Dando sequência as nossas postagens, hoje iremos apresentar o resumo do terceiro capítulo "Glicose", do livro OS BOTÕES DE NAPOLEÃO: As 17 moléculas que mudaram a história. De forma similar ao que aconteceu com as especiarias, o açúcar foi outrora um luxo acessível somente aos ricos. Vastamente usado como condimento em molhos para carne e peixe, hoje nos pareceriam mais salgados do que doces. A molécula do açúcar alterou o destino de países e continentes à medida que levou à Revolução Industrial, transformando o comércio e as culturas em todo o mundo.
A glicose é um importante componente da sacarose, substância a que nos referimos quando falamos em açúcar. O açúcar tem nomes específicos e depende da sua fonte de obtenção, por exemplo, açúcar de cana, açúcar de beterraba e açúcar de milho. Apresenta-se também em muitas variações: mascavo, branco, cristal, de confeiteiro, em rama, demerara. A molécula de glicose, presente em todos esses tipos de açúcar, é bastante pequena. Tem apenas seis átomos de carbono, seis átomos de oxigênio e 12 átomos de hidrogênio: totalizando, o mesmo número de átomos encontrados na molécula responsável pelos sabores da noz-moscada e do cravo-da-índia, que são 24 átomos.
A razão de todos esses tipos de açúcares serem tão fascinantes é
seu gosto doce, que muito encanta ao ser humano. A doçura é um dos quatro sabores principais
identificados na boca. Os outros três são azedo, amargo e salgado, cada qual
com seu encanto. E alcançar a capacidade de distinguir entre esses sabores foi
um importante passo evolucionário. Entretanto é a doçura que geralmente remete
as pessoas a associação com “gostosura”.
Além do açúcar, existem muitos compostos doces e nem todos têm um
sabor agradável. Por exemplo, o etilenoglicol, que é o principal componente do
anticongelante usado em radiadores de automóvel. A solubilidade e flexibilidade
da molécula de etilenoglicol, bem como a distância que separa seus átomos de
oxigênio (semelhante à que existe entre os átomos de oxigênio nos açúcares),
explica seu sabor doce. Mas ele é muito venenoso. Uma colher de sopa pode ser
letal para seres humanos ou animais domésticos. Curiosamente, o agente tóxico
não é o próprio etilenoglicol, mas aquilo em que o corpo o transforma. A
oxidação do etilenoglicol por enzimas do corpo produz ácido oxálico.
Um composto cuja estrutura é semelhante ao etilenoglicol e também
tem um sabor doce é o glicerol, ou glicerina, mas o consumo de glicerina em
quantidades moderadas é seguro. A
expressão aditivo alimentar adquiriu uma conotação negativa nos últimos anos,
como se os aditivos alimentares fossem essencialmente não orgânicos,
prejudiciais à saúde e artificiais. O glicerol é certamente orgânico, não é
tóxico e ocorre naturalmente em produtos, como o vinho.
Não existe nenhum adoçante que seja completamente livre de
problemas. Alguns se decompõem com o aquecimento e por isso só podem ser usados
em refrescos ou comidas frias; alguns não são particularmente solúveis; e
outros têm um sabor adicional detectável além da doçura. O aspartame, embora
sintético, é composto de dois aminoácidos que ocorrem na natureza. É
metabolizado pelo corpo, mas, como é mais de 200 vezes mais doce que a glicose,
precisa-se de uma quantidade muito menor para produzir um nível satisfatório de
doçura. Os que sofrem de fenilcetonúria, doença hereditária que consiste na
incapacidade de metabolizar o aminoácido fenilalanina, um dos produtos da
decomposição do aspartame, são aconselhados a evitar esse adoçante artificial
em particular.
Em 1998, a Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos,
aprovou um novo adoçante que resulta de uma abordagem muito diferente do
problema de criar um adoçante artificial. A sucralose é, portanto, um açúcar
não calorífero. No entanto, atualmente tem-se procurado desenvolver adoçantes
naturais que não sejam açúcares a partir de plantas que contenham “adoçantes de
alta potência”. Compostos doces provenientes de fontes naturais mostraram
potencial para aplicação comercial, mas problemas com concentrações pequenas, toxicidade,
baixa solubilidade na água, ressaibo inaceitável, estabilidade e qualidade
variável ainda precisam ser superados.
Embora a sacarina tenha sido usada por mais de cem anos, ela não
foi a primeira substância a servir como adoçante artificial. Essa honra cabe
provavelmente ao acetato de chumbo, Pb(C2H3O2)2,
usado para adoçar o vinho nos tempos do Império Romano. O acetato de chumbo,
conhecido como açúcar de chumbo, era capaz de adoçar uma safra inteira sem
causar maior fermentação, o que teria ocorrido com a adição de adoçantes como o
mel. Os sais de chumbo são sabidamente doces, muitos insolúveis, mas todos são
venenosos. O envenenamento por chumbo é cumulativo; pode afetar o sistema nervoso
e o sistema reprodutivo, bem como outros órgãos.
O açúcar está presente em grande parte do que bebemos e em grande
parte do que comemos. Geralmente as pessoas preferem guloseimas açucaradas e
nós tendemos a oferecer comidas doces quando recebemos convidados. Iguarias
adocicadas e balas estão associadas aos principais dias santos e festividades
nas culturas do mundo inteiro. Os níveis atuais de consumo da molécula de glicose
e seus isômeros, muitas vezes são mais altos que em gerações anteriores, e refletem-se
em problemas de saúde como obesidade, diabetes e cáries dentárias. Em nossas
vidas cotidianas, continuamos a ser moldados pelo açúcar.
Esperamos que
vocês tenham gostado do resumo do terceiro capítulo do livro OS BOTÕES DE
NAPOLEÃO: As 17 moléculas que mudaram a história.
BOA LEITURA, e se possível FIQUEM EM CASA!!!