolverem com entusiasmo suas atividades,
procurando auxiliá-los na prevenção e na solução dos problemas que aparecem.
Entretanto, a despeito deste quadro
de atribuições e até por desconhecimento das mesmas, muitos olhares são
lançados sobre a identidade e função do coordenador pedagógico na escola, não
raras vezes pelos próprios pares e comunidade intra e extraescolar
caricaturizando-o em “modelos” distintos e cobrando-lhe a determinação do
sucesso da vida escolar e encaminhamentos pertinentes às problemáticas que se
sucedem no cotidiano. Várias metáforas são construídas sintetizando o seu papel
e função na escola com distintas rotulações ou imagens, dentre elas, a de “bom-bril”
(mil e uma utilidades), a de “bombeiro” (o responsável por apagar o fogos dos
conflitos docentes e discentes), a de “salvador da escola” (o profissional que
tem de responder pelo desempenho de professores na prática cotidiana e do
aproveitamento dos alunos). Além
destas metáforas, outras aparecem definindo-o como profissional que assume uma
função de gerenciamento na escola, que atende pais, alunos, professores e
também se responsabiliza pela maioria das “emergências” que lá ocorrem, isto é,
como um personagem “resolve tudo” e que deve responder unidirecionalmente pela
vida acadêmica da escola. Deste imaginário construído, muitas vezes o próprio
coordenador o encampa como seu e passa a incorporar um “modelo” característico
forjado em crenças institucionais e do senso comum. Analisando essas imagens
comuns na vivência de coordenadores pedagógicos, foi organizada a pesquisa de
campo de índole qualitativa com questões semi-estruturadas, tendo como sujeitos
epistemológicos, coordenadores pedagógicos da Rede Municipal de ensino de São
Paulo, na qual foram indagados sobre a percepção profissional do coordenador
sobre as imagens que derivam do imaginário social da escola e da perspectiva do
papel de deste profissional para a atualidade. Nas falas do universo amostral
dos sujeitos (em número de 10) percebesse uma queixa unânime sobre a sua
desorientação e quase perda de identidade profissional e houve a constatação
que o cotidiano das escolas e algumas crenças no seu interior inviabilizam a
reflexão sobre suas práticas, perspectivas e possibilidades de sua intervenção
no universo docente. Outro ponto relevante, apontado como uma das dificuldades
do coordenador pedagógico no desenvolvimento de seu trabalho é a definição do
seu campo de atuação na escola. Assim, por não ter claro o seu papel ou mesmo
tendo claro, mas abrindo mão dele por conta das crenças auto-realizadoras no
interior da escola, acompanha o ritmo ditado pelas rotinas ali arraigadas.
Ao serem indagados sobre seu
conhecimento sobre o papel e campo de atuação na escola, os coordenadores
pedagógicos são unânimes em afirmar que uma das atribuições mais importantes é
a de formação continuada, desenvolvida junto aos professores, trabalho que
necessitaria estar articulado aos princípios pedagógicos assumidos pela escola,
por meio de uma leitura sistemática e intencional da realidade contextual.
Segundo seus relatos é isso que as comunidades intra/extra escolar esperam,
entretanto, frente a inúmeras questões que são colocadas para o profissional
resolver, inclusive no caso de ausência do restante da equipe técnica, mesmo
essa atribuição não é suficientemente desenvolvida. Desta maneira os sujeitos
epistemológicos concluem que ao término do ano, no momento da avaliação da
escola e de seus profissionais surgem respostas que causam instabilidade
emocional como se a responsabilidade pelo andamento do trabalho pedagógico da
escola fosse somente sua. Observam que quando da pergunta “Como foi o andamento
do trabalho do coordenador pedagógico neste ano?” Não raras vezes, como
resposta ouve-se que foi um trabalho sem objetividade, muito diretivo, de muito
discurso e pouca ação. Outras indagações de tonalidades irônicas, levantadas
pelos coordenadores pedagógicos, que lhes são colocadas e cobradas,
relativizando sua importância no interior da escola são: “Os índices de repetência
e evasão continuam altos ? Os especialistas são burocratas e não colaboram para
diminuir isto, então para que servem ?
Na tentativa de responder às
demandas da escola, conforme as imagens cunhadas em seu interior, o coordenador
pedagógico afasta-se de seu referencial atribuitivo, que não as nega, mas por
meio de um trabalho intencional, planejado e contextualizado orienta-as pela
conscientização de suas atribuições e de seu papel referencial de coordenador
de ações. Este afastamento instabiliza o profissional, a tal ponto que, segundo
Bartman (1998, p.1):...o coordenador não sabe quem é e que função deve cumprir
na escola. Não sabe que objetivos persegue. Não tem claro quem é o seu grupo de
professores e quais as suas necessidades. Não tem consciência do seu papel de
orientador e diretivo. Sabe elogiar, mas não tem coragem de criticar. Ou só
critica, e não instrumentaliza. Ou só cobra, mas não orienta. Neste continuum dimensional
de conflitos intra-escola o coordenador pedagógico tem constrangimento de sua
autoridade porque confunde com autoritarismo, desta maneira, constrange-se em abordar
questões evidentes que concorrem para um mal andamento do trabalho pedagógico,
por isso se omite. Confunde a atribuição de seu papel profissional com
imposições normativas, bem como democracia, autoridade e autoritarismo, ficando
sem norte e não raras vezes com um sentimento de perda de identidade
profissional intra-escola. Há que se buscar, portanto, um outro olhar acerca da
relevância do trabalho do coordenador pedagógico na escola, mediado pelo
equilíbrio de suas atribuições como um dos eixos imprescindíveis às práticas
pedagógicas sistematizadas onde cada um e todos se tornam co-responsáveis pelo
processo ensino-aprendizagem.
Edneide Silva
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