ACESSO: 22/03/2016 as 11:21h
Muito
do trabalho desenvolvido por grandes grupos de pesquisa talvez não
avançasse sem os pesquisadores pós-doutores. Eles coordenam tarefas no
laboratório, escrevem artigos científicos, coorientam alunos de
graduação, mestrado e doutorado, além de ajudar o pesquisador principal,
seu supervisor, a conceber e executar novas linhas de pesquisa. Não por
acaso, os pós-doutores, a exemplo do que ocorre nos Estados Unidos e em
alguns países da Europa, estão se tornando um elemento-chave dentro das
equipes de pesquisa no Brasil. Em 2009 o número total de bolsas
de pós-doutorado no país concedidas pela FAPESP era de 15.275. Em 2014, esse número subiu para 23.249.
de pós-doutorado no país concedidas pela FAPESP era de 15.275. Em 2014, esse número subiu para 23.249.
O estágio remunerado de pós-doutorado é uma possibilidade atraente
para um recém-doutor ainda sem vínculo empregatício. A Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) oferece o Programa
de Apoio a Projetos Institucionais com a Participação de Recém-doutores
(Prodoc) e o Programa Nacional de Pós-doutorado (PNPD). O tempo de
duração das bolsas varia de dois a três anos. A FAPESP concede bolsa por
dois anos, renovável por um ou até dois anos, caso o pesquisador esteja
vinculado a um auxílio concedido em modalidades como Projetos Temáticos
e Jovens Pesquisadores. Os valores vão de cerca de R$ 4 mil mensais, no
caso da Capes, a R$ 6 mil no da FAPESP, que ainda paga a reserva
técnica de 15% do valor da bolsa.
O pós-doutorado tem se firmado como etapa determinante na vida
profissional de pesquisadores que entendem que o mercado de trabalho
acadêmico está muito competitivo.“No pós-doutorado, os pesquisadores
podem aprimorar suas habilidades científicas e intelectuais, adquirindo
experiência que mais tarde lhes dará autonomia para estabelecer e
gerenciar o próprio laboratório, obter financiamento para seus projetos
de pesquisa ou conseguir um cargo dentro da universidade”, explica Elson
Longo, coordenador do Laboratório Interdisciplinar de Eletroquímica e
Cerâmica da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Araraquara.
O estagiário de pós-doutorado muitas vezes tem a possibilidade de
pesquisar no exterior, onde entra em contato com outros grupos, amplia
suas perspectivas e experimenta a rotina de trabalho em centros de
pesquisa com equipes às vezes maiores, mais experientes e com estilos e
recursos distintos. “A interação com grupos internacionais é importante
para que o pesquisador obtenha independência intelectual”, indica Marcos
Buckeridge, do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo
(IB-USP).
A indústria também valoriza profissionais com pós-doutorado por terem
formação sólida, conhecimento teórico e frequentemente serem capazes de
integrar os interesses do mercado e da universidade. “É fundamental que
o pesquisador estabeleça e amplie suas relações em empresas e
institutos de pesquisa públicos e privados durante o pós-doutorado”,
comenta Marcelo Knobel, do Instituto de Física Gleb Wataghin da
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Uma estratégia é tentar
entrar em projetos financiados por agências de fomento e empresas
privadas. Alinhando suas pesquisas às necessidades da empresa, aumentam
as chances de contratação.
O biólogo Mateus Lopes, formado pela USP, iniciou um pós-doutorado
para concluir o projeto que havia começado no doutorado. Nesse período,
direcionou sua pesquisa e suas competências para a área administrativa.
Hoje ele é responsável pela área de inovação em biotecnologia da
Braskem, do setor químico e petroquímico.“É importante sair da zona de
conforto e se arriscar em ambientes fora da esfera acadêmica”, diz.