Hoje trouxemos o resumo do quarto capítulo do livro OS BOTÕES DE NAPOLEÃO: As 17 moléculas que mudaram a história, que trata sobre a “Celulose”. Mas aonde podemos encontrá-la? Um exemplo é o algodão, que contém 90% de celulose. O cultivo de algodão assim como do açúcar, teve contribuição expressiva dos escravos. Foi cultivado há cerca de cinco mil anos atrás, mas a plantação só chegou a Europa por volta de 300 a.C., trazida por soldados que retornaram a Índia com túnicas de algodão. O Lancashire, na Inglaterra, tornou-se o centro do grande complexo industrial
que cresceu em torno da manufatura do algodão, pois o clima da região, úmido,
ajudava as fibras a se manterem unidas. Além disso, o algodão foi
importante para a revolução industrial na Inglaterra, pois impulsionou a
maquino fatura.
Porém,
houve algumas consequências sociais do comércio do algodão, que impactou nas
condições de trabalho e de vida das pessoas. Uma delas foi a submissão a
terríveis e longas jornadas de trabalho dos operários. Os operários e suas
famílias se abrigavam em moradas frias, úmidas e sujas, o que talvez justifique
o fato de menos da metade das crianças que nasciam nessas condições conseguirem
completar cinco anos de idade. Mas, as autoridades se preocupavam, não por
causa da taxa de mortalidade alta, mas pelo fato dessas crianças morrerem antes de poderem se engajar no trabalho industrial, ou em qualquer outro tipo de atividade
laboral.
Com
os maus-tratos infligidos a crianças e outros abusos, houve amplo movimento humanitário que pressionou a adoção de leis para regular a duração da jornada de trabalho, o trabalho infantil e as condições de segurança e salubridade das fábricas. Mas, não foi fácil promover mudanças. No
capítulo do livro aqui resenhado, os autores mencionam que após a legislação
ser aprovada na Inglaterra em 1807, abolindo o tráfico de escravos, os
industriais não hesitavam em importar o algodão cultivado por escravos na
América do Sul.
Na década de 1830,
descobriu-se que a celulose era solúvel em ácido nítrico condensado, e que essa solução, quando derramada na água, formava um pó branco altamente inflamável e explosivo. Por tanto, a CELULOSE é um polímero de
glicose, formado
pela união de moléculas de β-glicose e é um componente importante
das paredes da célula vegetal.
Os
polímeros de glicose, também conhecidos como POLISSACARÍDIOS, podem ser
classificados com base em sua função celular. Os polissacarídeos estruturais,
como a celulose, fornecem um meio de sustentação para o organismo; os polissacarídeos
de armazenamento fornecem um meio de armazenar a glicose até que ela seja necessária. As unidades dos polissacarídeos estruturais são unidades de
β-glicose; as dos polissacarídeos de armazenamento são α-glicose.
Tanto
nos polissacarídeos estruturais quanto nos de armazenamento, as unidades de glicose são unidas entre si através de carbono número 1 numa molécula de glicose e de carbono número 4 na molécula de glicose adjacente. Essa união ocorre com a remoção de uma molécula de água formada a partir de um H+
de uma das moléculas de glicose e de um -OH da outra molécula de glicose.
Muitas
das características que fazem do algodão um tecido tão desejável são resultado da estrutura singular da celulose. Longas cadeias de celulose se comprimem estreitamente, formando a fibra rígida, insolúvel, das quais as
paredes celulares das plantas são construídas.
A
forma que uma ligação β confere à estrutura permite às cadeias de celulose
apertarem-se estreitamente o bastante para formar esses feixes, que depois se
torcem juntos para formar as fibras visíveis a olho nu. Do lado de fora dos
feixes estão os grupos -OH que não fizeram parte da formação da longa cadeia de celulose, e esses grupos são capazes de atrair moléculas de água. Por isso a celulose é
capaz de absorver água, o que explica a elevada absorvência do algodão e de outros produtos baseados em celulose.
Os
autores ainda mostram alguns questionamentos sobre a hipótese de que “o algodão
respira”, eles abordam que essa questão não tem relação com a passagem de ar,
mas sim com a absorvência da água pelo tecido. Por exemplo, quando o tempo está
quente, a transpiração do corpo é absorvida por peças de roupa de algodão à
medida que evapora, refrescando-nos. Já as roupas feitas de nylon ou poliéster
não conseguem absorver a umidade, de modo que a transpiração não é removida do
corpo por ação capilar, levando a um desconfortável estado de umidade.
Outro
polissacarídeo estrutural é a quitina,
uma variação da celulose encontrada nas carapaças dos crustáceos, como caranguejos, camarões e lagostas. A QUITINA, como a celulose, é um polissacarídeo β. Salienta-se ainda que a N-acetil glucosamina e
seu derivado estreitamente relacionado, a glucosamina, fabricadas a partir de
carapaças de crustáceos, já proporcionaram alívio a muitas vítimas de artrite.
Pois, acredita-se que estimulam a substituição do material cartilaginoso nas
juntas ou o suplementam.
No
decorrer do capítulo é abordado que os seres humanos e outros mamíferos não têm
as enzimas digestivas necessárias para quebrar ligações β nesses polissacarídeos
estruturais, por isso, não podemos utilizá-los como fonte de alimento, embora
haja bilhões de unidades de glicose disponíveis na forma de celulose no reino
vegetal. No entanto, apesar de não termos a enzima que quebra a ligação β,
possuímos uma enzima digestiva que parte uma ligação α. A configuração α é
encontrada no amido e no glicogênio, que são polissacarídeos de armazenamento.
Diante
disso, apesar de ter uma quantidade muito grande de polissacarídeos de armazenamento no mundo, ainda há uma quantidade muito maior do polissacarídeo estrutural, como a celulose. Sendo que a celulose não só é abundante como
renovável, a possibilidade de usá-la como matéria-prima barata e rapidamente
disponível para novos produtos vem interessando há muito tempo químicos e
empresários.
A
celulose pode ser dissolvida numa solução alcalina de solvente orgânico, o
dissulfeto de carbono, formando um derivado da celulose chamado xantato de
celulose. Como tem a forma de uma dispersão coloidal viscosa, o xantato de
celulose recebeu o nome comercial de VISCOSE. Depois que a viscose é empurrada
por minúsculos furos, e o filamento resultante é tratado com ácido, a celulose
é regenerada na forma de fios finos que podem ser urdidos num tecido conhecido
comercialmente como RAYON.
Tendo
em vista que o algodão foi a estrela da Revolução Industrial e provocou uma das
maiores crises da história dos Estados Unidos, ainda teve a questão da
escravidão, onde o sistema econômico se baseava no algodão cultivado por
escravos. Além disso, a indústria dos tecidos sintéticos, que se iniciou a
partir do rayon (uma forma diferente de celulose), desempenhou um papel
significativo na configuração da economia durante o século XX. Porém, os autores da obra concluem que sem essas
aplicações da molécula de celulose, nosso mundo seria muito diferente.
Esperamos
que vocês tenham gostado do resumo do quarto capítulo do livro OS BOTÕES DE
NAPOLEÃO: As 17 moléculas que mudaram a história.
BOA
LEITURA, e se possível FIQUEM EM CASA!!!