segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

MOVIMENTANDO A COMUNIDADE ESCOLAR......


            Mobilizar a comunidade para uma participação efetiva na escola, realizar um gestão realmente democrática não é uma tarefa das mais fáceis no cotidiano escolar. Contudo, o Projeto Político Pedagógico é um documento de grande importância, podemos dizer que o PPP é a bússola que norteia e encaminha as atividades a serem desenvolvidas no espaço escolar. Deste modo, o PPP se caracteriza como mais que um aglomerado de planos e atividades, e não deve ser construído para arquivo, sobretudo, deve ser vivenciado em todos os momentos e por todos os envolvidos no processo educativo. Para que isto seja real, deve acontecer por meio das discussões e reuniões que envolvem toda a comunidade escolar, entre equipe administrativa, financeira, pedagógica, alunos, familiares e a comunidade. Creio que para realizar uma mobilização que dê frutos e realmente envolva toda comunidade as estratégias usadas devem ser baseadas e estruturadas em objetivos coerentes e significativos; um caminho possível é a formação dos atores envolvidos, no que diz respeito às políticas públicas que norteiam a educação, a participação no espaço escolar, nas reuniões, conselhos, etc. e deve ser mais que integração entre família e escola, antes de qualquer coisa, deve ser entendida como participação política, como pleno exercício de direitos e cumprimento de deveres, participação ativa no processo de gestão democrática da educação.
            Segundo o Dicionário Eletrônico Houaiss “mobilizar” como “por (se) em ação (um conjunto de pessoas) para uma tarefa, uma campanha, etc. Conclamar pessoas a participarem de uma atividade social, política ou de outra natureza, insuflando-lhes entusiasmo, vontade, etc.” Conforme a explicação do verbete é necessário instigar as pessoas da comunidade escolar para a construção do Projeto, despertando-lhe o entusiasmo, suas energias; envolver-lhes mais que fisicamente. Emocionalmente. O grupo de sistematização do documento tem como atribuição “animar” os participantes, tornando o trabalho vivo, produtivo, criativo. Segue abaixo algumas sugestões que algumas escolas ou órgão de educação podem insuflar sua comunidade em torno de seus objetivos, aproximando-se mais da coletividade.Guardadas as proporções as equipes de sistematização podem adotar diversas estratégias mobilizadoras (BRASIL, 2005, P. 80-82):Criação de várias equipes temáticos com a finalidade de descentralizar as ações; Utilização dos meios comunicação disponíveis (rádios, jornais, cartazes,...).
            Alguns aspectos básicos devem estar presentes na elaboração do projeto pedagógico de qualquer escola. Antes de mais nada, é preciso que todos conheçam bem a realidade da comunidade em que se inserem para, em seguida, estabelecer o plano de intenções - um pano de fundo para o desenvolvimento da proposta. Na prática, a comunidade escolar deve começar respondendo à seguinte questão: por que e para que existe esse espaço educativo? Uma vez que isso esteja claro para todos, é preciso olhar para os outros três braços do projeto. São eles: - A proposta curricular - Estabelecer o que e como se ensina, as formas de avaliação da aprendizagem, a organização do tempo e o uso do espaço na escola, entre outros pontos. - A formação dos professores - A maneira como a equipe vai se organizar para cumprir as necessidades originadas pelas intenções educativas. - A gestão administrativa - Que tem como função principal viabilizar o que for necessário para que os demais pontos funcionem dentro da construção da "escola que se quer".  Assim, é importante que o projeto preveja aspectos relativos aos valores que se deseja instituir na escola, ao currículo e à organização, relacionando o que se propõe na teoria com a forma de fazê-lo na prática - sem esquecer, é claro, de prever os prazos para tal. Além disso, um mecanismo de avaliação de processos tem de ser criado, revendo as estratégias estabelecidas para uma eventual re-elaboração de metas e ideais. Indo além, o projeto tem como desafio transformar o papel da escola na comunidade. Em vez de só atender às demandas da população - sejam elas atitudinais ou conteudistas - e aos preceitos e às metas de aprendizagem colocados pelo governo, ela passa a sugerir aos alunos uma maneira de "ler" o mundo.
            A elaboração do projeto pedagógico deve ser pautada em estratégias que deem voz a todos os atores da comunidade escolar: funcionários, pais, professores e alunos. Essa mobilização é tarefa, por excelência, do diretor. Mas não existe uma única forma de orientar esse processo. Ele pode se dar no âmbito do Conselho Escolar, em que os diferentes segmentos da comunidade estão representados, e também pode ser conduzido de outras maneiras - como a participação individual, grupal ou plenária. A finalização do documento também pode ocorrer de forma democrática - mas é fundamental que um grupo especialista nas questões pedagógicas se responsabilize pela redação final para oferecer um padrão de qualidade às propostas. É importante garantir que o projeto tenha objetivos pontuais e estabeleça metas permanentes para médio e longo prazos (esses itens devem ser decididos com muito cuidado, já que precisam ser válidos por mais tempo).

            O diretor deve garantir que o processo de criação do projeto pedagógico seja democrático, da elaboração à implementação, prevendo espaço para seu questionamento por parte da comunidade escolar. O gestor é a figura que articula os diferentes braços operacionais e conceituais em relação ao plano de intenções, a base conceitual do documento. É quem deve antecipar os recursos a serem mobilizados para alcançar o objetivo comum. Para sua implantação, ele também cuida para que projetos institucionais que se estendam a toda a comunidade escolar - como incentivo à leitura ou à proteção ambiental - não se percam com a chegada de novos planos, mantendo o foco nos objetivos mais amplos previstos anteriormente. Além disso, é ele quem garante que haja a homologia nos processos, ou seja, que os preceitos abordados no "plano de intenções" não se deem só na relação professor/aluno, mas se estendam a todas as áreas. Por exemplo: se ficou combinado que a troca de informações entre pares colabora para o processo de aprendizagem e é positiva como um todo, a organização dos espaços da escola deve propiciar as interações, a relação com os pais tem de valorizar o encontro entre eles, as propostas pedagógicas precisam prever discussões em grupo etc.
            É muito comum que o plano de intenções - que deve ser o objetivo maior e o guia de todo o resto - não fique claro para os participantes e que isso só se perceba no decorrer de seu processo de implantação. Outro aspecto frequente é que os meios e as estratégias para chegar aos objetivos do projeto pedagógico se confundam com ele mesmo - por exemplo, que a pontualidade nas reuniões ganhe mais importância e gere mais discussões do que o próprio andamento desses encontros. Um processo democrático traz situações de divergência para dentro da escola: os atores têm diferentes compreensões sobre o que é de interesse coletivo. Por isso, é preciso estabelecer um ambiente de respeito para dialogar e chegar a pontos de acordo na comunidade. Outro ponto que gera problemas é a confusão com o Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE) - documento que guia municípios e instituições a desenvolver objetivos e estratégias para melhorar o acesso, a permanência e os índices de aprendizagem das crianças.


                                                                                                                                           Edneide Silva
   


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