segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO NA ESCOLA A PARIR DAS AÇÕES DO COORDENADOR PEDAGÓGICO VISANDO UMA GESTÃO DEMOCRÁTICA



Organização do trabalho na escola a partir das ações do coordenador pedagógico visando uma gestão democrática

INTRODUÇÃO
          O texto parte do entendimento de que os sistemas de ensino existem como instrumentos que garantem a continuidade da ação educativa sistematizada e de que, por isso, todas as suas ações têm como meta possibilitar que as escolas cumpram suas finalidades, além de intencionar construir um novo fazer da ação pedagógica e formar no aluno em um “novo cidadão”.
          Partindo dessa ideia, inicialmente foi proposta a leitura do texto pelo grupo de professores durante a realização do planejamento pedagógico, seguido de pausas para a discussão do que estava sendo lido e como os presentes percebiam as colocações da autora. Um ponto muito discutido foi o entendimento que se tem de "novo cidadão" e como a Escola se coloca frente a exigência de formá-lo. Seguindo o corpo do texto trabalhado, seguiram-se as discussões sobre a organização do trabalho no interior da escola, tais como o projeto político-pedagógico, o trabalho coletivo, o conhecimento e as competências pedagógicas. Além-claro de se abordar as dificuldades e os entraves que devem ser considerados.
          De acordo com o que se apresenta no texto, os presentes concordam com a ideia de que formar o novo cidadão (o cidadão necessário) no aluno significa formá-lo com capacidade para ter uma inserção social crítica/transformadora na sociedade em que vive. Ou seja, a sociedade civilizada, fruto e obra do trabalho humano, cujo elevado progresso evidencia as riquezas que a condição humana pode desfrutar, revela-se também uma sociedade contraditória, em que grande parte dos seres humanos está à margem dessa riqueza, dos benefícios do progresso, da humanização, enfim. Assim, educar na Escola significa ao mesmo tempo preparar as crianças e os jovens para se elevarem ao nível da civilização atual - da sua riqueza e dos seus problemas - para aí atuarem. Isto requer uma preparação científica, técnica e social. Por isso, a finalidade da Escola é possibilitar que os alunos adquiram os conhecimentos da ciência e da tecnologia, desenvolvam as habilidades para operá-los, revê-los, transformá-los e redirecioná-los em sociedade e as atitudes sociais - cooperação, solidariedade, ética -, tendo sempre como horizonte colocar os avanços da civilização a serviço da humanização da sociedade.
          Sem sombra de dúvidas que essa é uma tarefa ampla, complexa e nova, que requer que as escolas, os sistemas de ensino se direcionem, se organizem, se equipem para isso; revejam sua organização e se organizem de um modo novo. Esse novo precisa ser construído a partir do já existente, pelos atores da Educação - os profissionais, os alunos, as famílias. Para chegar à explicitação da nova organização é necessário que a Escola traduza para si, especifique e detalhe os avanços e os problemas da civilização atual - a riqueza e a miséria: a fome, a falta de moradia, de trabalho, a violência, a acumulação, a barbárie etc.
          De acordo com a leitura do texto e as questões nele apresentadas, o grupo também deu suas contribuições. Algumas perguntas tiveram respostas similares ao que propõem a autora em sua pesquisa.
PRINCIPAIS DEBATES TEÓRICOS SOBRE A TEMÁTICA
          Quais desafios a problemática da civilização coloca para a Escola, a fim de que esta forme o novo cidadão?
          Como a Escola vai traduzir no seu e pelo seu trabalho essa problemática?          
          Considerando também que estas são as questões fundamentais da nova organização do trabalho na Escola, observa-se que não são privilegio de uma ou outra instituição, mas que as escolas, partícipes da mesma problemática civilizatória, não são, entretanto, iguais. Por isso, não se deve tratar de forma geral as atividades que tem por finalidade organizar o trabalho escolar, haja visto a necessidade de se considerar as peculiaridades de cada local. É importante não procurar chegar-se a um modelo universal. Isto não dá conta dos novos problemas atuais. No entanto, a história recente também nos mostra que é possível definirem-se alguns princípios norteadores para essa organização nova, sendo eles: o projeto político-pedagógico, o trabalho coletivo e o conhecimento da ciência pedagógica.
O Projeto Político-Pedagógico
O projeto político-pedagógico resulta da construção coletiva dos atores da Educação Escolar. Ele é a tradução que a Escola faz de suas finalidades, a partir das necessidades que lhe estão colocadas, com o pessoal - professores/alunos/equipe pedagógica/pais - e com os recursos de que dispõe.
Esses elementos todos são mutáveis, modificam-se de ano para ano, no mesmo ano; de Escola para Escola, na mesma Escola. Por isso, o projeto não está pronto, mas em construção. Nele, a equipe vai depurando, explicitando, detalhando a inserção dessa Escola na transformação social. O projeto político-pedagógico ganha consistência e solidez à medida que vai captando sistematicamente a realidade na qual se insere. Daí ser a realização contínua de diagnósticos dessa realidade um instrumental importantíssimo nessa construção. Diagnóstico aberto, que não se cristaliza e que não se encerra na constatação da realidade, mas que a lê e a Interpreta - o que supõe conhecimento/posicionamento teórico/prático da equipe.
O Trabalho Coletivo
          O resultado almejado pela Escola - contribuir para o processo de humanização do aluno-cidadão consciente de si no mundo, capaz de ler e interpretar o mundo no qual está e nele inserir-se criticamente para transformá-lo - não é alcançado pelo trabalho parcelado e fragmentado da equipe escolar - à semelhança da produção de um carro, onde um grupo de operários aperta, cada um, um parafuso, sempre da mesma maneira, conforme o que foi concluído fora da linha de montagem -, mas sim com o trabalho coletivo. Neste há a contribuição de todos no todo e de todos no de cada um. A especialização de um não é somada à especialização de outro, mas ela colabora com e se nutre da especialização do outro, visando a e por causa de finalidades comuns.
          O trabalho coletivo tem sido apontado por pesquisadores e estudiosos como o caminho mais profícuo para o alcance das novas finalidades da Educação Escolar, porque a natureza do trabalho na Escola - que é a produção do humano - é diferente da natureza do trabalho em geral na produção de outros produtos.
          No entanto, reconhece-se, de um lado, que o trabalho coletivo não é tarefa simples, uma vez que a Humanidade, durante séculos e séculos em sua história, acostumou-se a formas de vida individualistas. De outro lado, o coletivo carrega uma contradição que precisa ser explorada. Forjada no modo de produção capitalista, a cooperação - inerente ao coletivo - é, conforme HYPOLITO (1991, p. 18), fundamental para que o trabalho da Escola se realize de acordo com os objetivos "(...) mas esta realidade é contraditória, pois se a cooperação pode ser um fator de estabilidade para o poder, ao mesmo tempo a reunião dos trabalhadores coletivos possibilita uma unidade de interesses e favorece formas de resistência à dominação".
Complexidade da Organização Escolar
          A(s) escola(s) é(são) múltipla(s), conjuntos, sistemas - o que requer competências administrativas para traduzir essa complexidade dos sistemas em benefício ao atendimento da finalidade que a Escola tem. Contudo, a Escola em si é complexa. A finalidade que busca não é simples de ser conseguida. Precisa da contribuição de vários profissionais especializados - professores/equipepedagógica/direção/coordenação/orientação/equipe de apoio. A organização da Escola é competência de todos - dentro e fora da sala de aula.
          A sala de aula é determinada pelo que a circunda para além de suas paredes - e, em certa medida, interfere para além de suas paredes. Como é durante a aula que se dá a essência da Educação Escolar, é para ela que devem convergir as várias competências dos profissionais da Escola - o que não significa que todos atuarão na sala de aula!; o que não significa, também, que nela só atuam os professores; o que não significa, também, que os professores só atuam ali; nem que as equipes pedagógicas e de apoio só atuam fora dali; nem que aí só elas atuam. Enfim, a organização da Escola é coletiva - requer o concurso de especialistas que atuem coletivamente. Entendendo, ainda, que o coletivo não significa "todos fazerem a mesma coisa", é possível identificar competências específicas da equipe pedagógica: a administração e a coordenação pedagógica de curso, período, turmas, áreas, projetos etc. É interessante observar que, colocadas nesta sequencia, as tarefas de coordenação evidenciam a possibilidade de algumas delas serem desempenhadas por pedagogos - coordenação de curso, de períodos - e outras por professores - coordenação de turmas, período, áreas. Já a coordenação de projetos não é possível ser estabelecida a priori; ela depende do projeto. Entendendo, ainda, que os conhecimentos pedagógicos têm sido desenvolvidos explícita,intencional e sistematicamente nos cursos de Pedagogia que formam pedagogos, a presença destes na Escola é imprescindível como forma de trazer os conhecimentos pedagógicos necessários para a Escola. Seja nas tarefas de administração - entendida como organização racional do processo de ensino e garantia da perpetuação deste nos sistemas, de forma a consolidar um projeto político-pedagógico de Educação Escolar -, seja nas tarefas que colaborem com os professores no ato de ensinar de modo que os alunos aprendam.
Traduzindo as Competências da Equipe Pedagógica
          Retornando às finalidades da Educação Escolar, explicitadas no item Finalidade da Educação Escolar - O "Novo Cidadão", vamos dizer que o eixo central articulador do trabalho coletivo da equipe escolar é traduzir os conhecimentos, as habilidades e as atividades necessários à formação do novo cidadão. Portanto, a consecução do projeto político-pedagógico precisa ser planejada, organizada, explicitando-se contínua e sistematicamente o quê - os conteúdos do trabalho escolar -, o porquê - a quais necessidades se articulam -, como fazer - projetos, cursos etc. -, quem faz - as responsabilidades, as competências -, quando, como etc. É trabalho para muitos. Algumas tarefas pelas quais a equipe pedagógica pode ser responsabilizada:
- coordenar e subsidiar a elaboração dos diagnósticos da realidade escolar nos vários níveis;
- coordenar e subsidiar a elaboração, execução e avaliação do planejamento: plano da Escola; planos de cursos, de turmas, de ensino etc.;
- incentivar e prover condições para a elaboração de projetos de alfabetização, leitura, visitas, estudo de apoio, orientação profissional, saúde e higiene, informática, ética etc.;
- compor turmas e horários, com critérios que favoreçam o ensino e a aprendizagem;
- capacitar em serviço;
- fornecer assistência didático-pedagógica constante;
- assegurar horários para reuniões coletivas, planejá-las, coordená-las, avaliá-las etc.;
- definir claramente, quanto às reuniões com pais, em que a presença destes é
importante na construção do projeto político-pedagógico, traduzindo essa participação;
- promover a articulação orgânica das disciplinas;
- acompanhar o rendimento escolar dos alunos;
- prever formas de suprir possível defasagem no rendimento escolar do aluno;
- propiciar trabalho conjunto por áreas, por séries etc., para analisar, discutir, estudar,
- atualizar, aperfeiçoar as questões pertinentes às áreas, às séries e ao processo ensino-aprendizagem;
- promover a integração de professores novos na Escola;
- pesquisar causas de evasão, repetência e outras.
           
Dificuldades e Entraves
          Sem pretender esgotá-las, é possível apontar algumas dificuldades para a acentuação coletiva do projeto político-pedagógico da Escola. Identificar as dificuldades não significa parar nelas, mas mapeá-las para vermos com clareza as formas de superá-las. Uma primeira dificuldade refere-se à formação dos profissionais da Escola. Amplamente analisada como precária - e até inexistente -, a formação também tem sido apontada como insuficiente, porque não formou o novo profissional para construir o novo.
          Não se trata de mandar os profissionais de volta para a Faculdade, nem de esperar que esta se modifique para fazer "o novo". Trata-se de retomar a Faculdade - os conhecimentos, a formação que trabalhou - e confrontá-la com as necessidades que o novo coloca. Aí, garimpar o aproveitável, fortalecê-lo e ampliá-lo, por meio da atualização -cursos, bibliografia, estudos, troca e crítica de experiências etc.
          Uma segunda ordem de dificuldades diz respeito ao institucional/cultural - sociedade competitiva, eivada de autoritarismo, de individualismo. Como fazer diferente se somos marcados por isso tudo? Parece-me que não somos pura e simplesmente a reprodução mecânica do que fizeram conosco. Ou somos? Outra ordem de dificuldades concerne aos aspectos pessoais: as convicções e ideologias arraigadas e cristalizadas; o mito do sucesso pessoal a qualquer preço; a timidez, a falta de arrojo e de coragem para empunhar bandeiras e lutar por elas... Todas essas dificuldades são passíveis de serem superadas. A realidade de nossas escolas está mostrando que sim. Mas não sem sofrimento e luta.
PRINCIPAIS QUESTÕES RELACIONADAS NO DEBATE REALIZADO COM A COMUNIDADE ESCOLAR
          A atividade foi realizada durante o planejamento pedagógico e portanto só estavam presentes os professores e alguns PCA’s (= professores coordenadores de área)  e PDT’s (=professores diretores de turma), que no final acabam sendo todos professores que no momento estão em funções aquém sala de aula.
          Um fato curioso, que assim como eu, que ainda tenho o argumento de estar iniciando na casa a pouco tempo, outros professores dizem desconhecer o PPP (=projeto político pedagógico).
          Quanto ao trabalho coletivo, em nossa categoria de forma convencional até então, eu observava uma certa desunião, contudo, para minha surresa, nessa escola, a categoria até agora tem se mostrado muito unia e receptiva para a tomada de decisão em conjunto e mesmo realização colaborativa das atividades, tanto as pedagógicas comoas de cunho político. Diante o exposto no texto, no que se refere ao trabalho coletivo, comentou-se que a integração de todos os atores da escola é de fundamental importância, mas que nem sempre esses atores são capacitados para desenvolver determinados papeis impostos pelo sistema educacional. De que forma um professor(a) pode auxiliar um aluno com deficiência de aprendizagem em uma sala com 40 crianças, ou como no ensino médio , o profissional ao diagnosticar um aluno com dificuldades de leitura e escrita pode minimizar a situação. Esses e tantos outros questionamentos surgiram ao longo da atividade. Muitas vezes o profissional é até discriminado pelos demais colegas quando busca a melhoria das condições de aprendizagem de determinados alunos com necessidades mais específicas. O que certamente o desestimulará.
          Dessa forma, se faz necessário sim a presença na escola de outros profissionais além dos professores.
COMO, ATUANDO COMO COORDENADOR/A PEDAGÓGICO/A, PODEREI CONTRIBUIR COM AÇÕES QUE VISEM IMPLEMENTAR OS TEMAS TRATADOS NO DEBATE COM A SUA COMUNIDADE ESCOLAR.
          Além das proposições feitas no texto, no relato dos participantes foi possível perceber a necessidade do diálogo constante entre os membros do núcleo gestor e funcionários, para que dessa forma todos trabalhem em uma mesma sintonia e tomem as mesmas decisões. Além disso, o grupo de professores deve se sentir constantemente valorizado, para que possam se estimular para desempenhar da melhor forma suas atribuições.
CONCLUSÕES
          Por fim é possível afirmar que há muito o que fazer. Nesta tentativa de traduzir a competência da equipe pedagógica, fica claramente evidenciado o significado de trabalho coletivo na Escola - não é possível trabalhar fragmentadamente o objeto do trabalho da Escola, não dá e não é desejável estabelecer fronteiras claramente delimitadas sobre o que compete a quem, mas dá para identificar claramente que este trabalho precisa de competências específicas.




                                                                       Edneide Silva


 BIBLIOGRAFIA
PIMENTA, S. G. Questões sobre a organização do trabalho na escola.


CURRICULO, CULTURA E CONHECIMENTO ESCOLAR




O currículo escolar como instrumento de viabilização do direito à educação.

No que se refere a essa temática, alguns questionamentos foram expostos e aqui estão apresentados na forma se perguntas/respostas.
1. De que maneira o conhecimento se constitui em matéria prima do trabalho pedagógico?
          Dessa máxima é possível ainda afirmar que todo o conhecimento pode ser produto histórico cultural. Sabendo que o conhecimento é produzido e elaborado pelo homem, através de interações estabelecidas entre si com o objetivo de encontrar respostas para para os desafios que se interpõem entre si e a produção de sua existência material e imaterial, articulando-se aos mais variados interesses. Lembrando, na medida em que a produção, elaboração e disseminação do conhecimento não são neutras, planejar a ação educativa, assim como educar, são ações políticas que envolvem posicionamentos e escolhas articulados aos modos de compreender e agir no mundo.

2. Na evolução do conhecimento humano, de que maneira foi se constituindo o saber escolar?
          De acordo com Moreira e Candeau (2008), o conhecimento escolar conta com uma construção específica. Não se tratando, porém de uma simplificação dos conhecimentos gerados fora da escola. Têm origem nos saberes e práticas socialmente construídas, não podendo se imputar uma correspondência direta entre os conhecimentos dos vários campos do saber científico e artístico e as disciplinas escolares. É valido lembrar que os saberes e práticas socialmente construídas e que dão origem aos conhecimentos escolares, provêm, segundo Terigi (1999), de saberes e conhecimentos produzidos nos âmbitos de referência dos currículos.
3. O conhecimento é produção ou produto? Justifique.
          Acredito que é produção, uma vez que para tornarem-se conhecimentos escolares, são selecionados e reestruturados. Contudo, o que o estudante aprende é produto, o resultado de processos que não inclui necessariamente uma trajetória de construção de conhecimento.

4. Quem produz o conhecimento em sala de aula? O professor, a partir de suas práticas e abordagens teórico-metodológica e didática ou os alunos a partir do que recebem em sala e de suas experiências? Ou ambos, num processo interativo? Como o conhecimento é possível, em sala de aula?
          Acredito que ambos, porém de forma distinta, pois o professor apresenta dado conteúdo a partir do seu conhecimento do mesmo, enquanto o aluno, na maior parte das vezes busca relações do conteúdo com o seu cotidiano para facilitar a aquisição do conhecimento. Muitas vezes o conhecimento se dá de forma mais eficaz quando o professor, não necessariamente, relaciona o conhecimento de um dado assunto com o conhecimento escolar, pois dessa forma o aluno tem maiores chances de incorporar o novo conhecimento ou mesmo sedimentar um conhecimento outrora superficial.
5. Saberes e praticas se cruzam no contexto da sala de aula. Como você analisa o trabalho docente a partir das leituras propostas?
          Vejo que é de grande importância o professor, enquanto profissional da educação, ter o conhecimento sobre essas questões, pois certamente facilita as interações em sala de aula bem como dinamiza o seu trabalho.
6. Como a nova sociologia analisa a questão do currículo escolar, no mundo contemporâneo da escola? Descreva cada uma das abordagens.
          Segundo Moreira (2003, p.35), “para os sociólogos das disciplinas escolares, a história do currículo tem por meta explicar porque certo conhecimento é ensinado nas escolas em determinado momento e local e por que ele é conservado, excluído ou alterado”.
I-                SOCIOLOGIA DO CURRICULO DESENVOLVIDA NA GRÃ BRETANHA
Os sociólogos britânicos preocuparam-se em explicar as funções sócias da escolarização e os limites dos modelos meritocráticos predominantes.
II-              A ABORDAGEM NORTE AMERICANA
Sob a influência das teorias críticas (marxistas e neomarxistas), todos os estudos sobre o currículo ou sobre as mudanças na organização escolar devem considerar as perspectivas subjetivas dos professores concernentes aos saberes que ensinam, à pedagogia que colocam em prática, ao engajamento na carreira e às perspectivas constitutivas de sua identidade profissional.
III-            A ABORDAGEM FRANCESA REFERENTE À SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO
Aqui se faz menção a alguns autores. De modo geral, pode-se dizer que nessa abordagem, a cultura transmitida pela escola se apresenta como objetia e inquestionável, embora seja arbitrária e de natureza social (portanto, resultante de relações de força). A cultura escolar difunde uma cultura de classe fundada na primazia de certos valores, favorecendo uma relação de cumplicidade e de comunicação específica.
7. Quais as diretrizes da Política educação global?
          Parâmetros Curriculares Nacionais e Diretrizes Curriculares Nacionais.

8. Como se organiza a educação nacional a partir da reforma da década de 1990?
          Em dois grandes níveis:
I-                Educação Básica: Educação infantil,
                            Ensino fundamental
                            Ensino médio

II-              Educação Superior



Edneide Silva


FUNÇÃO DA COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA




FUNÇÃO DA COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA

            Muitas são as atribuições de um coordenador escolar, dentre elas está, em parceria com os demais membros do núcleo gestor, articular redes de aprendizagem que instalem e sustentem processos de formação e (auto) formação dos professores, algo que deve ser assegurada por toda e qualquer instituição, seja ela pública ou privada, pois essas atividades são essenciais ao profissional da educação para possibilitar uma boa qualidade de ensino.
            Uma pesquisa realizada pela Fundação Victor Civita sobre o perfil do Coordenador Pedagógico em 2010 revelou que o cotidiano atribulado da escola responde pela falta de foco do trabalho deste profissional, materializando-se numa rotina caótica centrada no atendimento a pessoas em geral, ao sistema educacional e aos alunos, conforme ações listadas no quadro abaixo:
Atendimento a pessoas:
• Atendimento telefônico
• Atendimento aos professores
• Reunião com diretor
• Conversa com alunos
• Orientação aos pais
• Substituição de professores
• Solicitações do Sistema
Cotidiano dos alunos:
• Acompanhamento da entrada e saída
• Organização da classe
• Sanções disciplinares
            Segundo a pesquisa, 50% dos coordenadores pesquisados atendem telefonemas de pais, do sistema de ensino e outras instituições todo dia; desses, 70% consideram adequada essa ação; 19% ficam com a classe quando o professor falta uma ou mais vezes por semana; desses, somente 38% consideram essa dedicação excessiva. Dos coordenadores pesquisados, 9% revelam não ter em sua rotina qualquer ação de formação do professor. Ainda entre os coordenadores pesquisados, 72% costumam acompanhar a entrada e a saída dos alunos diariamente, 55% conferem se as classes estão organizadas e limpas. Nesse caos, 26% apenas consideram o tempo dedicado ao projeto político pedagógico insuficiente. A rotina de trabalho de coordenadores que se organizam dessa forma restringe-se, em muitos casos, a uma lista de ações e compromissos para a semana. Muitos anotam em seu caderno as ações que pretendem realizar, os compromissos que vão marcar, os professores, os alunos, as famílias com quem querem conversar, e a partir de tais anotações organizam sua agenda semanal.

           

            Assim, ainda pode-se dizer que o objetivo central do coordenador pedagógico é articular os diversos segmentos da escola para dar sustentação e efetivar o projeto político pedagógico. O papel do coordenador escolar é considerado, nesses termos, de extrema importância para que a ação coletiva aconteça na escola. Sem dúvida, trata-se de um grande desafio para a superação do fracasso escolar e a qualificação constante do ensino.
            Há uma confusão entre as atribuições do coordenador e do diretor, ambos integrantes da equipe gestora e líderes pedagógicos da comunidade. Uma escola que esteja encaminhando um processo de formação permanente precisa definir o lugar e o papel de cada um nessa estrutura, para que o todo funcione organicamente – isto é, para que todos organizem suas rotinas de modo a favorecer o trabalho colaborativo. Somente quando o coordenador tem clareza de sua função é que ele organiza o seu tempo de acordo com as suas obrigações, evitando assim ser engolido pelas demandas do cotidiano e por atividades que não lhe competem. Reconhecer-se na função de formador docente e articulador do trabalho coletivo na escola é de fundamental importância para o coordenador pedagógico.
            Importante compreender que essa mudança de paradigma não pode ser realizada isoladamente. É necessário existir uma organização institucional que possibilite a definição dos papéis e das funções dos educadores envolvidos, haver investimento na construção de uma equipe colaborativa e realizar uma formação que ajude a reconceitualizar o papel do coordenador e do professor. É necessário, pois, organizar uma política de formação permanente de caráter colaborativo dentro da escola, na qual todos os atores, cientes de suas atribuições, possam juntos orquestrar uma instituição centrada na aprendizagem.
            Para desempenhar bem sua função, a coordenação pedagógica organiza seu tempo na escola. Essa organização pressupõe a elaboração de um plano de trabalho conjunto com a direção da escola, focando as necessidades da instituição como um todo, a partir das definições do projeto político pedagógico, bem como a elaboração de um projeto de formação de professores pautado nas necessidades de aprendizagem dos alunos e dos docentes. Deve ainda prever tempos e espaços para cada ação no cotidiano da escola: os espaços formativos (reuniões de formação), os espaços de planejamento e de acompanhamento do trabalho dos professores e das classes.
Para dar conta de tudo isso, o coordenador deve elaborar um cronograma semanal e outro mensal, articulando bem todas as ações, de modo a não fugir dos objetivos delineados. Será no exercício constante dessa organização que um modelo diferente de trabalho dentro da escola será construído.

O QUE NÃO PODE FALTAR NA ROTINA DA COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA
            Dentre as muitas atribuições do coordenador,abaixo estão aquelas que são consideradas fundamentais para o exercício profissional dentro da escola:
1) Reunião de formação
2) Observação e acompanhamento do trabalho docente
3) Acompanhamento
4) Planejamento da formação
5) Organização do acervo
6) Planejamento e estudo das práticas formativas
7) Produção de registros
8) Reunião com alunos e professores
            Mas frente a tantas atribuições surge outro questionamento: COMO ORGANIZAR O TEMPO?
            Importante lembrar que não há uma rotina fixa predeterminada. A organização do tempo
deve ser pensada de acordo com as especificidades e os objetivos do trabalho de cada coordenador e o projeto político pedagógico da escola.
            Deste modo, para exercer a função de Coordenação Pedagógica é exigido um perfil profissional em que a capacidade de promover e coordenar o processo de qualificação da prática docente seja fundamental. Entretanto, é comum que esses coordenadores usem seu tempo para atividades que nem sempre têm a ver com o pedagógico, quando, na realidade, este Coordenador, como integrante da Equipe Gestora da escola, é corresponsável pela sala de aula, pelo trabalho realizado pelo professor e pelos resultados dos alunos. Isto não significa que deva abandonar as demais atividades, mas é preciso priorizar sua função de formador e articulador. No contexto dessa nova perspectiva profissional, a centralidade atribuída aos coordenadores e as exigências a eles apresentadas acarretam consequências para a organização e a gestão da escola, evidenciando a reestruturação do trabalho e a consequente alteração na sua natureza e definição.
            Além disso, é fundamental que o coordenador pedagógico construa uma relação de confiança com os professores. É preciso cuidar das relações com o grupo de professores e é dentro dessa perspectiva que a reconstrução de novas formas de relação dentro da escola, de interação entre profissionais-pessoas, seja também foco de reflexão do coordenador pedagógico, especialmente na condução democrática do enfrentamento das questões cotidianas. Pensar a função do coordenador pedagógico no contexto das relações profissionais estabelecidas no ambiente escolar retira a sua atuação, portanto, de um lugar meramente tecnicista e procedimental para elevá-la à condição de elemento fundamental para a apropriação das trajetórias de vida de cada um dos envolvidos, com seus saberes e dilemas.
            No processo de construções coletivas, o coordenador pedagógico precisa “ser um outro que analisa a situação sob pontos de vista às vezes ocultos para o professor” (PELISSARI,2007). Nessa mediação, é preciso, entretanto, considerar que os professores não são alunos do coordenador pedagógico, mas profissionais em formação. Isto implica considerar os professores como sujeitos intelectualmente ativos, ou seja, reconhecer que os professores, assim como as crianças, também constroem conhecimentos a partir de suas representações e que suas aprendizagens também acontecem por aproximações sucessivas. Afinal de contas, “formar não é ensinar às pessoas determinados conteúdos, mas sim trabalhar coletivamente em torno da resolução de problemas. A formação faz-se na ‘produção’, e não no ‘consumo’, do saber” (NÓVOA, 1988).
            Sendo a escola o cenário de qualificação profissional do professor, a sala de aula deve ser considerada, ao mesmo tempo, o ponto de partida e o ponto de chegada das ações formativas. Para ajudar os professores a qualificar o seu trabalho, o coordenador pedagógico precisa considerar o conhecimento produzido acerca das estratégias formativas e adequá-las aos diversos conteúdos previstos, em diferentes espaços formativos. Não é de qualquer jeito que se faz formação de professores. Para realizar um trabalho de qualidade, é preciso conhecer a discussão sobre o objeto de conhecimento e sobre os processos de aprendizagem, tanto dos alunos como dos professores. Isto implica assumir o conhecimento didático como eixo estruturante do trabalho do coordenador pedagógico. Além disso, o coordenador pedagógico precisa ganhar a confiança dos professores e colocar-se no lugar de parceiro. Por este motivo, esta função exige assumir o lugar de um profissional mais experiente que supervisiona e orienta a prática dos professores. Ser um excelente professor alfabetizador, por exemplo, não é suficiente para realizar a formação permanente de professores alfabetizadores. Vale destacar também que não está dado que o coordenador pedagógico sabe todas as coisas. Além disto, para assumir esta função não basta ter sido um bom professor. As funções profissionais de professores e coordenadores pedagógicos não são as mesmas, portanto, remetem a um conjunto de competências distintas. Os coordenadores pedagógicos enfrentam problemas profissionais para além daqueles que são inscritos pela atuação docente na sala de aula e na escola.
            Outro grande dilema do coordenador pedagógico é o de associar o conhecimento e a formação permanente de educadores. Como ensinar esse conhecimento didático aos professores? Quais as melhores estratégias para consegui-lo? O que os docentes sabem sobre tais conteúdos e como atualizam esse saber na sala de aula quando ensinam? O acervo profissional construído como professor é importante, mas não dá conta de resolver essa empreitada. Isto é, em resumo, podemos
exemplificar da seguinte forma: o conteúdo foco de um professor alfabetizador é o conhecimento didático de alfabetização, enquanto que o conteúdo foco de um coordenador que pretende formar um professor alfabetizador deve ser como ensinar o conhecimento didático de alfabetização para o professor. Assim, torna-se óbvio que para comunicá-lo aos professores, pressupõe-se que os coordenadores pedagógicos o conheçam. Por este motivo, eles precisam estar em formação permanente, assim como os professores.
Edneide  Silva

REFERÊNCIAS:

COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA EM FOCO
Ano XXII - Boletim 1 - Abril 2012 / ISSN 1982 - 0283

NÓVOA, A. As histórias de vida no projecto Prosalus. In: NÓVOA, Antônio e FINGER, Matthias. O método (auto) biográfico e a formação. Lisboa: Ministério da Saúde, 1988.

Pesquisa: O perfil do coordenador pedagógico; realizada pela Fundação Carlos Chagas, com apoio do Itaú BBA, do Instituto Unibanco e da Fundação Itaú Social. 2010. Foram pesquisados 400 coordenadores em 13 capitais brasileiras.