Olá, tod@s bem?
Essa semana estamos no último capítulo do livro OS BOTÕES DE NAPOLEÃO: As 17 moléculas que mudaram a história, que é sobre "Moléculas versus Malária". Nesse capítulo, os autores abordam que a palavra malária significa "mau ar". Ela vem das palavras italianas mal
aria, porque durante muitos séculos pensou-se que essa doença fosse causada
por cerrações venenosas e vapores deletérios emanados de pântanos baixos. Sua
causa, porém, é um parasito (inseto) microscópico, que talvez tenha sido, e
ainda seja, o maior responsável por mortes humanas em todos os tempos.
Segundo as estimativas dos autores, cada paciente infectado com a malária
pode transmitir a doença a centenas de outras pessoas. Quatro espécies
diferentes do parasito da malária (gênero Plasmodium) infectam o homem:
ü P. vivax;
ü P. falciparum;
ü P. malarie;
ü P. ovale.
Essas quatro espécies causam sintomas típicos da doença: febre
alta, calafrios, terrível dor de cabeça e muscular, que podem reaparecer anos
depois da infecção. A mais letal dessas quatro formas é a malária falciparum.
As outras são chamadas de formas “benignas”, embora o prejuízo que
causem à saúde e à produtividade geral da sociedade nada tenha de bom. Em geral
a febre malárica é periódica, atacando a cada dois ou três dias. No caso da
letal forma falciparum, essa febre episódica é rara, e, à medida que a
doença progride, o paciente infectado fica ictérico, letárgico e confuso antes
de cair em coma e morrer.
A malária é transmitida de um ser humano para outro pela picada do
mosquito anopheles. As fêmeas precisam ingerir sangue antes de pôr seus ovos. Se
o sangue que sugam for de um ser humano infectado com malária, o parasito é
capaz de continuar seu ciclo de vida no intestino do mosquito e ser transmitido
a outro ser humano na próxima “refeição”. Após desenvolver-se por uma ou duas
semanas no fígado do novo hospedeiro, invade a corrente sanguínea e penetra nos
glóbulos vermelhos, ficando assim disponível para outro anopheles sugador de
sangue.
Ao longo dos séculos a malária, bem como a indigestão, febre, perda
do cabelo e muitas outras doenças, foram tratadas comumente com casca de cinchona.
Essa árvore é da família das Rubiaceae, a mesma do cafeeiro. Entre os quase 30 alcaloides encontrados na casca da cinchona, o quinino
foi rapidamente identificado como o ingrediente ativo.
O quinino é um derivado da molécula quinoleína. Atualmente
é usado principalmente na água de quinina, na água tônica, em outras bebidas
amargas e na produção de quinidina, um remédio para o coração. Ainda se
considera que o quinino proporciona algum grau de proteção contra a malária em regiões resistentes à cloroquina.
Há várias maneiras de prevenir a procriação dos mosquitos, sendo a
melhor linha de ataque, o uso de inseticidas potentes. Inicialmente, o mais
importante desses pesticidas é a molécula clorada DDT (tricloroetano), que age
interferindo num processo de controle nervoso exclusivo dos insetos.
Nos
primeiros anos do século XX, graças a variedade de fatores como: sistemas
aperfeiçoados de saúde pública, melhores condições de habitação, ampla drenagem
de águas estagnadas e acesso quase universal a medicamentos antimalárico, a
incidência da malária diminuiu enormemente na Europa Ocidental e na América do
Norte.
Em muitos desses países, pouca gente tem condições de comprar as
moléculas inseticidas que controlam os anopheles ou os substitutos sintéticos
do quinino que fornecem proteção aos turistas do Ocidente. Nessas regiões,
porém, a natureza concedeu uma forma muito diferente de defesa contra a
malária. Nada menos que 25% dos africanos subsaarianos são portadores de um
traço genético para a doença penosa e debilitante conhecida como anemia falciforme. Quando ambos os pais têm esse traço, a criança
possui uma chance em quatro de ter a doença, uma chance em dois de ser seu
portador, e uma em quatro de não ter a doença nem transmiti-la.
Para os portadores do traço da anemia
falciforme que vivem em áreas maláricas, a doença oferece uma valiosa
compensação: grau significativo de imunidade à malária.
A cor dos glóbulos vermelhos do sangue deve-se à presença de molécula
de hemoglobina, cuja função é transportar oxigênio pelo corpo. Uma mudança extremamente
pequena na estrutura química da hemoglobina é responsável pela doença fatal da anemia falciforme.
A hemoglobina é uma proteína; tal como a seda, é um polímero que
compreende unidades de aminoácidos, mas, ao contrário do que ocorre com a seda,
cujas cadeias de aminoácidos arranjados de maneira variável podem conter
milhares de unidades, na hemoglobina, os aminoácidos, ordenados de maneira
precisa, estão arranjados em dois conjuntos de filamentos idênticos.
Já se encontraram mais de 150 diferentes variações na estrutura
química da hemoglobina humana, e embora algumas delas sejam letais ou causem problemas, muitas são aparentemente benignas.
Ao que parece, a resistência parcial à malária é conferida também a portadores
de variações da hemoglobina que produzem outras formas de anemia, como a talessemia alfa, endêmica entre descendentes
de nativos do sudeste da Ásia, e talassemia
beta, mais comum entre descendentes de nativos da região mediterrânea, como
gregos e italianos, e encontrada também entre os que descendem de pessoas originárias do Oriente Médio, Índia, Paquistão e de parte da África.
No entanto, embora a molécula de quinino tenha permitido o
crescimento do Império Britânico e a expansão de outras colônias europeias no século XIX, foi o
sucesso da molécula de DDT como inseticida que erradicou finalmente a malária da Europa e da América do Norte no século XX.
Quinina, DDT e hemoglobina,
são três moléculas com estruturas muito diferentes, mas que estiveram historicamente
unidas por suas conexões com uma das doenças mais mortíferas do mundo.
Esperamos que tenham gostado do resumo desse capítulo.
Abraços em tod@s e se possível, FIQUEM EM CASA!!!