sexta-feira, 26 de março de 2021

CAPÍTULO 16: “Compostos Clorocarbônicos” do LIVRO OS BOTÕES DE NAPOLEÃO: As 17 moléculas que mudaram a história

 Olá, tod@s bem?

Essa semana estamos no décimo sexto capítulo do livro OS BOTÕES DE NAPOLEÃO: As 17 moléculas que mudaram a história, que é sobre “Compostos Clorocarbônicos”. Nesse capítulo, os autores relatam sobre o início do processo de refrigeração e o fim da preservação de alimentos com sal e condimentos.

Por volta do ano 2000 a.C., as pessoas usavam gelo para manter os alimentos frescos, baseando-se no princípio de que esse absorve o calor à sua volta, à medida que se liquefaz.

Um verdadeiro refrigerador precisa de um refrigerante, composto que passa pelo ciclo evaporação-compressão. Em 1748 usou-se éter para demonstrar o efeito resfriante de um refrigerante, porém, cem anos se passaram até que uma máquina de éter comprimido fosse empregada como
refrigerador.

Por volta de 1851, James Harrison, escocês que emigrou para a Austrália em 1837, construiu um refrigerador por compressão de vapor baseado em éter para uma fábrica de cerveja australiana. Ele e um norte americano, Alexander Twining, que desenvolveu o sistema de refrigeração por compressão de vapor mais ou menos na mesma época, estão entre os pioneiros da refrigeração comercial.

Os clorofluorcarbonetos (CFCs), são gases que satisfizeram admiravelmente a todos os requisitos técnicos para serem considerados refrigerantes (que refrigeram) e revelaram-se também muito estáveis, não tóxicos, não inflamáveis, de fabricação não dispendiosa e quase sem cheiro. O Fréon pode ser definido como diversos tipos de gases a base clorofluorcarbonetos
. É a molécula ideal que precisa atender a requisitos práticos especiais:

ü  deve vaporizar-se dentro da faixa de temperatura correta;
ü  liquefazer-se por compressão, também dentro da faixa de temperatura requerida; e
ü  absorve quantidades relativamente grandes de calor à medida que evapora.

Os CFCs eram os refrigerantes perfeitos. Revolucionaram o ramo da refrigeração e tornaram-se a base para a enorme expansão da refrigeração doméstica, especialmente à medida que crescia o número de casas passou a receber energia elétrica.

Na década de 1950, a geladeira era considerada um aparelho comum nos lares do mundo desenvolvido. Comprar comida fresca diariamente deixou de ser necessidade. Alimentos perecíveis podiam ser guardados em segurança e as refeições eram preparadas em menos tempo.

Uma ampla oferta de moléculas refrigerantes seguras deu às pessoas meios de refrigerar algo além da comida, o seu ambiente. Durante séculos a captura de brisas naturais, a movimentação do ar por meio de ventiladores e o uso do efeito refrigerante da água em evaporação haviam sido os principais métodos usados pelo homem para fazer diminuir a temperatura nos lugares de clima quente.

Nas regiões tropicais e em outros lugares nos quais os verões eram extremamente quentes, o ar-condicionado tornou mais confortáveis as residências, hospitais, escritórios, fábricas, shopping centers, carros, e demais ambientes em que as pessoas viviam e trabalhavam.

Além desses, foram encontrados outros usos para os CFCs. Como não reagiam com praticamente nada, eram os propelentes ideais para tudo que pudesse ser aplicado em lata de spray: 

·         Laquês;

·         Cremes de barbear;

·         Colônias;

·         Bronzeadores;

·         Coberturas de creme para bolos e sorvetes;

·         Lustra móveis;

·         Soluções para limpeza de tapetes;

·         Removedores de mofo para banheiras;

·         Inseticidas.

Esses são apenas algumas, de tantas variedades de produtos que eram expelidos pelos minúsculos furinhos das latas de aerossol, pelo vapor de CFC em expansão.

No início da década de 1970, quase um milhão de toneladas de CFCs e compostos semelhantes eram produzidos anualmente. Parecia que essas moléculas eram realmente ideais, perfeitamente adequadas para assumir seu papel no mundo moderno, sem um só inconveniente ou aspecto desvantajoso.

O entusiasmo em torno dos CFCs durou até 1974, quando achados inquietantes foram anunciados pelos pesquisadores Sherwood Rowland e Mario Molina numa reunião da American Chemical Society em Atlanta. Eles haviam descoberto que a própria estabilidade dos CFCs representava problema totalmente inesperado e perturbador.

Ao contrário de compostos menos estáveis, os CFCs não se decompõem por reações químicas comuns, propriedade que de início os fizera parecer extremamente atraentes. Os CFCs liberados na camada mais baixa da atmosfera circulam de um lugar para outro durante anos, ou mesmo décadas, até finalmente subir para a estratosfera, onde são rompidos pela radiação solar. Há uma camada na estratosfera que se estende de cerca de 15 a 30km acima da superfície da Terra, conhecida como camada de ozônio.

Rowland e Molina sugeriram que essa reação generalizada podia perturbar o equilíbrio entre as moléculas de gás ozônio e gás oxigênio, uma vez que átomos de cloro aceleram a ruptura do ozônio, mas não têm nenhum efeito sobre sua produção. Este é o aspecto mais alarmante do efeito dos átomos de cloro sobre a camada de ozônio, o problema não é que as moléculas de ozônio são destruídas pelo cloro, mas que um mesmo átomo de cloro pode catalisar essa fragmentação em cem número de vezes.

Os autores do livro retratam no capítulo uma estimativa, de que cada átomo de cloro que chega à atmosfera superior através de uma molécula de CFC, destrói em média, cem mil moléculas de ozônio antes de ser desativada. Para cada 1% de redução da camada de ozônio, mais 2% de radiação ultravioleta nociva poderia penetrar na atmosfera da Terra.

Os CFCs representam um perigo real e imediato de destruição da camada de ozônio e é uma ameaça à saúde e segurança de todos os seres vivos que habitam o planeta Terra.

Em 1987, um acordo chamado Protocolo de Montreal exigiu que todas as nações signatárias se comprometessem a reduzir gradualmente o uso dos CFCs até sua completa eliminação. Hoje usam-se como refrigerantes os compostos hidrofluorcarbonetos e hidroclorofluorcarbonetos, em vez dos clorofluorcarbonetos. Essas substâncias não contêm cloro ou são mais facilmente oxidadas na atmosfera.

Ainda há bilhões de moléculas de CFCs na atmosfera. Nem todos os países assinaram o Protocolo de Montreal, e entre os que o fizeram, ainda restam milhões de refrigeradores contendo CFC em uso e provavelmente centenas de milhares de aparelhos velhos abandonados que deixam vazar CFCs na atmosfera, onde se juntarão aos CFCs restantes em lenta, mas inevitável ascensão para produzir danos na camada de ozônio.

Os clorofluorcarbonetos não são o único grupo químico de moléculas que, consideradas uma maravilha quando descobertas, mais tarde revelaram inesperada toxicidade ou potencial para causar danos ambientais ou sociais.

O cloro é um gás irritante poderoso para as células e pode causar inchação fatal de tecidos nos pulmões e nas vias respiratórias. Outros compostos orgânicos, como o gás de mostarda e o fosgênio, usados posteriormente como gases venenosos, também contêm cloro, e seus efeitos tão terríveis quanto os do gás cloro. Embora a taxa de mortalidade por exposição ao gás de mostarda não seja alta, ele causa danos permanente aos olhos e deterioração grave e permanente do sistema respiratório

O gás fosgênio não tem cor e é extremamente tóxico. A morte resulta em geral de uma inchação grave dos tecidos dos pulmões e das vias respiratórias, levando à sufocação.

Nem todas as moléculas clorocarbônicas se revelaram desastrosas para a saúde humana. O éter permitiu uma cirurgia sem dor espalhou-se rapidamente, e logo as propriedades anestésicas de outros compostos foram investigadas.

Como anestésico, o composto clorocarbônico tinha várias vantagens sobre o éter: o clorofórmio funcionava mais depressa, cheirava melhor e era usado em menor quantidade. Além disso, quando se empregava o clorofórmio, a recuperação era mais rápida e menos desagradável que com o éter. A extrema inflamabilidade do éter também era um problema.

Na primeira metade do século XX, um método diferente de controle da dor no parto ganhou rápida aceitação na Alemanha e se espalhou rapidamente em outras partes da Europa. O sono crepuscular, como era conhecido, consistia na administração de escopolamina e morfina, compostos que foram discutidos nos Capítulos 12 e 13. Mas, logo depois percebeu-se que o sono crepuscular dava uma imagem falsa de maternidade tranquila e indolor.

Atualmente são fabricados centenas de compostos que contêm cloro e não são venenosos, não destroem a camada de ozônio, não são danosos ao ambiente, não são carcinogênicos e nunca foram usados como armas de guerra. Eles encontram uso em casas, indústrias, escolas, hospitais, carros, barcos e aviões. Não são objeto de nenhuma publicidade e não fazem nenhum mal, mas tampouco podem ser qualificados de substâncias químicas que mudaram o mundo.

A ironia dos compostos clorocarbônicos é que exatamente aqueles que causaram maiores danos ou que têm potencial para isso parecem também ter sido os responsáveis por alguns dos avanços mais benéficos em nossa sociedade. Os anestésicos foram essenciais para o progresso da cirurgia como ramo altamente especializado da medicina.

O desenvolvimento de moléculas refrigerantes para uso em navios, trens e caminhões abriu novas oportunidades de comércio, de que resultaram crescimento e prosperidade em partes subdesenvolvidas do mundo.

O armazenamento de comida é hoje seguro e prático graças às geladeiras domésticas. As doenças transmitidas por insetos foram eliminadas ou grandemente reduzidas em muitos países. Dessa forma, não podemos desconsiderar o impacto positivo desses compostos.

Esperamos que tenham gostado do resumo desse capítulo.

Abraços em tod@s e se possível, FIQUEM EM CASA!!!

 


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