Estudos
realizados por Rodrigues GUERREIRO (Colômbia) e João YUNES, destacados em
artigo de Gilberto DIMENSTEIN (1996). A violência, para esses autores, é hoje
uma questão mundial, pois afeta as grandes metrópoles, inclusive as dos países
de Primeiro Mundo. É considerada "um problema de utilidade pública e usar
apenas a repressão simplesmente não funciona. O germe da violência se propaga
em proporções semelhantes às das doenças infecciosas". E o mais grave é
que esta problemática não pode ser combatida com vacinas para que se obtenham resultados
mais rápidos como nos casos das doenças. Estes pesquisadores, ao investigar as
causas da violência, evidenciaram que são vários os fatores que a determinam:
desemprego, renda, escolaridade, religião, cor, desestrutura familiar, entre
outros. Esta compreensão sobre as causas da violência é também referendada por Marília
SPOSITO (1994), ao enfatizar que são várias as explicações que têm sido
utilizadas sobre o fenômeno da violência. Uma delas é calcada nas determinações
sociais e econômicas.
Esta
multiplicidade de fatores torna a problemática da violência muito mais difícil
de ser combatida, uma vez que, por sua complexidade, requer definição e implementação
de políticas públicas sociais nas áreas básicas destinadas ao atendimento de
todos os cidadãos. Mas, no Brasil, ao que se tem assistido, além da ausência de
políticas nesta direção, é a vivência de práticas sistemáticas de violência e
de violação de direitos pelo próprio Estado, quando, por exemplo, este não
garante aos cidadãos os direitos que lhes são assegurados, constitucionalmente,
há várias décadas, como é o caso do direito à Educação, entre outros.
Em
relação à Educação especificamente, a problemática da repetência e da evasão
vem permeando o sistema escolar há várias décadas, numa demonstração de que o
Estado, além de não ter garantido a universalização da Escola Pública para
todos os cidadãos, também não tem conseguido garantir aos que nela ingressam a
sua permanência com qualidade. Embora saibamos que as origens do
fracasso escolar encontra explicação também no interior da escola, este
interior é resultante do conjunto de determinações político-sociais, onde as
definições e a vontade políticas têm maior peso. A não garantia pelo Estado do
acesso à Escola Pública a todos desencadeia novas modalidades de exclusão
social pelos mecanismos de seleção que o sistema educativo aplica. Esta
seletividade se estabelece entre quem tem acesso à instituição escolar e os que
são excluídos, estratificando e segmentando os cidadãos; dentro, os que
sabem, os que têm cultura; e fora, os que não têm (SPÓSITO, 1994). Além disso,
este processo de exclusão faz com que a maioria da juventude não tenha
participação nem política, nem na produção econômica, social e cultural, por
não ter acesso à educação básica, e daí o caminho do crime, muitas vezes, apresenta-se
como um sucedâneo para a frustração social (Vicente BARRETO, 1996). Como visto
no vídeo, onde o Juvelino foi “encontrado” por um traficante e assim conseguiu
se impor frente a sociedade. Certamente, não da forma mais adequada, mas forma
que lhe foi oferecida.
O
que parece bastante grave, além da violência em si, é o fato de que as várias
formas de violência, produzidas no cotidiano da sociedade, parecem não mais
indignar a população brasileira. É como se ela fosse "aceita" por
todos, a ponto de a população conviver com esta realidade sem maiores traumas,
ou seja, a própria vida parece não ter maior significado, chegando a ser banalizada.
Matar ou morrer não faz maior diferença. Tornou-se comum a indiferença
instituída pela dor do outro.
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