terça-feira, 19 de agosto de 2014

Niveis de ensino, desafios,avanços e contradições


NÍVEL DE ENSINO
DESAFIOS
AVANÇOS
CONTRADIÇÕES
Educação Infantil
- Enfrenta-se hoje o desafio de ampliar as políticas para a educação das crianças de zero a cinco anos, de refletir
sobre as diferentes formas de viver a infância (indígenas, quilombolas, ribeirinhas, urbanas, do campo, da
floresta) e de definir as bases curriculares nacionais para essa fase da vida escolar que passou a ser parte da
educação básica.
- Projetos pedagógicos específicos para essa etapa são necessários, bem como a redefinição do
trabalho docente para atuar em creches e pré-escolas, considerando as três funções indissociáveis da Educação
Infantil:
Função social
Função política
Função pedagógica
 
No ano de 2009, visa ndo a discussão dessa questão, elaborou-se um instrumento de autoavaliação intitulado “Indicadores de Qualidade da Educação Infantil”. O objetivo do documento foi traduzir e detalhar os parâmetros publicados em 2006 em indicadores operacionais, no sentido de oferecer às equipes de educadores e às comunidades atendidas pelas instituições de Educação Infantil um instrumento adicional de apoio ao seu trabalho. Essa iniciativa pretendeu contribuir com as instituições de Educação Infantil no sentido de encontrar seu próprio caminho na direção de práticas educativas que respeitem os direitos fundamentais das crianças e ajudem a construir uma sociedade mais democrática.
Dado que as características da faixa etária das crianças da Educação Infantil exigem conceber um outro tipo de estabelecimento educacional, é preciso também que a gestão da instituição se baseie numa revisão de conceitos sobre o que é a escola, a infância, o conhecimento e o currículo! O currículo na Educação Infantil é aquilo que se constrói no diálogo entre crianças, famílias e docentes e se manifesta em todas as interações do dia a dia. O documento, que objetiva pensar as práticas na Educação Infantil (MEC/SEB, 2009b), afirma que os campos de aprendizagem dessas crianças são as práticas sociais e as linguagens, expressos em inter-relação com o cotidiano. Nesse contexto, deve-se repensar o currículo compreendendo os elementos constituintes das práticas na Educação Infantil.
Ensino Fundamental
A ampliação do Ensino fundamental para nove anos. Seu objetivo é que todas as crianças de seis anos, sem distinção de classe, sejam matriculadas na escola. Contudo, inserir crianças de seis anos no ensino fundamental, evidentemente, não garante por si só uma aprendizagem de
maior qualidade. Isso depende, sobretudo, de um uso mais eficaz do tempo, baseado na organização qualitativa do trabalho pedagógico e dando atenção às características etárias, sociais e psicológicas das crianças.
Como assegurar a transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental? Essa passagem deve ocorrer da forma mais natural possível, não provocando nas crianças rupturas e impactos negativos no seu processo de
escolarização. Dessa maneira, as escolas que estiverem organizadas pela estrutura seriada não podem acrescentar mais uma série, com as características e a natureza daquela que era a primeira série. Os seus projetos político pedagógicos devem ser propostos no sentido de permitir a flexibilização dos tempos, a fim de contribuir para o desenvolvimento da criança, possibilitando-lhe, efetivamente, uma ampliação qualitativa do seu tempo na escola.
Trabalhar com as crianças de seis anos na escola envolve compreender o fato de que elas vivem numa sociedade
cuja cultura dominante é a letrada. Desde que nascem, as crianças constroem conhecimentos prévios sobre o sistema de representação e o significado da leitura e da escrita que se transformam em valorização social da
aquisição de habilidades de ler e escrever. No entanto, a entrada na escola para essas crianças não pode
representar uma ruptura completa com o estágio de vivência anterior, em casa ou na instituição de Educação
Infantil, mas é preciso ser uma continuidade das suas experiências anteriores para que sistematizem
gradualmente os conhecimentos sobre a língua escrita.
A escola deve elaborar estratégias de formação continuada dos professores que atuam no Ensino
Fundamental para que sejam encontradas novas ações pedagógicas, sendo indispensável o desenvolvimento de atitudes investigativas, de alternativas pedagógicas e metodológicas na busca de uma qualidade social da
educação.
Ensino Médio Integrado (EMIEP)
- Um grande desafio para o Ensino Médio continuou sendo a dualidade entre o propedêutico e o profissionalizante. A busca de um modelo unitário, que integrasse os conceitos de trabalho, ciência e cultura como conceitos que estruturam as finalidades do Ensino Médio e orientam a sua organização curricular e as práticas pedagógicas do seu processo formativo, mais uma vez foi adiada e depende ainda hoje de experiências que possibilitem tal
organização.
- Eixos da organização do currículo dos cursos de EMIEP: o trabalho, a ciência e a cultura. Esta organização curricular é em dúvida um dos grandes desafios educacionais para o Século XXI.
A mobilização dos educadores, no entanto, e uma maior sensibilidade governamental, permitiu um passo
importante para a superação da dualidade. A nova legislação indicou três formas de articulação entre a educação profissional técnica de nível médio e o ensino médio: a integrada, a concomitante e a subseqüente.
O EMIEP é um curso planejado que conduz, simultaneamente, a um diploma e a um certificado com base em uma
única matriz curricular, uma única matrícula por aluno, e uma carga horária que pretende assegurar o cumprimento das duas finalidades – formação geral e profissional. Para tanto, há convergência de objetivos do ensino médio e do ensino técnico, buscando-se uma sólida e atualizada formação científica, tecnológica, cultural e ética.
Programa Ensino Médio Inovado
No ano de 2009, o governo federal lançou um programa viabilizando outras inovações para o currículo do ensino médio, de forma articulada aos programas e ações já em desenvolvimento nos âmbitos federal e estadual. O programa possui “linhas de ação” que envolvem diversos aspectos que permeiam o contexto escolar, tais como: fortalecimento da gestão escolar e dos sistemas; melhoria das condições de trabalho docente e sua formação
inicial e continuada; apoio às práticas docentes; desenvolvimento do protagonismo juvenil e apoio ao aluno jovem e adulto trabalhador; infra-estrutura física e recursos pedagógicos; elaboração de pesquisas relativas ao ensino médio e à juventude, entre outros.
A proposta do Programa Ensino Médio Inovador tem como objetivo a melhoria da qualidade do ensino médio nas escolas públicas, buscando principalmente desenvolver nos alunos a promoção da capacidade de pensar, refletir, compreender e agir sobre as determinações da vida social e produtiva, articulando trabalho, ciência e cultura na perspectiva da emancipação humana, de forma igualitária a todos os cidadãos.
O programa propõe, além das orientações metodológicas estabelecidas no seu interior, percursos formativos organizados pelas unidades escolares envolvidas seguindo a legislação em vigor e as diretrizes curriculares dos Estados. Permite a ampliação da carga horária, além da mínima anual de oitocentas horas, distribuídas em duzentos dias letivos.
Deve então o currículo do ensino médio ser modificado? Devem ser acrescentados
componentes  técnicos no currículo do ensino médio?
Tais componentes podem existir, mas devem ser necessariamente desenvolvidos de forma integrada aos diversos conhecimentos. Por isso mesmo não é uma proposta fácil e precisa ser construída  processualmente pelos sistemas
e instituições de ensino, visando a práticas curriculares e pedagógicas que levem à formação plena do educando e possibilitem construções intelectuais.

Excelentíssimo Senhor Ministro da Educação, José Henrique Paim,


Fortaleza/CE, 11 de fevereiro de 2014

Excelentíssimo Senhor Ministro da Educação, José Henrique Paim,

É sabido que a educação pública brasileira está muito a quem de uma educação de excelência, existe muitos fatos que poderiam explicar essa atual conjuntura, dentre eles, poderíamos citar: a péssima estrutura das nossas escolas públicas, a falta de formação continuada, investimentos mal aplicados e as desvalorização do profissional da educação. Mas, contudo ressalto que apesar do acesso as tecnologias estarem ao alcance de nossas mãos, nossos professores não tem o tempo para estarem descobrindo e aprendendo a usar novas tecnologias, por serem obrigados a trabalhar três turnos para adquirirem um salário suficiente para uma vida razoável.Os novos paradigmas tecnológicos, com a informatização veloz e quase generalizada da sociedade já se encontram presente em todo o mundo e, mesmo em países como o Brasil, onde as desigualdades sociais e regionais são muito grandes, ele é determinante, principalmente em termos de mercado de trabalho nos grandes centros urbanos. Muitos países até mesmo como o nosso, vivem contradições profundas em seus sistemas sociais, pois ao mesmo tempo em que uns estão inseridos plenamente no mercado de trabalho em determinadas e específicas áreas, outros estão completamente imersos ao descaso e no esquecimento por parte dos dirigentes do nosso país. Obviamente quando analisamos o sistema educacional, a situação é categoricamente distinta. Esta separação entre o mundo das tecnologias da comunicação com o mundo da educação é muito amplo, induzindo-nos a pensar na quase existência de um empecilho. Está claro que necessitamos de muito mais do que simplesmente aperfeiçoar o sistema educacional. O momento exige uma intensa transformação estrutural deste sistema com maior articulação com os sistemas de informação e comunicação. Neste contexto de mutações, somos realmente obrigados a pensar e refletir mais sobre o nosso sistema educacional, ainda centrado em velhos paradigmas, muitas vezes destacando apenas a formação uma mão de obra sem qualificação. Passados muitos anos neste discurso e continuamos a perceber a necessidade de um olhar mais atento nesta direção elaborada sob forte crítica da comunidade, reforçando a necessidade de uma concreta formação dos profissionais da educação, como sendo fundamental para a transformação deste sistema. Não é mais admissível mais uma proposta dos dirigentes da nação ser esquecida, pois mais do que nunca a formação continuada dos formadores de mentalidade do país é essencial. O esquecimento nos faz pensar que a desqualificação dos profissionais da educação foi e é um dos mecanismos para manter-nos fracos e covardes formando outros cidadãos com os mesmo pensamentos.Entretanto, a transformação do sistema educacional do nosso país tem que passar antemão pela transformação do professor. Não podemos continuar pensando em formar professores com teorias pedagógicas que se superam a nossa realidade cotidiana, centradas em princípios incompatíveis com o nosso currículo, programas, materiais didáticos, incluindo as tecnologias como: softwares educacionais, vídeos educativos. Se continuarem adotando esta perspectiva é desconhecer completamente as transformações que estamos vivendo no mundo contemporâneo e os novos elementos que estão fazendo parte da realidade de nossos jovens e adolescentes. Compreender os novos processos de aquisição e construção do conhecimento é básico para tentarmos superar este impasse. Esta compreensão, por outro lado, empurra-nos necessariamente para considerar como fundamental a introdução das chamadas tecnologias da comunicação e informação nos processos de ensino-aprendizagem. Uma escola, conectada, interligada, integrada, articulada com o conjunto da rede, passa a ser mais um elemento vital deste processo coletivo de produção de conhecimento. Diante disso, esta passagem não corresponde apenas a um aperfeiçoamento do sistema educacional. Ela exige uma transformação profunda, impondo, conseqüentemente, a implantação de políticas educacionais coerentes com as transformações da sociedade como um todo e não simplesmente articulados com uma perspectiva de modernização do nosso sistema. Desde já conto com sua colaboração no sentido de priorizar projetos governamentais, aos movimentos que relacionam as políticas educacionais, culturais, científicas, tecnológicas e de comunicação.

Atenciosamente,

Edneide Silva.

 

 

RESENHA: Politicas Educacionais e Gestão Pedagógica/Vera Maria Vidal Peroni / Universidade Federal do Rio Grande do Sul


Politicas Educacionais e Gestão Pedagógica

Edneide Maria Ferreira da Silva

 

Texto:

Políticas públicas e gestão da educação

em tempos de redefinição do papel do Estado

Autora:

Vera Maria Vidal Peroni / Universidade Federal do Rio Grande do Sul


                O artigo tem como foco principal as políticas educacionais, sendo vistas em um dado momento do capitalismo, em que está ocorrendo redefinições no papel do Estado e onde os direitos à educação foram conquistados, mas há dificuldade para implementá-los.

Segundo, Evaldo Vieira (1997) em nosso país as políticas sociais, percorreram três momentos políticos no último século: “o primeiro período de controle da política (que corresponde à ditadura de Getúlio Vargas e ao populismo nacionalista); o segundo período de política do controle (da ditadura militar em 1964 até o final do período constituinte em 1988)” e o terceiro período, denominado, pelo autor, de “política social sem direitos sociais”, iniciou-se em 1988 e está em plena vigência. A política social que, por um lado, nunca havia recebido tanto acolhimento por parte de uma constituição no Brasil, como ocorreu na de 1988, por outro, simplesmente não viu esses direitos praticados e nem mesmo regulamentados (quando exigiam regulamentação). Ao entender que a política educacional é parte da redefinição do papel do Estado, não a entendemos com uma relação de determinação, mas como partes de um mesmo movimento deste período particular do capitalismo. Portanto, a primeira parte do texto trata das mudanças que ocorreram no contexto macro-social, ressaltando principalmente as influências da Teoria Neoliberal e da Terceira Via para a redefinição do papel do Estado no Brasil.

A segunda parte discute a atual função social da educação e a política educacional que, apesar de ter como objetivo o acesso de todos na escola, tenta induzir a qualidade através da avaliação institucional, ao invés de construir políticas educacionais que proporcionem a qualidade. Essa qualidade muitas vezes entendida como a lógica de mercado no público, impactando principalmente a gestão educacional. E o sistema público, impelido principalmente pelas avaliações, a buscar um padrão externo de qualidade, acaba procurando a parceria com instituições privadas, como é o caso do Instituto Ayrton Senna.

No Brasil, a atual política social é parte do projeto de reforma do Estado que tem, como diagnóstico aquele proposto pelo neoliberalismo, e partilhado pela Terceira Via, de que não é o capitalismo que está em crise, mas o Estado. A estratégia, portanto, é reformar o Estado e diminuir sua atuação para superar a crise. O mercado é que deverá superar as falhas do Estado, e assim a lógica do mercado deve prevalecer inclusive no Estado, para que ele possa ser mais eficiente e produtivo. O Terceiro Setor é a estratégia proposta pela Terceira Via, em substituição à proposta de privatização do Neoliberalismo. Com base em autores como Mészàros (2002), Antunes (1999) e Harvey (1989), há quem defenda a tese contrária de que a crise atual não se encontra no Estado, é uma crise estrutural do capital. As estratégias de superação da crise como o Neoliberalismo, a Globalização, a Reestruturação Produtiva e a Terceira Via é que estão redefinindo o papel do Estado.

Dessa forma, tendo como diagnóstico que a crise está no Estado, o governo Fernando Henrique Cardoso propôs em 1995 o Projeto de Reforma do Estado apresentado pelo MARE (Ministério da Administração e Reforma do Estado). De acordo com o documento, a

reforma do Estado deve ser entendida dentro do contexto da redefinição do papel do Estado, que deixa de ser o responsável direto pelo desenvolvimento econômico e social pela via da produção de bens e serviços, para fortalecer-se na função de promotor e regulador desse desenvolvimento (BRASIL, MARE,1995, p. 12).

O documento aponta, ainda, que o Estado gerou distorções e ineficiências ao tentar assumir funções diretas de execução, e, nesse sentido, “reformar o Estado significa transferir para o setor privado as atividades que podem ser controladas pelo mercado” (BRASIL, MARE, 1995, p.11). Portanto, o que aparentemente seria uma proposta de Estado mínimo, configura-se como realidade de Estado mínimo para as políticas sociais e de Estado máximo para o capital. (Peroni, 2003).

As estratégias de reforma do Estado no Brasil são: a privatização, a publicização e a terceirização. Terceirização, conforme Bresser Pereira, é o processo de transferência para o setor privado dos serviços auxiliares ou de apoio. A publicização consiste “na transferência para o setor público não-estatal dos serviços sociais e científicos que hoje o Estado presta” (PEREIRA, 1997, p. 7). Publicização, no Plano, significa “transformar uma organização estatal em uma organização de direito privado, pública, não-estatal” (PEREIRA, 1997, p. 8). As políticas sociais foram consideradas serviços não-exclusivos do Estado e, assim sendo, de propriedade pública não-estatal ou privada.

O papel do Estado para com as políticas sociais é alterado, pois com este diagnóstico duas são as prescrições: racionalizar recursos e esvaziar o poder das instituições, já que instituições democráticas são permeáveis às pressões e demandas da população, além de serem consideradas como improdutivas, pela lógica de mercado. Assim, a responsabilidade pela execução das políticas sociais deve ser repassada para a sociedade: para os neoliberais através da privatização (mercado), e para a Terceira Via pelo público não-estatal (sem fins lucrativos) (PERONI, 2006, p. 14).

Destaca-se, portanto, que o Plano de Reforma do Estado no Brasil teve influências do neoliberalismo, tanto no diagnóstico, de que a crise está no Estado, quanto na estratégia de privatização que é parte do Plano, mas também sofreu influências da Terceira Via, que é atual social-democracia e tanto o Presidente da época, quanto o Ministro da Reforma do Estado, Bresser Pereira, além de filiados ao Partido da Social-Democracia Brasileira (PSDB), eram intelectuais orgânicos da Terceira Via.

Neste redesenho, verificamos que o Estado se retira da execução e permanece com parte do financiamento (propriedade pública não-estatal), mas também, o que permanece sob a propriedade do Estado passa a ter a lógica de mercado na gestão (quase-mercado).(PERONI, 2007, p.16 )

Apesar do governo eleito em 2002 e reeleito em 2006 não ter filiação com a Terceira Via, como o anterior, não revogou o Plano Diretor da reforma do estado e tem assumido tanto as estratégias de público não estatal quanto do quase mercado.

Wood destaca que o conceito de democracia em uma sociedade sob a hegemonia do capitalismo não pode ser visto em abstrato, pois afinal: “É o capitalismo que torna possível uma forma de democracia em que a igualdade formal de direitos políticos tem efeito mínimo sobre as desigualdades ou sobre as relações de dominação e de exploração em outras esferas” (WOOD, 2003, p. 193).

Verifica-se, mais uma vez, a separação entre o econômico e o político e o esvaziamento da democracia. A correlação de forças sociais se perde neste enorme consenso onde sociedade civil e Banco Mundial parecem ter os mesmos interesses. Resta discutir: que sociedade civil? Como se todos tivessem os mesmos interesses em uma sociedade capitalista, onde as classes não foram superadas.

No Brasil, a formação do Estado nacional liberal conviveu com o escravismo e o latifúndio, o que em si é uma contradição, já que o capitalismo tem como base o trabalho assalariado e a produtividade. Enquanto em outros países da América Latina, a população lutou pela independência, pela República, no Brasil, apesar das reivindicações sociais, as mudanças ocorreram através de pactos pelo alto, possibilitando aos grupos mais conservadores permanecerem no poder.

O Estado nacional independente foi liberal apenas nas suas bases formais, pois, na prática, foi instrumento da dominação patrimonialista em nível político. Essa dificuldade de o Estado romper com o passado determinou o que Florestan Fernandes chamou de “Estado-amálgama”: “Por ser um amálgama, ele preencheu as funções mutuamente exclusivas e inconsistentes a que devia fazer face, entendendo a organização política e a ordem legal através e além do vazio histórico deixado pela economia colonial, pelo mandonismo e pela anomia social” (FERNANDES, 1976, p. 68).

Outra característica marcante da constituição do Estado brasileiro foi que as relações sociais de exploração, historicamente, deram-se via coerção violenta, mas também via “ideologia do favor” de forma dissimulada e manipuladora.

Essas marcas da história são parte constitutiva das relações políticas que ainda hoje se estabelecem no Brasil. Essa questão é fundamental ao analisar a política social como um direito em contraposição à ideologia do favor arraigados na nossa cultura política.

Os anos 1980 foram marcados por um processo de abertura política depois de um longo período de ditadura. Foi um momento de grande participação popular e de organização da sociedade na luta pelos seus direitos. Nesse contexto, os eixos principais dos movimentos sociais estavam vinculados à democracia, à gestão democrática do Estado, participação da comunidade, enfim, parte do movimento de luta por uma sociedade mais justa e igualitária e por direitos sociais.

Mas a construção da democracia encontrou enormes obstáculos. O Brasil viveu um processo de abertura pactuado com as forças da ditadura. E, quando estava avançando alguns passos na participação popular e na luta por direitos sociais, sofreu o impacto das estratégias do capital para superação de sua crise: neoliberalismo, globalização e reestruturação produtiva, que já estavam em curso no resto do mundo e vinham em sentido contrário a esse movimento.

O esvaziamento do conteúdo da democracia e a separação entre o econômico e o político são evidentes. Perdeu-se a discussão das políticas sociais como a materialização de direitos sociais.

As lutas e conquistas dos anos 1980, de direitos universais, deram lugar à naturalização do possível, isto é, se um Estado “em crise” não pode executar políticas, repassa para a sociedade civil, que vai focalizar nos mais pobres para evitar o caos social. O Estado apenas repassa parte do financiamento, e avalia. O Estado passa a ter o papel mais avaliador do que executor.

A questão passa a ser todos na escola com qualidade, mas que qualidade? Essa indagação remete ao debate acerca da função social da escola neste período particular do capitalismo, de tantas mudanças no contexto sócio político e econômico. O debate diz respeito ao acesso não apenas à vaga na escola, mas ao conhecimento. Vive-se em período de muita informação, com fácil acesso a notícias, via internet, TVs, jornais, mas para entendê-las é necessário ter acesso à linguagem específica de cada uma das áreas, aos conceitos; e ainda é preciso abstrair, relacionar, para entender e poder posicionar-se frente ao mundo.

A própria reestruturação produtiva exige um outro trabalhador, com capacidade de raciocinar, resolver problemas, trabalhar em equipe, dar respostas muito rápidas, como visto em relatórios como o SCAM 2000, que pensava como deveriam ser as escolas no ano 2000 nos EUA para dar respostas ao setor produtivo, ou o próprio relatório Delors (UNESCO). Quer dizer, a função social da escola é proposta por alguns organismos internacionais e pelo empresariado, que esperam que as escolas apenas respondam ao setor produtivo, um retorno à teoria do capital humano. Outros, como o Banco Mundial (1995), que evitem o caos social retirando as crianças das ruas. E para a sociedade, qual é a função social da escola? A resposta a esta pergunta dará pistas para responder à pergunta anterior sobre que qualidade. Sem fazer essas perguntas, acaba-se analisando separadamente as políticas educacionais atuais, como se tivessem um fim em si mesmas.

Nos itens seguintes, algumas políticas são apresentadas , relacionando-as ao contexto atual.

 

Avaliação Institucional

As políticas atuais têm a avaliação como indutora da qualidade, naquela perspectiva de que o Estado deve ser o avaliador, o coordenador e não mais o executor. Além disso, há também o conteúdo da avaliação, quer dizer, o que vai ser avaliado importa já que diz o que deverá ser ensinado, e remete à escola que se quer, e mais uma vez à função social da escola hoje.

Quanto à avaliação como indutora da qualidade, é uma total inversão ao objetivo proclamado das avaliações institucionais, que deveriam ser diagnósticas, dando elementos para a elaboração de políticas e, ao contrário, acaba por ser meritocrática, culpabilizando as escolas e mais especificamente os professores pelo sucesso ou fracasso escolar, como se o sistema público não fosse responsável pela rede de escolas e sua qualidade.

Quanto ao que vai ser avaliado, também tem uma relação direta com as redefinições do papel do Estado, já que está intimamente vinculado à reestruturação produtiva, na discussão sobre os standards ou o conteúdo da avaliação.

Outra questão importante de materialização das redefinições do papel dos Estado nas políticas de avaliação é a terceirização. Quem define o que será avaliado? Esta questão foi analisada no texto: Perspectivas da gestão democrática da Educação: avaliação institucional:

“O processo de avaliação se iniciou, em parte, por determinação dos organismos internacionais, que exigiam, nos seus projetos, a avaliação, mas também foi influenciado por discussões sobre a qualidade do sistema educacional, a democratização e a transparência na gestão; enfim, os eixos que caracterizamos como sendo inerentes aos anos 80. O próprio Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB), no início, construía sua matriz com base nas discussões com os estados, procedimento que foi interrompido com a terceirização, sendo que, a partir de 1995, passaram a ser entidades de fora do Estado que definiam a avaliação institucional, sem haver consultas ou debates com os setores envolvidos no processo. Verificamos assim que, mais uma vez, nos anos 90, os atores envolvidos no debate educacional foram silenciados. (PERONI, 2006b, p. 152)

Outra importante questão, quando se discuti avaliação institucional, é: afinal, o que é feito com os resultados? Luis Carlos Freitas, no Seminário organizado pela UNESP, USP e UNICAMP, questionava: as avaliações, os indicadores que o Brasil dispõem, já são suficientes para um ótimo diagnóstico da realidade educacional; a questão é o que é feito com os resultados. Diagnosticado o problema, quais são as políticas que estão sendo propostas para resolvê-los?

Educação para TODOS

Nos debates sobre a qualidade da educação, a principal questão é pensar em uma educação de qualidade para todos, o que é muito diferente de pensar em educação de qualidade para alguns. A escola historicamente não atendeu a todos, o direito à educação requer que se pense uma escola para os que historicamente estiveram fora.

Neste sentido, pensar a escola como no passado, quando não era para todos, pouco ou nada resolve, já que a grande questão atual é como incorporar os que estiveram fora e como a escola vai ser de qualidade para todos, já que ela foi pensada para aqueles que tiveram estabilidade social, econômica e possibilidades culturais. A escola para os sujeitos em vulnerabilidade social, com todos os seus problemas, passa a ser o grande desafio. Expulsar o aluno da escola é o que historicamente foi feito; assim, a questão é como não apenas ter acesso, mas permanecer e ter acesso ao conhecimento a que tem direito. Várias experiências no Brasil e no mundo têm trazido avanços nesta perspectiva, mas, na maioria dos casos, a educação de qualidade para TODOS ainda está muito distante.

Público- privado na educação

As redefinições do papel do Estado também restabelecem as fronteiras entre o público e o privado, principalmente através do público não estatal e do quase-mercado e o esvaziamento da democracia, como direitos, materializada em políticas sociais neste contexto.

Com o público não estatal a propriedade é redefinida, deixa de ser estatal e passa a ser pública de direito privado. Verificamos dois movimentos que concretizam a passagem da execução das políticas sociais para o público não estatal: ou através do público que passa a ser de direito privado ou o estado faz parcerias com instituições do Terceiro Setor para a execução das políticas sociais.

Com o quase mercado a propriedade permanece sendo estatal, mas a lógica de mercado é que orienta o setor público. Principalmente por acreditar que o mercado é mais eficiente e produtivo do que o Estado, como é a teoria neoliberal que embasa este pensamento.

Como afirma DALE são muitas as dimensões da relação público privado:

o que está envolvido não é tanto uma deslocação direta do público para o privado, mas um conjunto muito mais complexo de mudanças nos mecanismos institucionais através dos quais são regulados o que continuam a ser essencialmente sistemas educativos estatais. (DALE, 1994, p. 112)

O repasse de dinheiro público para o privado não é algo novo, mas que tem se transformado na própria política pública, principalmente nos casos em que o governo apenas repassa recursos para as ONGs, ou instituições privadas executarem as políticas sociais. O outro movimento a destacar é o conteúdo, isto é, a lógica privada no público, como ocorre, por exemplo, no Programa Rede Vencer do Instituto Ayrton Senna, que realiza parcerias com redes públicas de ensino e entre seus projetos está um que monitora através do Sistema Instituto Ayrton Senna de Informação (SIASI) determinando, assim onde a escola deve melhorar e influenciando na gestão e currículo escolares. Neste caso, as redes públicas não recebem investimentos do Instituto, ao contrário pagam por este monitoramento. É também o caso de outros Programas do Instituto, como as Classes de Aceleração e a Alfabetização, em que os municípios pagam pelos Kits, e o pior é que têm a proposta pronta passo a passo, determinando assim o currículo da escola pública. São dois questionamentos: o Instituto vive principalmente de dinheiro das empresas que deixam de pagar impostos e entrar nos 25% da educação e, além de perderem esse dinheiro, os municípios pagam o material, e ainda envolvem toda a rede de ensino público. Professores, coordenadores pedagógicos, diretores, quadros das secretarias de educação, todos, enfim, passam a definir suas atividades em função das determinações do Instituto, tanto na área de gestão, como na pedagógica, redefinindo assim o espaço público e sua autonomia. (PERONI, 2006a)

Outro exemplo na educação, foi o Programa Dinheiro Direto na Escola que instituiu a obrigatoriedade para o recebimento dos recursos da criação de Unidades Executoras, de direito privado nas escolas públicas.

Gestão democrática

Avançando nos estudos e pesquisas sobre a necessidade de entender a gestão democrática como processo de construção, o que implicaria em mudanças culturais profundas. Muito debatem sobre entendê-la não apenas como um meio, mas também como um fim, já que a participação em si é pedagógica e estratégica, pois só se pode participar, participando. No entanto, atualmente a gestão democrática, que inclusive é princípio constitucional, está, na prática, cada vez menos sendo construída. Muitas vezes, o termo soa como algo que ficou no passado, quando, na realidade, estava ainda dando seus primeiros passos, já que a gestão educacional historicamente teve grande influência do patrimonialismo, da burocracia, e como parâmetro o mercado. Assim, o novo, a ser construído, é a gestão democrática.

Muito a sociedade lutou para garantir a gestão democrática como princípio constitucional, mas implantá-la é um longo processo que requer diálogo e participação coletiva de todos os envolvidos: pais, alunos, professores, direção colegiada, enfim, a sociedade como um todo, já que os rumos da educação transcendem a um governo, são decisões de Estado, em todas as suas instâncias – escola, conselhos de educação, secretarias municipais e estaduais, Ministério da Educação.

A autonomia da escola, a eleição de diretores, o conselho escolar, são alguns pilares que materializam a gestão democrática, mas não são suficientes para mudar a histórica cultura autoritária. É necessário políticas que ampliem as possibilidades de democratização da educação. Pesquisas demonstram que não se analisa gestão democrática em abstrato. Os indicadores têm são: o direito à educação, isto é: ampliou-se o acesso, a permanência, o conhecimento? Melhorou o financiamento da educação? A valorização do magistério? Quer dizer, para analisarmos se um sistema educacional avançou na gestão democrática e na qualidade da educação, analisamos as políticas educacionais propostas, além dos índices quantitativos.

Enfim, a gestão educacional é outra política que mudou muito com as redefinições do papel do Estado, pois dado o diagnóstico neoliberal, partilhado pela Terceira Via, de que o culpado pela crise é o Estado, e o mercado é sinônimo de eficiência, toda a gestão pública passa a ter como referência a lógica empresarial.

Quer dizer que está mais uma vez vinculada à qualidade, mas aqui no caso, uma qualidade que tem como parâmetro o mercado. Volta a questão: que qualidade? Para quem? Executada por quem? Quer dizer quem é o responsável?

CONSIDERAÇÕES FINAIS

É importante ressaltar que o eixo das políticas educativas foi se redefinindo. No período de abertura política era centrado principalmente na democratização da escola, mediante a universalização do acesso, e a gestão democrática centrada na formação do cidadão. Atualmente ocorre a mudança dessa centralidade, passando-se a enfatizar a qualidade, entendida como produtividade. O eixo é a busca de maior eficiência e eficácia via controle de qualidade, da descentralização de responsabilidades, da terceirização de serviços e da autonomia da escola.

Os anos 1980 foram marcados por um processo de abertura política depois de um longo período de ditadura. Foi um momento de grande participação popular e de organização da sociedade na luta pelos seus direitos. Nesse contexto, os eixos principais dos movimentos sociais estavam vinculados à democracia, à gestão democrática do Estado, participação da comunidade, enfim, parte do movimento de luta por uma sociedade mais justa e igualitária e por direitos sociais.

Como parte deste movimento, houve avanços na luta pelo direito à educação, entendido não apenas como acesso à escola, mas ao conhecimento e a uma maior participação nas definições educacionais. A gestão democrática passa a ser parte integrante da luta por educação de qualidade. Mas a construção da democracia encontrou enormes obstáculos. O Brasil viveu um processo de abertura pactuado com as forças da ditadura. E, quando estava avançando alguns passos na participação popular e na luta por direitos sociais, sofreu o impacto das estratégias do capital para superação de sua crise: neoliberalismo, globalização e reestruturação produtiva, que já estavam em curso no resto do mundo e vinham em sentido contrário a esse movimento.(PERONI, 2007).

As lutas e conquistas dos anos 1980, de direitos universais, deram lugar à naturalização do possível, isto é, se um Estado “em crise” não deve executar políticas sociais, repassa para a sociedade civil, que vai focalizar nos mais pobres para evitar o caos social. O Estado apenas repassa parte do financiamento, e avalia.

E, essas redefinições do papel do Estado restabelecem as fronteiras entre o público e o privado, principalmente através do público não estatal e do quase-mercado e o esvaziamento da democracia, como direitos, materializada em políticas sociais.

No Brasil, não temos um histórico democrático e de participação efetiva da sociedade na luta por direitos sociais, materializados em políticas públicas. No período de abertura política, a sociedade começou a dar os primeiros passos nesse sentido. Mas, no resto do mundo, a democracia e a participação eram questionadas como as responsáveis pela crise do Estado, já que para atender às demandas dos grupos organizados o Estado teria investido em políticas sociais, gastado demais e gerado a crise fiscal e a inflação, a democracia passa a ser combatida não mais por uma ditadura, mas no plano político e ideológico, e com a ajuda dos meios de comunicação, passa-se a relacionar a luta por direitos como atos contra a nação. Os culpados pela crise seriam os funcionários públicos e o investimento nas políticas sociais. (PERONI, 2008).

Tem ainda a influência da Terceira Via, que não vê a democracia como inimiga, mas como instrumental à retirada do Estado das políticas sociais. Apela-se para a subjetividade das pessoas através da ajuda mútua, da solidariedade, da filantropia, enquanto o dinheiro público dos impostos é deslocado para a esfera financeira.

Assim, o processo democrático dá-se como parte da correlação de forças políticas. Portanto, a questão central não pode ser sociedade civil X Estado, pois assim está se deslocando o eixo central que é a correlação de forças por projetos de sociedade, para perpetuar a sociedade do capital ou superá-la. Assim como não acreditamos em sociedade civil em abstrato, também não é possível crer que apenas ficando na esfera do Estado o interesse público esteja garantido, pelo menos não em uma sociedade hegemonizada pelo capital. Os interesses de classes perpassam sociedade civil e Estado. Portanto, urge localizar o debate em um contexto próprio onde o Estado se retira das políticas sociais e repassa para a sociedade, ocorrendo perdas de direitos.

Mais especificamente na política educacional, ao mesmo tempo em que se avança na luta por uma educação para todos, o Estado passa de executor a apenas o avaliador e indutor da qualidade através da avaliação. A gestão democrática passa a dar lugar para a gestão empresarial, já que o mercado é parâmetro de qualidade.

A grande questão atual é a função social da escola neste período particular do capitalismo de tantas mudanças. O capital sabe muito bem que escola quer, e os que querem superá-lo, devem começar a ser mais propositivos depois de décadas na defensiva.

Carta a Excelentíssima Presidente da República, Dilma Rousseff


Meu nome é Edneide Silva, tenho 37 anos e, contrariando as minhas próprias expectativas com relação às pessoas com nomes incomuns, não sou rica, não possuo casa própria, pois ainda moro com minha Mãe e tenho um filho de 18 anos. Essa carta tem o propósito de aliviar a angústia que venho sentindo desde que comecei a perceber o mundo à minha volta e, já que Vossa Excelência é a autoridade máxima do país, eleita pela maioria dos eleitores,e novamente candidata no pleito desse ano,  achei por bem que seria Vossa Excelência a destinatária certa para esta mensagem. E, ao escrever, talvez eu seja capaz de amainar a tristeza que sinto quando olho para o estado em que meu país se encontra, principalmente no tocante à Educação. Ah, como pode, já ia esquecendo, não por vergonha, mas talvez pelo fato de ser a minha primeira carta endereçada a pessoa que ocupa cargo público de tanta responsabilidade, SOU PROFESSORA. Me formei no ano 2000, mas desde 1998 trabalho em escolas públicas e privadas. De lá pra cá muita coisa mudou, muita coisa mesmo, mas há de se convir que há ainda muito mais que se mudar e creia, deve ser pra melhor. Estou concluindo a terceira pós-graduação, mas somente a 3 anos e 10 meses consegui me efetivar na rede pública estadual de ensino do Estado do Ceará. Até então, trabalhei por contrato temporário tanto na Prefeitura de Fortaleza como no Estado. Um fato que seria curioso se não fosse catastrófico, foi que em 2 anos que passei como professora substituta de Ciências na Prefeitura, nunca consegui vaga para lecionar essa disciplina, tendo por isso que trabalhar com Literatura, Inglês e Matemática. Sempre que me dirigia a uma Secretaria Executiva Regional, a resposta era que não havia carência na área. O que me levou a concluir o tempo de contrato sem nunca ter ministrado nenhuma aula de Ciências. Outro fato que gostaria de mencionar é que estou prestes a concluir uma especialização em Coordenação Escolar, pela Universidade Aberta do Brasil em parceria com a Universidade Federal do Ceará, e que foi durante esse curso que muitos questionamentos surgiram sobre a atual situação educacional em nosso país.Sinceramente, não entendo muito de política, nem de economia, muito menos de como governar. A senhora, no entanto, provavelmente já estava na política antes mesmo de eu nascer. Por isso, como cidadã de um país que, apesar de velho, ainda engatinha, recorro à Vossa Excelência em algumas dúvidas que ninguém foi capaz de esclarecer até hoje. Talvez pela minha ignorância eu esteja equivocada e precise somente de explicações. Talvez não seja sua culpa, mas atualmente a senhora é a pessoa que me representa, e a todos os brasileiros. Desde os seus entes queridos, até os meus entes queridos, a senhora possui a grande responsabilidade de cuidar do nosso bem-estar.A responsabilidade de cuidar de quase 200 milhões de pessoas é muito maior do que, confesso, eu conseguiria carregar e, sinceramente, não sei de onde as pessoas obtêm forças para executar tarefa de tamanho peso. Porém, como brasileira, acredito que, por menos informada que seja a minha opinião, de acordo com algum grande livro – que talvez seja a Constituição ou o Código Civil, não sei – eu viva em um país democrático, onde todo cidadão tem o direito de ser ouvido, por mais humilde e desprovido de educação que seja.Como ser humano, como cidadão, como seu irmão, Vossa Excelência, observo que a maior parte de nossa população possui necessidades básicas negligenciadas. Na Constituição está determinado que todo cidadão tem direito à Educação de qualidade, mas não consigo visualizar essa Lei sendo fielmente cumprida. Ou serei eu quem não entende o significa EDUCAÇÃO DE QUALIDADE. A maior parte da população do nosso país precisa de um teto para morar embaixo, precisa de se alimentar, escovar os dentes depois de se alimentar, precisa de sapatos, roupas… remédios. Vossa Excelência também precisa dessas coisas, não? Tudo isso é responsabilidade de Vossa Excelência e de sua equipe, não é? Ressalto novamente que não sou cientista político e devo confessar que sempre deixei essa área da minha vida no piloto automático. Admito que isso é um pecado contra a democracia e que todos os brasileiros, por pior que sejam suas condições, devem se levantar da poltrona confortável do comodismo e começar a cobrar atitudes daqueles que pediram nossos votos e os conquistaram. Acredito, inclusive, que a maior parte dos meus conterrâneos não tem a menor ideia das prerrogativas dos seus colegas aí do governo e, por isso, acabam por ter violados direitos que nem sabem que possuem. Ora, eu também não conheço todos os meus direitos, mas acredito que eles foram redigidos com base naquelas necessidades básicas, às quais me referi há pouco.Minhas necessidades básicas se manifestaram antes mesmo de eu nascer, isso é óbvio, mas uma delas apareceu quando eu tinha três anos de idade: a escola. Percebi então que todo o resto servia para que eu obtivesse sucesso na escola. Afinal, sem teto, sem banho, sem roupas, sem calçado, sem me alimentar e sem escovar meus dentes, eu não teria o mesmo rendimento na sala de aula e teria dificuldades para aprender.Com essa pequena análise, concluí, que não havia nada mais importante do que a escola, já que sem ela não haveria a possibilidade de eu obter aquelas outras necessidades, uma vez que não sou de origem abastarda e assim não deverei herdar nenhuma herança. Não sei o quanto estou errada, ou o quanto estou certa, mas na sinceridade do meu coração, acredito até hoje nesta premissa: a educação é o que existe de mais importante para o sucesso do maior objetivo do ser humano, que é a busca pela felicidade.Pode ser muita ingenuidade minha, mas creio que a educação vem antes de toda e qualquer outra necessidade e deve estar sempre no topo da lista quando se fala em gastar dinheiro. Talvez se eu explicar como cheguei a essa conclusão, faça sentido para os mais entendidos e eles possam me esclarecer. Se todas as minhas necessidades básicas servem para que eu vá bem na escola, é porque tem alguma coisa lá que vale a pena ficar sentada em uma cadeira ergonométricamente desfavorável por um longo tempo – com um tempo mínimo de intevalo, pra descansar, comer um salgadinho ou correr. Deve ter algo que eu possa aprender e contar com entusiasmo para os meus pais. Sem escola, a criança não tem condições de chegar à vida adulta com chances de entrar em uma universidade pública, para se tornar um profissional alguns anos depois, muito embora hoje saibamos das diversas oportunidades que o seu governo tem oferecido aos menos favorecidos. Contudo, aí nessa frase me surge outro questionamento, porque oferecer de forma diferenciada oportunidade para alguns se o vosso governo prima pela igualdade???? Bem, mas não é esse o ponto central. Continuando.....E qual é o profissional que ensina às crianças? Pelo o que ainda sei, é o professor. Portanto, Vossa Excelência, na opinião desta cidadã, preocupada com seu próprio futuro, o professor deve ser o foco de seu governo. De todos os governos, hoje e sempre. Deveria ser lei, muito embora não fosse garantiade cumprimento. O professor universitário vai capacitar o professor do ensino fundamental e médio. O professor universitário vai transformar o garoto em engenheiro. O professor universitário vai ensinar aquele aluno timido a ser um neurocirurgião pioneiro… E talvez um dia, o professor universitário possa vir a formar políticos que trabalhem para nós, não para si mesmos. Sendo assim, Vossa Excelência, eu acredito que, para que a linda promessa do slogan de seu governo – “País rico é um país sem pobreza” – seja verdadeira, Vossa Excelência deve olhar com muito carinho ao que está acontecendo com os professores que estão sob sua responsabilidade. Precisamos ser ouvidos, pois estamos na linha de frente, independente do nível, somos os atuais soldados na luta para que a educação brasileira saia do abandono em que se encontra. O salário do professor é o que merece ser o mais alto, pois ele passa a vida estudando em prol da educação. O político, no entanto, pode ter diversas origens e nenhuma delas incluir formação superior, mas seu salário é o maior. Esta cidadã acredita que o salário do político deveria ser o menor, não o maior. É este o pedido que faço nesta carta: por favor, nós professores pedimos socorro. Ouça-nos. É necessário que haja uma reorganização do sistema educacional brasileiro e URGENTE. Aqui, quero deixar claro que não é apenas o salário, mas a valorização da classe de professores se faz necessário, pois os cursos de licenciatura estão cada vez mais vazios.

Adaptado: http://cartadilmarousseff.wordpress.com/

Manifestação da SBQ em resposta à coluna de Denise Fraga da Folha de São Paulo

Acesso: 19/08/2014 as 09:15h


A Sociedade Brasileira de Química (SBQ), por meio de sua Diretoria e Conselho, manifesta-se em resposta à coluna de Denise Fraga, da Folha de São Paulo, do dia 3/8/2014, intitulada "Química, pra que te quero?", com o objetivo de esclarecer os leitores da Folha e contribuir, como sempre tem feito, para melhorar a educação no Brasil.

Como ponto central está o porquê de se ensinar Química nas escolas. Estudantes devem ser introduzidos às Ciências, como a Química, e ao método científico o mais cedo possível. Isso lhes dá uma compreensão de fatos fundamentais para se tornarem cidadãos capazes de compreenderem o mundo ao seu redor. A Química não interessa apenas aos que amam esta Ciência: ela nos acompanha em cada momento e lugar de nossas vidas, desde o nascer até o pôr do sol, desde o sabonete e a pasta de dentes até as roupas, o analgésico e o automóvel. Crianças e adolescentes aprendem Química para se tornarem cidadãos capazes de tomarem decisões informadas. Eliminar o ensino de Química os torna presas fáceis de exploradores de todos os tipos, o que infelizmente presenciamos a cada dia no comportamento dos que decidiram ignorar as ciências.

O texto de Denise Fraga tem uma única virtude, que é ilustrar (mais uma vez) a péssima qualidade do ensino no Brasil, principalmente nas escolas públicas, tão carentes de infraestrutura e de professores mais bem preparados para a arte de ensinar.

A Sociedade Brasileira de Química tem trabalhado incansavelmente, desde a sua fundação, em 1977, para o desenvolvimento e fortalecimento da Química em todos os seus aspectos. Em um episódio recente, tivemos mais de um milhão de jovens brasileiros participando de um experimento sobre a qualidade da água dos rios e mananciais, com manifestações emocionantes de estudantes e de professores aplicados. Temos uma revista para professores e um site com materiais para estudantes e professores, com centenas de milhares de acessos a cada ano. Infelizmente, ainda é muito menos que o necessário mas contamos que esta coluna de Denise Fraga contribuirá para que cada vez mais pessoas se empenhem pelo ensino e aprendizagem da Química, para o bem de todos.

Adriano Andricopulo
Presidente da SBQ

Alguns posicionamentos sobre o que disse a atriz Denise Fraga.....

Acesso: 19/08/2014 as 09:10h
 
Denise Fraga, eliminar a Química do currículo é mesmo a solução? Não seria precipitado?*
A atriz da Rede Globo de Televisão Denise Rodrigues Fraga Villaça escreveu um artigo na Folha de São Paulo reclamando do conteudismo escolar pegando a Química pra cristo (e sobrando até pra biologia): [cuidado, paywall poroso!] "Química, pra que te quero?".

Arrisquei-me a discutir algo similar (com conclusão virtualmente oposta), mas em um contexto de educação *informal*, não na escola. Não me sinto muito confortável discutindo políticas educacionais. Não tenho formação na área, não cursei a Escola de Teatro Martins Pena.

Assim, não irei discutir tanto sobre como a educação deve ser e o que deve ser ensinado, quanto apontar inconsistências nas críticas da atriz e convidar para um outro olhar.

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No primeiro parágrafo a atriz faz a provocação: "Que me perdoem os químicos, mas alguém poderia me dizer por que ainda se estuda química nas escolas?" Curiosamente, ela mesmo
a dá uma resposta logo em seguida: "É uma linda ciência e concordo que deveríamos ter ao menos um ano de estudo da matéria para entender a composição das coisas que juntas e inter-relacionadas compõem o Universo."

A bem dizer, a Física dos Elétrons de Valência - aka Química - trata só da matéria comum: átomos formados por um núcleo de prótons e nêutrons orbitados por elétrons ou na forma de plasma - que compõe menos de 5% do Universo (uns 70% são formados por energia escura e uns 25% por matéria escura). Mas no nosso dia a dia está ostensiva e fundamentalmente presente. Dá mesmo para abrir mão disso? Quando há campanhas contra aditivos químicos nos alimentos vamos confiar apenas no que nos dizem ou usaremos nossos instintos para saber quem tem ou não razão? E sobre o uso e controle de agrotóxicos? Medidas de combate à poluição atmosférica, das águas e do solo? A sua resposta é: "O acesso à informação anda no nosso bolso a um clique de nossos dedos e mesmo assim precisamos decorar os nomes do aparelho reprodutor dos platelmintos?/Podemos saber de tudo navegando por aí. Tanto pra aprender! E quem nos ensina a escolher o que queremos saber?". Bem, há mais de um aspecto que precisamos levar em conta:

1) Por enquanto, pouco mais de 100 milhões de pessoas têm acesso à internet. Cerca de metade dos brasileiros *não* tem acesso à informação "a um clique".
2) É preciso ter uma certa habilidade para pesquisar na internet: saber os termos para pesquisar e filtrar os resultados. Seria interessante que se ensinasse a nossos filhos nas escolas, ao menos assim me parece. Mas isso substitui as aulas de química e de biologia? Como pesquisar sobre aparelho reprodutor de platelmintos se você não sabe o que significa "aparelho reprodutor" e nem sabe que platelmintos existem? A pesquisa tende a se tornar ineficiente e há grandes os riscos de ir parar em uma página pouco confiável.
3) Talvez a maturidade a respeito da escolha do que queremos saber passe por ter um bom conhecimento básico e que seja amplamente partilhado. Algum aluno pode se interessar por saber mais como a pesquisa por melhores corantes de tecidos levou ao desenvolvimento da indústria da química fina, que, entre outras coisas, permitiu o desenvolvimento de novos medicamentos. Mas como ele iria saber que se interessa por isso sem nem saber sobre química? Como teremos alunos inclinados a serem químicos, bioquímicos, engenheiros químicos, petroquímicos, técnicos diversos (como aqueles essenciais que fazem testes de segurança de um sem número de compostos que você e todo mundo usa: de cosméticos a alimentos e medicamentos -?) sem que eles saibam o que é química?
4) Decorar o nome do aparelho reprodutor dos platelmintos - que, por acaso, tem o mesmo nome do nosso: "aparelho reprodutor" (sim, alguns órgãos têm nomes diferentes como o "poro genital"; outros, como "testículo", o mesmo) - é menos importante do que entender a diversidade de modos reprodutivos entre os seres vivos e como os padrões de similaridades e diferenças nos unem a todos. Sério, Denise Fraga, não faz sua cabeça explodir saber que somos relacionados por *parentesco* aos platelmintos? Saber que temos um ancestral em comum remoto com eles e outros ancestrais em comum - mais recentes ou mais antigos - com todos os demais seres vivos conhecidos até o momento? Saber que a despeito de tantas diferenças na aparência, platelmintos e nós, somos formados essencialmente do mesmo modo: a partir da fusão de células reprodutoras e posterior divisão celular e diferenciação das células resultantes?

Para a atriz, ensinar um jogo seria mais negócio: "Mas por que não optar por xadrez, por exemplo? Você já viu alguém jogar cadeias de carbono e hidrogênio com um amigo numa tarde chuvosa? Imagina que maravilha seria se todos nós fôssemos potenciais jogadores de xadrez formados pela escola?". Novamente, vários aspectos:

1) Há escolas que ensinam xadrez e outros jogos de tabuleiro e salão, além de práticas desportivas diversas (e até artes dramáticas). Mas não fazem isso *no lugar* da química. São atividades distintas, não concorrentes.
2) Imagina, então, se todos fôssemos pessoas que entendessem bem de química? Uma porção de dinheiro seria economizada fugindo-se de bobagens pseudocientíficas como homeopatia - com o bônus de melhora em nossa saúde. Não cometeríamos imprudências várias: como queimar a mão no gesso, ingerir metanol, cozinhar com ascarel, deixar de vacinar por causa do esqualeno, misturar água sanitária com amoníaco, provocar incêndio por largar pano com linhaça, etc., etc., etc.
3) Resistirei à tentação de maldar com a imagem de dois amigos lançando moléculas hidrocarbônicas um no outro (de compostos psicoativos a secreções biológicas); mas há vários jogos baseados na química - eu adorava os kits de químico mirim ou, em vez de decorar a tabela periódica, pode-se jogar com ela.

Provavelmente há necessidade na revisão da abordagem, já que nem você, nem seus filhos aprenderam adequadamente - não que eu saiba tudo o que se deva saber sobre química. Mas será que essa revisão é a simples eliminação da disciplina ou sua drástica redução a apenas um ano durante todos os 12 anos do ensino básico? Não poderia justamente ser uma melhora na ênfase da relevância do conhecimento químico? Da aproximação de tais conhecimentos com o nosso dia a dia? (Não são nenhuma abordagem revolucionária e estão presentes como parâmetros curriculares nacionais desde meados da década de 1990. Talvez o problema seja de sua efetiva implementação.)

*Uma das vantagens de ter uma cultura mínima em Química é entender a piada do título.

PRA QUÊ SERVE A QUÍMICA???? Minimamente para que eu não seja uma ignorante!

Essa poderia ser uma boa resposta a atriz Denise Fraga, quando no último dia 03 escreveu em sua coluna na Folha de São Paulo sobre seu anseio por eliminar a referida disciplina do currículo escolar. Não bastasse o repúdio que os alunos naturalmente desenvolvem pelas Ciências, ainda nos surge alguém com um conhecimento restrito sobre a importância de se conhecer mesmo minimamente, o que nota-se não ser o caso da citada personalidade, para ofuscar o trabalho que muitos profissionais vêm desenvolvendo nos últimos anos para a melhoria do ensino e aprendizado em Química, especificamente. Contudo, muito sabiamente e de forma bastante esclarecedora, certamente para que pudesse ser compreendida por todos, até mesmo por aqueles que ao longo de sua vivência escolar tiveram dificuldade de compreender a aplicabilidade dos conhecimentos químicos, o Presidente da ABQ, Sr. Adriano Andricopulo, posiciona-se publicamente em defesa da Ciência/Química, bem como dos profissionais da área, que não brincam quando estão em laboratórios desenvolvendo pesquisas para descobrir ou mesmo aprimorar medicamentos e/ou tratamentos de saúde.
 
Prof.ª Edneide Silva
Ma. em Ensino de Química

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

PERSPECTIVAS PARA 2014......ALGO VAI MUDAR?

Nesse 01/01/2014, muitas pessoas creem que a vida irá amanhecer de outra forma, como em um passe de mágica. Será? Será que apenas o fato de grandes comemorações, falsos pedidos de desculpa a quem se passou o ano massacrando são suficientes para transformar o cenário político e social de forma instantânea? Não seria necessário haver maior empenho de cada um de nás para se reverter um pouco esse cenário? Talvez você se questione: MAS COMO? MINHA PARTE EU JÁ FAÇO. COLABORO COM A IGREJA, AJUDO AOS MAIS NECESSITADOS, SE PARO NO SEMÁFORO SEMPRE CONTRIBUO COM AQUELES MAIS CARENTES,......BLÁ, BLÁ, BLA. Eu aqui vos digo que nada disso é necessário e mesmo, faz alguma diferença ao contrario do se possa imaginar. Vos afirmo que uma boa saída seria aproveitar o ponta pé inicial dado em outubro último com as manifestações populares por todo o país. Que tal se ainda no embalo do momento a população se manifestasse nas urnas, aproveitando o ano eleitoral que se inicia? O que podemos permitir é que o esquecimento que tanto caracteriza nossa nação reine e que nas urnas eleitorais nos prostituamos pela troca de falsas promessas tão batidas: MELHORA DA SAÚDE, EDUCAÇÃO, CONCURSOS PÚBLICOS.......todas essas mentiras que fazem parte do repertório desses que enveredam pela carreira política pelo simples fato de encontrar nela a possibilidade de enriquecer de forma rápida e farta. Aqui fica a minha torcida para que mesmo uma pequena parcela da população brasileira faça a diferença na hora de votar, pois essa é a melhor forma de expressarmos toda a nossa indignação e até mesmo alertar àqueles que até então acreditavam que os absurdos políticos, fiscais e por que não dizer sociais, cometidos ficariam para sempre restritos em pequenos grupos e portanto permaneceriam na impunidade. FELIZ 2014 E QUE AO FINAL POSSAMOS CONTABILIZAR UM MENOR NÚMERO DE ESCÂNDALOS, NÃO PELO FATO DA OMISSÃO, MAS PELA INEXISTÊNCIA DE TANTA CORRUPÇÃO EM NOSSO PAÍS.