Olá, tod@s bem?
Essa semana estamos no
décimo sexto capítulo do livro OS BOTÕES
DE NAPOLEÃO: As 17 moléculas que mudaram a história, que é sobre “Compostos Clorocarbônicos”. Nesse
capítulo, os autores relatam sobre o início do
processo de refrigeração e o fim da preservação de alimentos com sal e condimentos.
Por volta do ano 2000 a.C., as pessoas usavam gelo para manter os
alimentos frescos, baseando-se no princípio de que esse absorve o calor à sua volta, à medida que se liquefaz.
Um verdadeiro refrigerador precisa de um refrigerante, composto
que passa pelo ciclo evaporação-compressão. Em 1748 usou-se éter para demonstrar o efeito resfriante de um refrigerante, porém, cem anos se passaram até que uma máquina de éter comprimido fosse empregada como
refrigerador.
Por volta de 1851, James Harrison, escocês que emigrou para a Austrália em 1837, construiu um refrigerador por compressão de vapor baseado em éter para uma fábrica de cerveja australiana. Ele e um norte
americano, Alexander Twining, que desenvolveu o sistema de refrigeração por compressão
de vapor mais ou menos na mesma época, estão entre os pioneiros da refrigeração
comercial.
Os CFCs eram os refrigerantes perfeitos. Revolucionaram o ramo da refrigeração
e tornaram-se a base para a enorme expansão da refrigeração doméstica, especialmente à medida que crescia o número de casas passou a receber
energia elétrica.
Na década de 1950, a geladeira era considerada um aparelho comum nos lares do mundo desenvolvido. Comprar comida fresca diariamente deixou de ser necessidade. Alimentos perecíveis podiam ser guardados em segurança e as refeições eram preparadas em menos tempo.
Uma ampla oferta de moléculas refrigerantes seguras deu às pessoas meios de refrigerar algo além da comida, o seu ambiente. Durante séculos a captura de brisas naturais, a movimentação do ar por meio de ventiladores e o uso do efeito refrigerante da água em evaporação haviam sido os principais métodos usados pelo homem para fazer diminuir a temperatura nos lugares de clima
quente.
Nas regiões tropicais e em outros lugares nos quais os verões eram
extremamente quentes, o ar-condicionado tornou mais confortáveis as residências,
hospitais, escritórios, fábricas, shopping centers, carros, e demais ambientes
em que as pessoas viviam e trabalhavam.
Além desses, foram encontrados outros usos para os CFCs. Como não reagiam com praticamente nada, eram os propelentes ideais para tudo que pudesse ser aplicado em lata de spray:
·
Laquês;
·
Cremes de barbear;
·
Colônias;
·
Bronzeadores;
·
Coberturas de creme para
bolos e sorvetes;
·
Lustra móveis;
·
Soluções para limpeza de
tapetes;
·
Removedores de mofo para
banheiras;
·
Inseticidas.
Esses são apenas algumas, de tantas variedades de produtos que
eram expelidos pelos minúsculos furinhos das latas de aerossol, pelo vapor de
CFC em expansão.
No início da década de 1970, quase um milhão de toneladas de CFCs
e compostos semelhantes eram produzidos anualmente. Parecia que essas moléculas eram realmente ideais, perfeitamente adequadas para assumir seu papel no mundo moderno, sem um só inconveniente ou aspecto desvantajoso.
O entusiasmo em torno dos CFCs durou até 1974, quando achados
inquietantes foram anunciados pelos pesquisadores Sherwood Rowland e Mario Molina numa reunião da American Chemical Society em Atlanta. Eles haviam descoberto que a própria estabilidade dos CFCs representava problema totalmente inesperado e perturbador.
Rowland e Molina sugeriram que essa reação generalizada podia
perturbar o equilíbrio entre as moléculas de gás ozônio e gás oxigênio, uma vez
que átomos de cloro aceleram a ruptura do ozônio, mas não têm nenhum efeito sobre sua produção.
Este é o aspecto mais alarmante do efeito dos átomos de cloro sobre a camada de
ozônio, o problema não é que as moléculas de ozônio são destruídas pelo cloro, mas que um mesmo átomo de cloro pode catalisar essa fragmentação em cem número de
vezes.
Os autores do livro retratam no capítulo uma estimativa, de que
cada átomo de cloro que chega à atmosfera superior através de uma molécula de
CFC, destrói em média, cem mil moléculas de ozônio antes de ser desativada.
Para cada 1% de redução da camada de ozônio, mais 2% de radiação ultravioleta
nociva poderia penetrar na atmosfera da Terra.
Os CFCs representam um perigo real e imediato de destruição da
camada de ozônio e é uma ameaça à saúde e segurança de todos os seres vivos que
habitam o planeta Terra.
Em 1987, um acordo chamado Protocolo de Montreal exigiu que todas
as nações signatárias se comprometessem a reduzir gradualmente o uso dos CFCs até
sua completa eliminação. Hoje usam-se como refrigerantes os compostos hidrofluorcarbonetos
e hidroclorofluorcarbonetos, em vez dos clorofluorcarbonetos. Essas substâncias
não contêm cloro ou são mais facilmente oxidadas na atmosfera.
Ainda há bilhões de moléculas de CFCs na atmosfera. Nem todos os
países assinaram o Protocolo de Montreal, e entre os que o fizeram, ainda
restam milhões de refrigeradores contendo CFC em uso e provavelmente centenas
de milhares de aparelhos velhos abandonados que deixam vazar CFCs na atmosfera,
onde se juntarão aos CFCs restantes em lenta, mas inevitável ascensão para produzir
danos na camada de ozônio.
Os clorofluorcarbonetos não são o único grupo químico de
moléculas que, consideradas uma maravilha quando descobertas, mais tarde
revelaram inesperada toxicidade ou potencial para causar danos ambientais ou
sociais.
O cloro é um gás irritante poderoso para as células e pode
causar inchação fatal de tecidos nos pulmões e nas vias respiratórias. Outros
compostos orgânicos, como o gás de mostarda e o fosgênio, usados
posteriormente como gases venenosos, também contêm cloro, e seus efeitos tão
terríveis quanto os do gás cloro. Embora a taxa de mortalidade por exposição ao
gás de mostarda não seja alta, ele causa danos permanente aos olhos e
deterioração grave e permanente do sistema respiratório
O gás fosgênio não tem cor e é extremamente tóxico.
A morte resulta em geral de uma inchação grave dos tecidos dos pulmões e das
vias respiratórias, levando à sufocação.
Nem todas as moléculas clorocarbônicas se revelaram desastrosas
para a saúde humana. O éter permitiu uma cirurgia sem dor espalhou-se rapidamente,
e logo as propriedades anestésicas de outros compostos foram investigadas.
Como anestésico, o composto clorocarbônico tinha várias vantagens
sobre o éter: o clorofórmio funcionava mais depressa, cheirava melhor e
era usado em menor quantidade. Além disso, quando se empregava o clorofórmio, a
recuperação era mais rápida e menos desagradável que com o éter. A
extrema inflamabilidade do éter também era um problema.
Na primeira metade do século XX, um método diferente de controle
da dor no parto ganhou rápida aceitação na Alemanha e se espalhou rapidamente em outras partes da Europa. O sono crepuscular, como era conhecido,
consistia na administração de escopolamina e morfina, compostos que foram discutidos nos Capítulos 12 e 13. Mas, logo depois percebeu-se que o sono crepuscular dava uma
imagem falsa de maternidade tranquila e indolor.
Atualmente são fabricados centenas de compostos que contêm cloro e
não são venenosos, não destroem a camada de ozônio, não são danosos ao
ambiente, não são carcinogênicos e nunca foram usados como armas de guerra.
Eles encontram uso em casas, indústrias, escolas, hospitais, carros, barcos e aviões.
Não são objeto de nenhuma publicidade e não fazem nenhum mal, mas tampouco
podem ser qualificados de substâncias químicas que mudaram o mundo.
A ironia dos compostos clorocarbônicos é que exatamente aqueles
que causaram maiores danos ou que têm potencial para isso parecem também ter sido
os responsáveis por alguns dos avanços mais benéficos em nossa sociedade. Os
anestésicos foram essenciais para o progresso da cirurgia como ramo altamente
especializado da medicina.
O desenvolvimento de moléculas refrigerantes para uso em navios,
trens e caminhões abriu novas oportunidades de comércio, de que resultaram
crescimento e prosperidade em partes subdesenvolvidas do mundo.
O armazenamento de comida é hoje seguro e prático graças às
geladeiras domésticas. As doenças transmitidas por insetos foram eliminadas ou
grandemente reduzidas em muitos países. Dessa forma, não podemos desconsiderar
o impacto positivo desses compostos.
Esperamos que tenham gostado do resumo desse capítulo.
Abraços em tod@s e se possível, FIQUEM EM CASA!!!
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