segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

DESAFIOS, AVANÇOS E CONTRADIÇÕES NOS DIVERSOS NIVEIS DE ENSINO


                              As principais questões inerentes a cada nível de ensino

 
Profª.: Edneide Silva




NÍVEL DE ENSINO
DESAFIOS
AVANÇOS
CONTRADIÇÕES
Educação Infantil
- Enfrenta-se hoje o desafio de ampliar as políticas para a educação das crianças de zero a cinco anos, de refletir
sobre as diferentes formas de viver a infância (indígenas, quilombolas, ribeirinhas, urbanas, do campo, da
floresta) e de definir as bases curriculares nacionais para essa fase da vida escolar que passou a ser parte da
educação básica.
- Projetos pedagógicos específicos para essa etapa são necessários, bem como a redefinição do
trabalho docente para atuar em creches e pré-escolas, considerando as três funções indissociáveis da Educação
Infantil:
Função social
Função política
Função pedagógica
 
No ano de 2009, visa ndo a discussão dessa questão, elaborou-se um instrumento de autoavaliação intitulado “Indicadores de Qualidade da Educação Infantil”. O objetivo do documento foi traduzir e detalhar os parâmetros publicados em 2006 em indicadores operacionais, no sentido de oferecer às equipes de educadores e às comunidades atendidas pelas instituições de Educação Infantil um instrumento adicional de apoio ao seu trabalho. Essa iniciativa pretendeu contribuir com as instituições de Educação Infantil no sentido de encontrar seu próprio caminho na direção de práticas educativas que respeitem os direitos fundamentais das crianças e ajudem a construir uma sociedade mais democrática.
Dado que as características da faixa etária das crianças da Educação Infantil exigem conceber um outro tipo de estabelecimento educacional, é preciso também que a gestão da instituição se baseie numa revisão de conceitos sobre o que é a escola, a infância, o conhecimento e o currículo! O currículo na Educação Infantil é aquilo que se constrói no diálogo entre crianças, famílias e docentes e se manifesta em todas as interações do dia a dia. O documento, que objetiva pensar as práticas na Educação Infantil (MEC/SEB, 2009b), afirma que os campos de aprendizagem dessas crianças são as práticas sociais e as linguagens, expressos em inter-relação com o cotidiano. Nesse contexto, deve-se repensar o currículo compreendendo os elementos constituintes das práticas na Educação Infantil.
Ensino Fundamental
A ampliação do Ensino fundamental para nove anos. Seu objetivo é que todas as crianças de seis anos, sem distinção de classe, sejam matriculadas na escola. Contudo, inserir crianças de seis anos no ensino fundamental, evidentemente, não garante por si só uma aprendizagem de
maior qualidade. Isso depende, sobretudo, de um uso mais eficaz do tempo, baseado na organização qualitativa do trabalho pedagógico e dando atenção às características etárias, sociais e psicológicas das crianças.
Como assegurar a transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental? Essa passagem deve ocorrer da forma mais natural possível, não provocando nas crianças rupturas e impactos negativos no seu processo de
escolarização. Dessa maneira, as escolas que estiverem organizadas pela estrutura seriada não podem acrescentar mais uma série, com as características e a natureza daquela que era a primeira série. Os seus projetos político pedagógicos devem ser propostos no sentido de permitir a flexibilização dos tempos, a fim de contribuir para o desenvolvimento da criança, possibilitando-lhe, efetivamente, uma ampliação qualitativa do seu tempo na escola.
Trabalhar com as crianças de seis anos na escola envolve compreender o fato de que elas vivem numa sociedade
cuja cultura dominante é a letrada. Desde que nascem, as crianças constroem conhecimentos prévios sobre o sistema de representação e o significado da leitura e da escrita que se transformam em valorização social da
aquisição de habilidades de ler e escrever. No entanto, a entrada na escola para essas crianças não pode
representar uma ruptura completa com o estágio de vivência anterior, em casa ou na instituição de Educação
Infantil, mas é preciso ser uma continuidade das suas experiências anteriores para que sistematizem
gradualmente os conhecimentos sobre a língua escrita.
A escola deve elaborar estratégias de formação continuada dos professores que atuam no Ensino
Fundamental para que sejam encontradas novas ações pedagógicas, sendo indispensável o desenvolvimento de atitudes investigativas, de alternativas pedagógicas e metodológicas na busca de uma qualidade social da
educação.
Ensino Médio Integrado (EMIEP)
- Um grande desafio para o Ensino Médio continuou sendo a dualidade entre o propedêutico e o profissionalizante. A busca de um modelo unitário, que integrasse os conceitos de trabalho, ciência e cultura como conceitos que estruturam as finalidades do Ensino Médio e orientam a sua organização curricular e as práticas pedagógicas do seu processo formativo, mais uma vez foi adiada e depende ainda hoje de experiências que possibilitem tal
organização.
- Eixos da organização do currículo dos cursos de EMIEP: o trabalho, a ciência e a cultura. Esta organização curricular é em dúvida um dos grandes desafios educacionais para o Século XXI.
A mobilização dos educadores, no entanto, e uma maior sensibilidade governamental, permitiu um passo
importante para a superação da dualidade. A nova legislação indicou três formas de articulação entre a educação profissional técnica de nível médio e o ensino médio: a integrada, a concomitante e a subseqüente.
O EMIEP é um curso planejado que conduz, simultaneamente, a um diploma e a um certificado com base em uma
única matriz curricular, uma única matrícula por aluno, e uma carga horária que pretende assegurar o cumprimento das duas finalidades – formação geral e profissional. Para tanto, há convergência de objetivos do ensino médio e do ensino técnico, buscando-se uma sólida e atualizada formação científica, tecnológica, cultural e ética.
Programa Ensino Médio Inovado
No ano de 2009, o governo federal lançou um programa viabilizando outras inovações para o currículo do ensino médio, de forma articulada aos programas e ações já em desenvolvimento nos âmbitos federal e estadual. O programa possui “linhas de ação” que envolvem diversos aspectos que permeiam o contexto escolar, tais como: fortalecimento da gestão escolar e dos sistemas; melhoria das condições de trabalho docente e sua formação
inicial e continuada; apoio às práticas docentes; desenvolvimento do protagonismo juvenil e apoio ao aluno jovem e adulto trabalhador; infra-estrutura física e recursos pedagógicos; elaboração de pesquisas relativas ao ensino médio e à juventude, entre outros.
A proposta do Programa Ensino Médio Inovador tem como objetivo a melhoria da qualidade do ensino médio nas escolas públicas, buscando principalmente desenvolver nos alunos a promoção da capacidade de pensar, refletir, compreender e agir sobre as determinações da vida social e produtiva, articulando trabalho, ciência e cultura na perspectiva da emancipação humana, de forma igualitária a todos os cidadãos.
O programa propõe, além das orientações metodológicas estabelecidas no seu interior, percursos formativos organizados pelas unidades escolares envolvidas seguindo a legislação em vigor e as diretrizes curriculares dos Estados. Permite a ampliação da carga horária, além da mínima anual de oitocentas horas, distribuídas em duzentos dias letivos.
Deve então o currículo do ensino médio ser modificado? Devem ser acrescentados
componentes  técnicos no currículo do ensino médio?
Tais componentes podem existir, mas devem ser necessariamente desenvolvidos de forma integrada aos diversos conhecimentos. Por isso mesmo não é uma proposta fácil e precisa ser construída  processualmente pelos sistemas
e instituições de ensino, visando a práticas curriculares e pedagógicas que levem à formação plena do educando e possibilitem construções intelectuais.

NOVAS PROPOSTAS CURRICULARES DIMINUEM EVASÃO NO RIO DE JANEIRO

ACESSO: 26/01/2015 as 08:00h
 
Currículo para o ensino médio desenvolvido em parceria com o estado do Rio de Janeiro aposta na participação ativa dos estudantes e na interdisciplinaridade. A proposta, aplicada em escola carioca, tem gerado bons resultados.
Por: Valentina Leite
Publicado em 22/01/2015 | Atualizado em 22/01/2015
Protagonistas na escola e na vida
Os estudantes do Ceca são levados a questionar o que aprendem em sala,
além de aplicarem o conteúdo teórico em atividades de projeto e pesquisa.
(foto: Cris Torres/ Seeduc-RJ)        
           
 
Uma das grandes causas de evasão nas escolas públicas do Brasil é o desinteresse por parte dos alunos, de acordo com dados da Fundação Getúlio Vargas. O ensino tradicional, baseado em disciplinas fragmentadas e com pouca conexão com a realidade dos jovens, pode ser um dos fatores por trás desse quadro.  Por isso, entidades governamentais têm buscado, em parceria com instituições não governamentais e privadas, desenvolver soluções pedagógicas inovadoras. No Colégio Estadual Chico Anysio (Ceca), no bairro do Andaraí, no Rio de Janeiro, uma dessas iniciativas já está em prática. Trata-se de uma nova proposta curricular que visa estimular os estudantes por meio de atividades desenvolvidas pelos próprios alunos.
O projeto, batizado de Solução Educacional para o Ensino Médio, é fruto da parceria do Instituto Ayrton Senna com a Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro e está em curso desde 2013 na escola carioca. A iniciativa propõe um currículo escolar diferenciado, organizado em dois grandes componentes, para promover a educação integral.
De um lado, estão as disciplinas previstas na legislação brasileira, divididas em quatro áreas de conhecimento (ciências humanas, linguagens, ciências da natureza e matemática), que são abordadas de maneira integrada em sala de aula, com conteúdos interdisciplinares. Do outro, está o chamado núcleo articulador, que consiste em atividades voltadas ao desenvolvimento de projetos feitos pelos próprios alunos. Muitas vezes os alunos são organizados em grupos para desenvolverem trabalhos de pesquisa a serem apresentados para uma banca avaliadora. Há ainda outros projetos de iniciativa dos estudantes que podem ser de cunho cultural, social ou econômico.

Aproximação com os jovens

Segundo a coordenadora de educação do Instituto Ayrton Senna e líder do projeto, Simone André, a abordagem serve para aproximar a escola dos interesses dos jovens. “Hoje, a escola está diante de uma juventude diferente e precisa oferecer a ela uma educação plena, gerando oportunidades para que desenvolva seu potencial e possa fazer escolhas conscientes em sua vida profissional”, afirma.
No final do ano passado, alunos do 1º ano do ensino médio do Ceca trabalharam em uma campanha de conscientização para evitar o desperdício de comida na escola batizada de Fome Zero. A coordenadora pedagógica do colégio, Cátia Marina Andrade, afirma que a iniciativa partiu de um grupo de alunos.
“Eles observaram que, todos os dias, oito quilos de comida iam para o lixo”, diz. “Inspirados por esse panorama, montaram cartazes, espalharam panfletos e convidaram um palestrante para falar sobre o tema na escola.” Além disso, os alunos apresentaram uma proposta à coordenação para que cada um servisse sua própria comida em vez de serem servidos por um funcionário do colégio, evitando excessos.
Outro projeto desenvolvido em 2014 foi o Ligados na Saúde, um aplicativo para smartphones que indica a quantidade de calorias contida em uma série de alimentos. Cátia explica que o software serve para consultas e também para auxiliar no controle das calorias consumidas diariamente. Os alunos contam com a orientação de um professor e suporte técnico da escola.
Além das iniciativas dos alunos, o novo currículo prevê ainda a prática de esportes, como esgrima e judô, e atividades culturais, como aulas de música. Os professores e toda a equipe pedagógica envolvida recebem formação constante sobre novas metodologias que ajudem a preparar o jovem para desenvolver sua autonomia, visando uma educação plena.
Sala de esportes
Além das disciplinas básicas, os alunos praticam
uma série de atividades extras, como esgrima, judô e dança.
 (foto: Cris Torres e Marcia Costa)
Para Willmann Costa, professor e diretor geral do Ceca, isso estimula tanto o aluno quanto o profissional, que ajuda a formar cidadãos. “A proposta é trabalhar de forma colaborativa, transformando positivamente o ambiente da sala de aula por meio do diálogo entre professores e alunos”, diz Costa. “Com isso, o aluno é levado a desenvolver a autogestão e o protagonismo”.
Os resultados obtidos pelo projeto têm sido positivos. No terceiro bimestre de 2014, os alunos do Ceca tiveram um desempenho 62% superior ao dos estudantes de outras escolas da rede estadual avaliadas pelo sistema Saerjinho em língua portuguesa. Já em matemática, a performance foi 72% melhor. Após dois anos de projeto, Costa aponta que já é possível observar mudanças no comportamento dos alunos. “Após entrarem em contato com o modelo, eles se tornam mais falantes, questionadores e defensores de seus pontos de vista”, diz o professor. “Além disso, cuidam melhor do ambiente da escola.” Os coordenadores do projeto sinalizam a intenção de expandir o modelo para outras escolas da rede de ensino público do Rio de Janeiro. Além do Ceca, ele já tem sido aplicado de forma simplificada em algumas escolas do Rio de Janeiro integrantes do Programa Ensino Médio Inovador (ProEMI), estratégia do Ministério da Educação que apoia o desenvolvimento de propostas curriculares inovadoras. Além disso, o modelo também é aplicado parcialmente em 700 escolas distribuídas por todo o estado do Rio de Janeiro.
Para Simone André, o projeto alavanca a educação no país. “O Rio de Janeiro já vem superando alguns de seus desafios da educação”, diz. “Os resultados positivos dessa nova proposta pedagógica serão muito importantes para conscientizar a sociedade brasileira quanto à necessidade de se repensar o atual modelo de ensino médio”, conclui.

Valentina Leite
Ciência Hoje On-line

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA

Uma sugestão é a publicação PEQUENO MANUAL DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA. Abaixosegue um resumo escrito pelo autor.



PEQUENO MANUAL DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA - UM RESUMO

Cássio Leite Vieira
Julho 2004
Introdução
Em 1999, publiquei um livreto de 50 páginas, o Pequeno Manual de Divulgação Científica – Dicas para Cientistas e Divulgadores da Ciência (Ciência Hoje / USP, Rio de Janeiro / São Paulo). A iniciativa nasceu de meu trabalho na Ciência Hoje, revista de divulgação científica publicada pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência desde 1982.
A Ciência Hoje tem semelhanças com a Scientific American. A maior delas é que grande parte do conteúdo de ambas é formado por artigos escritos por pesquisadores. Porém, diferentemente de sua similar norte-americana, a Ciência Hoje tem como principal objetivo fazer com que os cientistas brasileiros escrevam para o grande público.
Na última década, tenho trabalhado na Ciência Hoje como editor de textos da área de ciências exatas. Nesse cargo, minha função é adequar conteúdo e linguagem dos originais enviados pelos cientistas para leitores não especializados. No entanto, o material que chegava às minhas mãos era inadequado para o público da revista, em geral dotado de linguagem técnica, incluindo, às vezes, fórmulas complexas e jargões impenetráveis – de certa forma, porém em proporção bem menor, essa situação persiste até hoje. Na época, o fato de a revista não ter um 'manual com regras para os autores' complicava bastante meu trabalho. Portanto, decidi preparar um. O resultado foi o Pequeno Manual, uma relação de normas básicas, baseadas no bom senso e voltadas para uma redação direcionada ao grande público.
O resumo a seguir é uma adaptação desse manual, ou seja, regras simples seguidas de explicações concisas. Talvez, a simplicidade – e mesmo a obviedade – da maioria delas seja reflexo da situação na América Latina, onde a cultura de se escrever sobre ciência para o grande público não é tão disseminada quanto na Europa e nos Estados Unidos. No entanto, espero que esse conjunto de regras seja útil para pesquisadores, divulgadores da ciência e jornalistas de outros países.
LINGUAGEM
Atenção para as diferenças de linguagem
A linguagem para um artigo de divulgação científica deve ser diferente daquela empregada num artigo científico. Inacreditavelmente, alguns pesquisadores ainda não conseguiram perceber isso.
"Fisgue" o leitor
A introdução ou o primeiro parágrafo de um artigo de divulgação científica são cruciais para "fisgar" a atenção do leitor e motivá-lo a chegar até o fim do texto. Romances e contos, em geral, guardam o melhor para o final. Mas, no caso de um artigo de divulgação científica, é preferível que se comece com uma imagem de impacto, com uma passagem marcante. Enfim, algo que surpreenda o leitor.
Evite espantar o leitor no primeiro parágrafo
Um início complicado, com fórmulas e conceitos difíceis, é uma receita infalível para fazer o leitor abandonar a leitura depois das primeiras linhas.
Use e abuse das analogias
Analogias são essenciais em um artigo de divulgação científica. Melhor usar aquelas que aproximem os conceitos científicos de fenômenos do dia-a-dia do leitor. Mas, sempre que necessário, aponte os limites da analogia empregada, para evitar que o leitor faça extrapolações indevidas. Por exemplo, "Segundo a fórmula mais famosa da ciência, E = mc2 (E para energia, m para massa e c para velocidade da luz), um quilo de matéria geraria cerca de 25 bilhões de kWh, energia suficiente para suprir, por 8 meses, o atual consumo de energia elétrica no Brasil. No entanto, os físicos ainda não sabem como transformar matéria em energia com 100% de eficiência, e, em termos práticos, esse percentual é muito baixo. Mesmo em explosões de bombas atômicas, essa taxa não chega a 1%."
Seja preciso
Qualquer informação (científica ou não) deve ser precisa. Sempre. Além disso, em divulgação científica, é vital distinguir especulações de resultados comprovados.
Mire no seu público
Talvez, essa seja a regra mais importante apresentada aqui: sempre tenham em mente o seu público. Até mesmo Einstein fez isso (veja o prefácio de Evolução das Idéias da Física). Esta regra é válida qualquer que seja seu público, de crianças a especialistas.
Evite fórmulas
Sempre. Se você tiver que usá-las, inclua o significado dos termos. Mesmo fórmulas famosas como E = mc2 devem ser explicadas. O mesmo alerta vale para equações químicas.
Humor
Humor pode tornar a leitura mais agradável para o leitor, aumentando as chances de ele ir até o final do artigo. Porém, não exagere, para não ofendê-lo.
Sem rococós
Use uma linguagem simples, direta e informal, sem rococós. Lembre-se: simplicidade da linguagem não é incompatível com a riqueza de conteúdo.
Enxugue o texto
Compare "É expressamente proibido fumar nesta sala" com "Não fume". É fácil ver qual é preferível. Lembre-se: espaço é precioso em jornais e revistas (veja abaixo "Nem 8, nem 80").
Evite jargões
Eles tornam o artigo "pesado". Mas, se for preciso usá-los, explique-os entre parênteses ou num glossário (veja próximo item).
Explique sempre
Dissemos para evitar jargões. Porém, é quase impossível evitar conceitos científicos. Portanto, explique-os da forma mais simples possível. Exemplos: cloreto de sódio (sal); hidróxido de sódio (soda cáustica); mitocôndria (fábrica de energia da célula). Evite usar um termo científico para explicar outro: férmions (partículas que obedecem à estatística de Fermi-Dirac). Quando uma explicação parecer impossível, esforce-se um pouco mais. Use uma analogia. Transmita o conceito de forma aproximada – isso é preferível a mantê-lo ininteligível em nome do preciosismo.
Boxes para o mais complicado
Precisa descrever algo mais complicado ou técnico? Ponha-o num boxe ou num texto à parte. Mas não se esqueça de simplificar os conceitos e passagens mais difíceis.
Quem é, o que faz e onde nasceu
Prefira "o físico dinamarquês Niels Bohr (1885-1962)" em vez de "Bohr". Empregue "em 1998, o físico britânico Joe Olmi, do Departamento de Inteligência Artificial da Universidade do Reino Unido, publicou um artigo sobre nanorrobôs no Journal of Robotics (vol. 20, n. 456, p. 457)..." em vez de "Segundo Olmi (J. of Rob. 1998)...".
Siglas por extenso
Ninguém é obrigado a conhecer siglas. Portanto, use, por exemplo, "Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC)" em vez de apenas "SBPC".
Nem rodapés, nem agradecimentos
Em jornais e revistas, não há espaço para notas de rodapé nem agradecimentos. Evite também citações bibliográficas como (Science 43 (6543):53, 1992). Em geral, essa forma nada significa para o leitor não especializado. Caso seja necessário citar um artigo, use algo como "[...] publicado na revista científica norte-americana Science (vol. 43, n. 6.543, 1992, p. 53)."
Não dê falsas esperanças
Em artigos sobre temas médicos, deixe claro, se for o caso, que os resultados apresentados estão longe de se tornarem um medicamento ou um tratamento para a cura da doença. Seu leitor (ou algum parente ou amigo dele) pode ser um portador da doença em questão.
FORMA
Obedeça à "ditadura do espaço-tempo"
A mídia sofre da chamada "ditadura do "espaço (ou tempo)". Em jornais e revistas, por exemplo, o número de palavras escritas deve se adaptar ao espaço reservado para o seu artigo. Portanto, seja conciso e se conforte com o fato de que nem mesmo a Enciclopédia Britannica contém toda a informação sobre um determinado assunto.
Nem 8, nem 80
Escreva o número de palavras que o editor lhe pediu. Artigos longos precisam ser cortados. Os curtos devem ser encompridados – e alguns jornalistas dizem que, pior que cortar um artigo de outro autor, é ter que aumentá-lo. O melhor jeito de evitar surpresas é pedir ao editor o número de palavras.
Sugira títulos
Títulos são a primeira coisa a ser lida. Criá-los é um tipo de arte praticada por editores experientes – em jornais, os títulos obedecem a critérios rígidos em relação ao número de palavras. No entanto, sugestões são sempre bem-vindas por qualquer editor.
Dê uma pausa ao leitor
Parágrafos curtos são preferíveis a longos. Jornais geralmente usam os curtos. Mas, mesmo escrevendo para revistas, evite os longos, pois é melhor dar ao leitor uma pausa para que ele pense a respeito do que acabou de ler.
Procure enviar imagens
Tanto para jornais quanto revistas, tente enviar boas ilustrações ou, no mínimo, indicar ao editor onde elas podem ser encontradas. Imagens em alta resolução (300 dpi) são preferíveis. Evite enviar gráficos, esquemas ou tabelas complicados, pois a maioria das pessoas tem dificuldade em interpretá-las.
Ponha legendas nas imagens
Certa vez, enquanto editava um artigo, olhei para uma imagem que acompanhava o texto e escrevi na legenda que a criatura era uma lagarta. Era um peixe. Esse tipo de erro é bem possível quando imagens vêm sem legendas. Portanto, não se esqueça delas em suas fotos ou ilustrações.
Lembre-se dos créditos
Nunca, nunca se esqueça de dar o crédito ao autor da foto. No caso de ilustrações, tabelas, diagramas, esquemas etc., cite a fonte. Em caso de dúvida, consulte o editor, que provavelmente saberá se uma imagem pode ou não ser reproduzida.
Outro ponto de vista
Se possível, inclua um outro ponto de vista sobre o tema em discussão em seu artigo. A falta dele pode dar ao leitor a idéia errada de que seu texto é a palavra final sobre o assunto.


Fica aqui mais uma sugestão de trabalho.
Abraços, Edneide Silva.

INICIATIVAS E OPINIÕES QUE PODEM AJUDAR PROFESSORES A REFLETIR SOBRE O EF E TORNAR MAIS PRAZEROSA A EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS

DISPONÍVEL: http://cienciahoje.uol.com.br/alo-professor/intervalo/2015/01/boas-ideias  

ACESSO: 19/01/2014 as 19:12h

Por: Vera Rita da Costa
Publicado em 16/01/2015 | Atualizado em 16/01/2015
Boas ideias
Assim como avisa o ditado popular que ‘de grão em grão, a galinha enche o papo’, podemos considerar
 também que ‘de ideia em ideia, a educação se alimenta’.
 (foto: Martin Rotovnik/ Freeimages)
 
No quadro 'Alô, professor',da REVISTA CIÊNCIA HOJE, é possível divulgar e discutir ideias e iniciativas que ajudam a ampliar e tornar mais prazeroso e eficiente o ensino de ciências em nosso país. E, em relação a essa  ‘missão’, pode-se dizer: o ano de 2015 começa muito bem.
O motivo da empolgação? Nada surpreendente. Nada mirabolante. Simplesmente porque chegaram à redação informações e dicas que gostaríamos de compartilhar. Não são ideias que vão, de maneira isolada, transformar e resolver a questão da educação científica no Brasil, mas elas têm o potencial de fazer os professores de ciências refletir e se entusiasmar no empreendimento de novas propostas.
Como adverte o dito popular, ‘de grão em grão, a galinha enche o papo’. De ideia em ideia, portanto, pode-se considerar que também a educação se alimente. 
A primeira das dicas que chegaram e que gostaríamos de compartilhar com os professores de ciências é a leitura da entrevista que a escritora Marina Colassanti deu à Folhinha (a seção para crianças do jornal Folha de S. Paulo), publicada logo na primeira semana do ano e que se encontra na íntegra aqui.
É uma entrevista curta e simples, mas muito significativa. Nela, a escritora, que acaba de ganhar seu sétimo prêmio Jabuti com a obra Breve história de um pequeno amor (FTD, 2013), discute a importância da literatura infantil, assim como a falta de reconhecimento e cuidado para com esse gênero literário em nosso país. 
O interessante na entrevista de Marina Colassanti para quem é professor de ciências não está, no entanto, apenas nesses temas. Na realidade, está subentendido ou expresso em questões transversais a essas e que interligam de forma sutil a literatura e o ensino formal. 
Um exemplo? A ideia de que tudo o que está voltado para crianças e jovens tem que ser educativo ou, nas palavras da própria escritora, “ter um pé amarrado na educação” e “carregar conhecimentos”. Outro? A ideia de que aquilo que é voltado para o público infantil e jovem em nosso país tem que ser simplificado. 
“No Brasil, a literatura chega às crianças quase que exclusivamente através da escola. Num país onde quem compra o livro é o governo e os professores não costumam ler, escolhem-se obras educativas e o mais simplificadas possível”, diz a certo momento Marina Colassanti.
Para quem está de alguma forma envolvido com a educação, o conteúdo da entrevista de Marina Colassanti dá realmente o que pensar. E, mais especificamente para quem ensina ciências, também fornece elementos para questionar e refletir.

Envenenamento do ensino?

Uma questão imediata que surge a partir da leitura da entrevista é, por exemplo, se aquilo a que Colassanti se refere como o que “envenena a literatura” não estaria também envenenando o ensino de ciências e a educação de modo geral. 
Em outras palavras, como aponta a escritora para a literatura infantil e juvenil, é de se perguntar se não estamos – também em outras áreas – subestimando a inteligência de crianças e jovens, simplificando, banalizando ou priorizando conteúdos que os adultos acreditam ser interessantes e importantes para eles, mas de fato não o são. 
A segunda dica que chegou a nós e que queremos compartilhar é uma interessante palestra intitulada ‘A ciência é para todos, inclusive para crianças’, que se encontra entre aquelas disponibilizadas pela Fundação TED (Technology, Entertainment, Design), e que foi proferida em conjunto por Beau Lotto e Amy O'Toole. 
Beau Lotto é um conhecido neurocientista, coordenador do Estúdio Lottolab, um espaço de pesquisas sobre a percepção, instalado no Museu de Ciências de Londres (Science Museum). Amy O´Toole, por sua vez, é ‘apenas’ uma estudante de ciências que, na época da palestra em questão (2012), tinha 12 anos.
Repare que no parágrafo anterior colocamos a palavra apenas entre aspas, porque talvez ela não seja a mais adequada para apresentar Amy O´Toole. Afinal, ela não é simplesmente uma estudante, como o senso comum poderia nos fazer pensar. Ela é uma das 25 crianças, entre oito e 10 anos de idade, que Beau Lotto orientou em 2010 em projeto sobre percepção das abelhas, e que se tornaram os mais ‘jovens cientistas’ a darem uma contribuição original em uma área científica e a publicarem seus resultados em uma revista reconhecida pela comunidade científica.

Assista abaixo à palestra dada em conjunto por Beau Lotto e Amy O´Toole para a TED


O projeto de pesquisa do qual participou Amy O'Toole foi realizado em uma escola primária pública do Reino Unido (Blackawton Primary School), sob a orientação do Estúdio Lottolab. Chamava-se originalmente Projeto Abelhas de Blackawton e progrediu percorrendo as etapas básicas que praticamente toda pesquisa científica segue. 
Em linhas gerais, como explica Beau Lotto em sua apresentação na TED, as crianças propuseram perguntas sobre o comportamento das abelhas que lhes eram de interesse, selecionaram aquelas que julgaram as melhores, fizeram observações, coletaram, organizaram e analisaram dados e chegaram a conclusões que foram submetidas à apreciação da comunidade científica por meio de um artigo escrito por elas e apresentado a uma revista reconhecida na área.

Contribuição original

A maior dificuldade encontrada, como relata Beau Lotto, não esteve em nenhum momento com as crianças ou seu trabalho de pesquisa que durou cerca de quatro meses. Esteve apenas em convencer as pessoas que, de fato, mesmo crianças são capazes de gerar conhecimento científico original – processo que levou quase dois anos para acontecer e que atrasou, inclusive, a divulgação dos resultados obtidos pelas crianças. 
Os próprios professores envolvidos com o projeto, por exemplo, não acreditavam inicialmente que seus alunos seriam capazes de realizar ciência e precisaram ser convencidos disso. Também o comitê científico que analisou o pedido de financiamento da pesquisa proposto pelas crianças desacreditou da capacidade delas de gerarem conhecimento original, rejeitando qualquer ajuda e justificando seu parecer com a observação de que “crianças não poderiam dar uma contribuição útil para a ciência”. 
Para que o artigo final fosse publicado, foi preciso, ainda, vencer outras barreiras existentes também na comunidade científica. Uma delas, o fato de a linguagem empregada no artigo não seguir o formalismo exigido nas publicações científicas, mas se valer da linguagem narrativa, que é própria das crianças (o artigo inicia-se, por exemplo, com a célebre frase “Era uma vez...”). Outro, o fato de as tabelas terem sido coloridas a lápis de cor, motivo também considerado na rejeição inicial da publicação, por não atender ao “controle de qualidade exigido para publicações científicas”.
Gráficos de crianças
Os gráficos feitos pelas crianças, coloridos a lápis, foram um dos motivos que fizeram com que o artigo fosse inicialmente rejeitado pelo periódico, por não atender ao “controle de qualidade exigido para publicações científicas”. 
(imagem: Reprodução/ Biology Letters)
 

Estudantes ‘divulgadores’

Por fim, para começar o ano realmente animados, queremos também comentar uma iniciativa de que tomamos conhecimento e que nos parece um exemplo de que é possível ensinar ciência de modo realmente eficaz e prazeroso. 
Trata-se de um projeto de pesquisa e produção de conhecimento realizado pelos alunos do 2º ano do ensino médio da Escola Estadual de Ensino Médio Cecília Meireles, em Sapucaia do Sul (RS), orientados por suas professoras de biologia, Gisele Fontinelli, e de língua portuguesa, Keli Rabello.
No projeto, os alunos constataram a contaminação do solo de algumas praças da cidade em que moram e procuraram, por meio de um texto de divulgação, alertar a população para os riscos envolvidos no uso desses locais públicos e sobre a necessidade da prática de medidas simples para a prevenção de doenças. 
Nas aulas de biologia, tiveram oportunidade de aprender técnicas de coleta e análise de solo, o que lhes permitiu constatar a presença de parasitas, principalmente em tanques de areia e espaços de lazer de praças de sua cidade, e identificá-los. Nas aulas de língua portuguesa, puderam aprimorar as habilidades de leitura e escrita, ao estudar textos técnicos e de divulgação científica e exercitar como produzi-los.
Os alunos da Escola Estadual de Ensino Médio Cecília Meireles adquiriram, assim, importantes informações e desenvolveram também variadas habilidades. Mas, o que dizer dos valores aprendidos? 
Certamente, eles estiveram presentes no processo de ensino e aprendizagem desenvolvido nesse projeto. Não contentes em apenas ‘conquistar’ informações para si, os alunos decidiram em conjunto com suas professoras e orientadoras também compartilhar os conhecimentos adquiridos – e esse é um valor essencial na ciência.
A etapa final do projeto, portanto, envolveu a produção de um texto coletivo de divulgação, destinado às crianças e escrito nos moldes daqueles publicados na revista Ciência Hoje das Crianças, a ser divulgado na comunidade local. 
O texto dos alunos de Sapucaia do Sul também foi enviado para nós, do Instituto Ciência Hoje, para que soubéssemos e compartilhássemos com nossos leitores não apenas as informações nele contidas, mas também a ideia de que há esperança para o ensino de ciências e para a divulgação científica em nosso país, porque também entre nós, há boas iniciativas sendo desenvolvidas.

Vera Rita da Costa
Ciência Hoje/ SP

MOVIMENTANDO A COMUNIDADE ESCOLAR......


            Mobilizar a comunidade para uma participação efetiva na escola, realizar um gestão realmente democrática não é uma tarefa das mais fáceis no cotidiano escolar. Contudo, o Projeto Político Pedagógico é um documento de grande importância, podemos dizer que o PPP é a bússola que norteia e encaminha as atividades a serem desenvolvidas no espaço escolar. Deste modo, o PPP se caracteriza como mais que um aglomerado de planos e atividades, e não deve ser construído para arquivo, sobretudo, deve ser vivenciado em todos os momentos e por todos os envolvidos no processo educativo. Para que isto seja real, deve acontecer por meio das discussões e reuniões que envolvem toda a comunidade escolar, entre equipe administrativa, financeira, pedagógica, alunos, familiares e a comunidade. Creio que para realizar uma mobilização que dê frutos e realmente envolva toda comunidade as estratégias usadas devem ser baseadas e estruturadas em objetivos coerentes e significativos; um caminho possível é a formação dos atores envolvidos, no que diz respeito às políticas públicas que norteiam a educação, a participação no espaço escolar, nas reuniões, conselhos, etc. e deve ser mais que integração entre família e escola, antes de qualquer coisa, deve ser entendida como participação política, como pleno exercício de direitos e cumprimento de deveres, participação ativa no processo de gestão democrática da educação.
            Segundo o Dicionário Eletrônico Houaiss “mobilizar” como “por (se) em ação (um conjunto de pessoas) para uma tarefa, uma campanha, etc. Conclamar pessoas a participarem de uma atividade social, política ou de outra natureza, insuflando-lhes entusiasmo, vontade, etc.” Conforme a explicação do verbete é necessário instigar as pessoas da comunidade escolar para a construção do Projeto, despertando-lhe o entusiasmo, suas energias; envolver-lhes mais que fisicamente. Emocionalmente. O grupo de sistematização do documento tem como atribuição “animar” os participantes, tornando o trabalho vivo, produtivo, criativo. Segue abaixo algumas sugestões que algumas escolas ou órgão de educação podem insuflar sua comunidade em torno de seus objetivos, aproximando-se mais da coletividade.Guardadas as proporções as equipes de sistematização podem adotar diversas estratégias mobilizadoras (BRASIL, 2005, P. 80-82):Criação de várias equipes temáticos com a finalidade de descentralizar as ações; Utilização dos meios comunicação disponíveis (rádios, jornais, cartazes,...).
            Alguns aspectos básicos devem estar presentes na elaboração do projeto pedagógico de qualquer escola. Antes de mais nada, é preciso que todos conheçam bem a realidade da comunidade em que se inserem para, em seguida, estabelecer o plano de intenções - um pano de fundo para o desenvolvimento da proposta. Na prática, a comunidade escolar deve começar respondendo à seguinte questão: por que e para que existe esse espaço educativo? Uma vez que isso esteja claro para todos, é preciso olhar para os outros três braços do projeto. São eles: - A proposta curricular - Estabelecer o que e como se ensina, as formas de avaliação da aprendizagem, a organização do tempo e o uso do espaço na escola, entre outros pontos. - A formação dos professores - A maneira como a equipe vai se organizar para cumprir as necessidades originadas pelas intenções educativas. - A gestão administrativa - Que tem como função principal viabilizar o que for necessário para que os demais pontos funcionem dentro da construção da "escola que se quer".  Assim, é importante que o projeto preveja aspectos relativos aos valores que se deseja instituir na escola, ao currículo e à organização, relacionando o que se propõe na teoria com a forma de fazê-lo na prática - sem esquecer, é claro, de prever os prazos para tal. Além disso, um mecanismo de avaliação de processos tem de ser criado, revendo as estratégias estabelecidas para uma eventual re-elaboração de metas e ideais. Indo além, o projeto tem como desafio transformar o papel da escola na comunidade. Em vez de só atender às demandas da população - sejam elas atitudinais ou conteudistas - e aos preceitos e às metas de aprendizagem colocados pelo governo, ela passa a sugerir aos alunos uma maneira de "ler" o mundo.
            A elaboração do projeto pedagógico deve ser pautada em estratégias que deem voz a todos os atores da comunidade escolar: funcionários, pais, professores e alunos. Essa mobilização é tarefa, por excelência, do diretor. Mas não existe uma única forma de orientar esse processo. Ele pode se dar no âmbito do Conselho Escolar, em que os diferentes segmentos da comunidade estão representados, e também pode ser conduzido de outras maneiras - como a participação individual, grupal ou plenária. A finalização do documento também pode ocorrer de forma democrática - mas é fundamental que um grupo especialista nas questões pedagógicas se responsabilize pela redação final para oferecer um padrão de qualidade às propostas. É importante garantir que o projeto tenha objetivos pontuais e estabeleça metas permanentes para médio e longo prazos (esses itens devem ser decididos com muito cuidado, já que precisam ser válidos por mais tempo).

            O diretor deve garantir que o processo de criação do projeto pedagógico seja democrático, da elaboração à implementação, prevendo espaço para seu questionamento por parte da comunidade escolar. O gestor é a figura que articula os diferentes braços operacionais e conceituais em relação ao plano de intenções, a base conceitual do documento. É quem deve antecipar os recursos a serem mobilizados para alcançar o objetivo comum. Para sua implantação, ele também cuida para que projetos institucionais que se estendam a toda a comunidade escolar - como incentivo à leitura ou à proteção ambiental - não se percam com a chegada de novos planos, mantendo o foco nos objetivos mais amplos previstos anteriormente. Além disso, é ele quem garante que haja a homologia nos processos, ou seja, que os preceitos abordados no "plano de intenções" não se deem só na relação professor/aluno, mas se estendam a todas as áreas. Por exemplo: se ficou combinado que a troca de informações entre pares colabora para o processo de aprendizagem e é positiva como um todo, a organização dos espaços da escola deve propiciar as interações, a relação com os pais tem de valorizar o encontro entre eles, as propostas pedagógicas precisam prever discussões em grupo etc.
            É muito comum que o plano de intenções - que deve ser o objetivo maior e o guia de todo o resto - não fique claro para os participantes e que isso só se perceba no decorrer de seu processo de implantação. Outro aspecto frequente é que os meios e as estratégias para chegar aos objetivos do projeto pedagógico se confundam com ele mesmo - por exemplo, que a pontualidade nas reuniões ganhe mais importância e gere mais discussões do que o próprio andamento desses encontros. Um processo democrático traz situações de divergência para dentro da escola: os atores têm diferentes compreensões sobre o que é de interesse coletivo. Por isso, é preciso estabelecer um ambiente de respeito para dialogar e chegar a pontos de acordo na comunidade. Outro ponto que gera problemas é a confusão com o Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE) - documento que guia municípios e instituições a desenvolver objetivos e estratégias para melhorar o acesso, a permanência e os índices de aprendizagem das crianças.


                                                                                                                                           Edneide Silva