terça-feira, 19 de agosto de 2014

RESENHA: A Violência na Escola: A Percepção dos Alunos e Professores/Aída Maria Monteiro Silvia


Estudos realizados por Rodrigues GUERREIRO (Colômbia) e João YUNES, destacados em artigo de Gilberto DIMENSTEIN (1996). A violência, para esses autores, é hoje uma questão mundial, pois afeta as grandes metrópoles, inclusive as dos países de Primeiro Mundo. É considerada "um problema de utilidade pública e usar apenas a repressão simplesmente não funciona. O germe da violência se propaga em proporções semelhantes às das doenças infecciosas". E o mais grave é que esta problemática não pode ser combatida com vacinas para que se obtenham resultados mais rápidos como nos casos das doenças. Estes pesquisadores, ao investigar as causas da violência, evidenciaram que são vários os fatores que a determinam: desemprego, renda, escolaridade, religião, cor, desestrutura familiar, entre outros. Esta compreensão sobre as causas da violência é também referendada por Marília SPOSITO (1994), ao enfatizar que são várias as explicações que têm sido utilizadas sobre o fenômeno da violência. Uma delas é calcada nas determinações sociais e econômicas.

Esta multiplicidade de fatores torna a problemática da violência muito mais difícil de ser combatida, uma vez que, por sua complexidade, requer definição e implementação de políticas públicas sociais nas áreas básicas destinadas ao atendimento de todos os cidadãos. Mas, no Brasil, ao que se tem assistido, além da ausência de políticas nesta direção, é a vivência de práticas sistemáticas de violência e de violação de direitos pelo próprio Estado, quando, por exemplo, este não garante aos cidadãos os direitos que lhes são assegurados, constitucionalmente, há várias décadas, como é o caso do direito à Educação, entre outros.

Em relação à Educação especificamente, a problemática da repetência e da evasão vem permeando o sistema escolar há várias décadas, numa demonstração de que o Estado, além de não ter garantido a universalização da Escola Pública para todos os cidadãos, também não tem conseguido garantir aos que nela ingressam a sua permanência com qualidade. Embora saibamos que as origens do fracasso escolar encontra explicação também no interior da escola, este interior é resultante do conjunto de determinações político-sociais, onde as definições e a vontade políticas têm maior peso. A não garantia pelo Estado do acesso à Escola Pública a todos desencadeia novas modalidades de exclusão social pelos mecanismos de seleção que o sistema educativo aplica. Esta seletividade se estabelece entre quem tem acesso à instituição escolar e os que são excluídos, estratificando e segmentando os cidadãos; dentro, os que sabem, os que têm cultura; e fora, os que não têm (SPÓSITO, 1994). Além disso, este processo de exclusão faz com que a maioria da juventude não tenha participação nem política, nem na produção econômica, social e cultural, por não ter acesso à educação básica, e daí o caminho do crime, muitas vezes, apresenta-se como um sucedâneo para a frustração social (Vicente BARRETO, 1996). Como visto no vídeo, onde o Juvelino foi “encontrado” por um traficante e assim conseguiu se impor frente a sociedade. Certamente, não da forma mais adequada, mas forma que lhe foi oferecida.

O que parece bastante grave, além da violência em si, é o fato de que as várias formas de violência, produzidas no cotidiano da sociedade, parecem não mais indignar a população brasileira. É como se ela fosse "aceita" por todos, a ponto de a população conviver com esta realidade sem maiores traumas, ou seja, a própria vida parece não ter maior significado, chegando a ser banalizada. Matar ou morrer não faz maior diferença. Tornou-se comum a indiferença instituída pela dor do outro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário