O quantitativo de mortes varia entre 10 mil a milhões. Geralmente a forma de vitimar era por tortura, enforcamento ou queimando, como bruxas na Europa. Os mais perseguidos eram herboristas que pesquisavam além de plantas e venenos de pequenos animais.
Antes
de 1350 a bruxaria era vista como a prática da feitiçaria, uma maneira de tentar
controlar a natureza a nosso dispor. Na maior parte da Europa a feitiçaria era
aceita como parte da vida, e a bruxaria só era considerada crime se gerasse
danos.
Muitas poções preparadas por bruxas continham partes de sapos,
pois os extratos de sapos e rãs eram usados para envenenar pontas de flecha em muitas partes
do mundo. Curiosamente, segundo o folclore, os sapos ou gatos eram os animais
que mais frequentemente acompanhava as bruxas como encarnação de um espírito malévolo.
Um dos mitos mais persistentes acerca de bruxas é que elas eram
capazes de voar, em geral em vassouras, para ir a um sabá (encontro marcado
para a meia-noite, supostamente uma paródia orgíaca da missa cristã). Muitas
mulheres acusadas de bruxaria confessavam, sob tortura, que voavam para os
sabás.
Essas mulheres realmente acreditavam que haviam voado pela
chaminé, montadas numa vassoura, e depois se entregue a toda sorte de
perversões sexuais. Pode haver uma excelente explicação Química para essa crença:
o grupo de compostos conhecidos como ALCALOIDES.
Os alcaloides são compostos vegetais que têm um ou mais átomos de nitrogênio, geralmente como parte de um anel de átomos de carbono. Com
frequência os alcaloides são fisiologicamente ativos no ser humano, em geral afetando o sistema nervoso central, e de hábito podem ser extremamente tóxicos.
Derivados feitos de alcaloides formam a base de muitos de nossos fármacos modernos, como a molécula codeína, que alivia a dor, o anestésico local benzocaína e a cloroquina, um agente antimalárico.
Em seus “unguentos do voo”, as bruxas costumavam incluir extratos
de mandrágora, beladona e meimendro nos óleos e pomadas para aplicar na pele, e
isso supostamente as faziam voar. Todas estas plantas pertencem à família Solanaceae,
ou das beladonas. A mandrágora (Mandragora officinarum) é usada desde a
Antiguidade como meio de restaurar a vitalidade sexual e como soporífico.
Várias lendas curiosas envolvem a mandrágora e diz-se que, quando arrancada do
solo, emitia gemidos lancinantes.
A segunda planta usada nos unguentos do voo era a beladona (Atropa belladonna). O nome vem da prática, comum entre mulheres na Itália, de
pingar nos olhos o suco extraído das bagas pretas da planta. Com isso, a pupila se
dilatava e as adeptas dessa prática, acreditavam que o resultado tornava-as
mais belas, daí belladonna, “bela mulher” em italiano.
Juntamente com a mandrágora e a beladona, haviam outras plantas
nos unguentos para voar: o meimendro, dedaleira, salsa, acônito, cicuta e
estramônio são listados em relatos históricos.
Muitos alcaloides são citados nesse capítulo, como a ergotamina, que deriva do ácido lisérgico, e a cocaína, que tem origem na própria ergotamina. A cocaína e os alcaloides d ergotina, embora tóxicos e perigosos, têm longa história de uso terapêutico, e as ergotinas continuam desempenhando papel significativo na medicina.