segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

TEXTO: O COORDENADOR PEDAGÓGICO NA EDUCAÇÃO BÁSICA: desafios e perspectivas


Após a leitura do texto, é possível identificar a importância do papel do coordenador pedagógico no planejamento escolar e pontuar as dificuldades encontradas no exercício desse papel.





            De modo geral percebi que o próprio texto responde a  pergunta formulada e dessa forma o adaptei, uma vez que o mesmo é muito claro e objetivo.

            O texto discute o papel do coordenador pedagógico no cotidiano escolar frente a formação continuada de professores. A importância e atualidade deste tema na universidade, bem como no seio da escola de educação básica, local do exercício de liderança deste profissional, certamente se mostram pontuais na organização e desdobramento das atribuições do coordenador em relação ao seu papel, em relação ao seu compromisso teórico-metodológico, ao estabelecimento de um clima organizacional propício ao desenvolvimento de um trabalho pedagógico que respeite as distintas vozes que se apresentam no âmbito escolar. Por meio de uma revisão de literatura, foram selecionados alguns pontos recorrentes para a discussão do objeto de estudo, o que possibilitou a constatação que a prática pedagógica se constrói pela contribuição de todos os atores sociais, cujo sujeito facilitador, pode ser materializado, dentre outros, na figura do coordenador pedagógico.

            O trabalho poder ser caracterizado como uma reflexão sobre o papel e intervenções do coordenador pedagógico, que partiu preliminarmente de vivências na escola de educação básica e contribuições de literatura especializada. Propõe uma abertura de discussão recorrente, portanto, num itinerário dialético, em que o coordenador pedagógico pode e necessita desenvolver continuamente uma leitura proximal de sua realidade e dos atores sociais que compõem e vive o saber fazer. Neste caso, como agente responsável pela formação continuada de professores, o coordenador pedagógico deve sensibilizar seu saber-fazer de maneira a não unilateralizar as tomadas de decisão, como se tivesse todas as respostas para os encaminhamentos pedagógicos e resoluções de conflitos que inquietam a equipe docente. Lima (2007) observa que quando o saber-fazer parte de uma concepção sensível da realidade, onde figura como o mais importante a possibilidade de se trabalhar a intervenção pedagógica pela necessidade do grupo, pela identificação das manifestações que impactam mais e de forma significativa estudantes e professores, não necessariamente somente causa prazer no clima organizacional da escola, mas promove a reflexão, o desafio, a significação da trajetória histórica em que vivem e desta, numa contextualização social, da qual a escola não está à margem.

            O artigo está organizado em cinco seções, a saber:

 a) alguns olhares sobre o papel do coordenador pedagógico na instituição escolar;

b) Sobre a necessidade de um outro olhar do coordenador pedagógico;

c) a intervenção do coordenador pedagógico na formação continuada de professores;

d) o tempo de construção na construção do trabalho pedagógico; e

e) a ação e participação pedagógica por meio de ações coletivas.

            De modo que aqui estabelecerei um direcionamento ao tópico a. Assim, podemos entender a coordenação pedagógica como uma assessoria permanente e continuada ao trabalho docente, cujas principais atribuições, dentre outras, podem ser listadas em quatro dimensões como aponta Piletti (1998, p. 125):

a) acompanhar o professor em suas atividades de planejamento, docência e avaliação;

b) fornecer subsídios que permitam aos professores atualizarem-se e aperfeiçoarem-se constantemente em relação ao exercício profissional;

c) promover reuniões, discussões e debates com a população escolar e a comunidade no sentido de melhorar sempre mais o processo educativo;

d) estimular os professores a desenvolverem com entusiasmo suas atividades, procurando auxiliá-los na prevenção e na solução dos problemas que aparecem.

            Entretanto, a despeito deste quadro de atribuições e até por desconhecimento das mesmas, muitos olhares são lançados sobre a identidade e função do coordenador pedagógico na escola, não raras vezes pelos próprios pares e comunidade intra e extraescolar caricaturizando-o em “modelos” distintos e cobrando-lhe a determinação do sucesso da vida escolar e encaminhamentos pertinentes às problemáticas que se sucedem no cotidiano. Várias metáforas são construídas sintetizando o seu papel e função na escola com distintas rotulações ou imagens, dentre elas, a de “bom-bril” (mil e uma utilidades), a de “bombeiro” (o responsável por apagar o fogos dos conflitos docentes e discentes), a de “salvador da escola” (o profissional que tem de responder pelo desempenho de professores na prática cotidiana e do aproveitamento dos alunos).        Além destas metáforas, outras aparecem definindo-o como profissional que assume uma função de gerenciamento na escola, que atende pais, alunos, professores e também se responsabiliza pela maioria das “emergências” que lá ocorrem, isto é, como um personagem “resolve tudo” e que deve responder unidirecionalmente pela vida acadêmica da escola. Deste imaginário construído, muitas vezes o próprio coordenador o encampa como seu e passa a incorporar um “modelo” característico forjado em crenças institucionais e do senso comum. Analisando essas imagens comuns na vivência de coordenadores pedagógicos, foi organizada a pesquisa de campo de índole qualitativa com questões semi-estruturadas, tendo como sujeitos epistemológicos, coordenadores pedagógicos da Rede Municipal de ensino de São Paulo, na qual foram indagados sobre a percepção profissional do coordenador sobre as imagens que derivam do imaginário social da escola e da perspectiva do papel de deste profissional para a atualidade. Nas falas do universo amostral dos sujeitos (em número de 10) percebesse uma queixa unânime sobre a sua desorientação e quase perda de identidade profissional e houve a constatação que o cotidiano das escolas e algumas crenças no seu interior inviabilizam a reflexão sobre suas práticas, perspectivas e possibilidades de sua intervenção no universo docente. Outro ponto relevante, apontado como uma das dificuldades do coordenador pedagógico no desenvolvimento de seu trabalho é a definição do seu campo de atuação na escola. Assim, por não ter claro o seu papel ou mesmo tendo claro, mas abrindo mão dele por conta das crenças auto-realizadoras no interior da escola, acompanha o ritmo ditado pelas rotinas ali arraigadas.

            Ao serem indagados sobre seu conhecimento sobre o papel e campo de atuação na escola, os coordenadores pedagógicos são unânimes em afirmar que uma das atribuições mais importantes é a de formação continuada, desenvolvida junto aos professores, trabalho que necessitaria estar articulado aos princípios pedagógicos assumidos pela escola, por meio de uma leitura sistemática e intencional da realidade contextual. Segundo seus relatos é isso que as comunidades intra/extra escolar esperam, entretanto, frente a inúmeras questões que são colocadas para o profissional resolver, inclusive no caso de ausência do restante da equipe técnica, mesmo essa atribuição não é suficientemente desenvolvida. Desta maneira os sujeitos epistemológicos concluem que ao término do ano, no momento da avaliação da escola e de seus profissionais surgem respostas que causam instabilidade emocional como se a responsabilidade pelo andamento do trabalho pedagógico da escola fosse somente sua. Observam que quando da pergunta “Como foi o andamento do trabalho do coordenador pedagógico neste ano?” Não raras vezes, como resposta ouve-se que foi um trabalho sem objetividade, muito diretivo, de muito discurso e pouca ação. Outras indagações de tonalidades irônicas, levantadas pelos coordenadores pedagógicos, que lhes são colocadas e cobradas, relativizando sua importância no interior da escola são: “Os índices de repetência e evasão continuam altos ? Os especialistas são burocratas e não colaboram para diminuir isto, então para que servem ?

            Na tentativa de responder às demandas da escola, conforme as imagens cunhadas em seu interior, o coordenador pedagógico afasta-se de seu referencial atribuitivo, que não as nega, mas por meio de um trabalho intencional, planejado e contextualizado orienta-as pela conscientização de suas atribuições e de seu papel referencial de coordenador de ações. Este afastamento instabiliza o profissional, a tal ponto que, segundo Bartman (1998, p.1):...o coordenador não sabe quem é e que função deve cumprir na escola. Não sabe que objetivos persegue. Não tem claro quem é o seu grupo de professores e quais as suas necessidades. Não tem consciência do seu papel de orientador e diretivo. Sabe elogiar, mas não tem coragem de criticar. Ou só critica, e não instrumentaliza. Ou só cobra, mas não orienta. Neste continuum dimensional de conflitos intra-escola o coordenador pedagógico tem constrangimento de sua autoridade porque confunde com autoritarismo, desta maneira, constrange-se em abordar questões evidentes que concorrem para um mal andamento do trabalho pedagógico, por isso se omite. Confunde a atribuição de seu papel profissional com imposições normativas, bem como democracia, autoridade e autoritarismo, ficando sem norte e não raras vezes com um sentimento de perda de identidade profissional intra-escola. Há que se buscar, portanto, um outro olhar acerca da relevância do trabalho do coordenador pedagógico na escola, mediado pelo equilíbrio de suas atribuições como um dos eixos imprescindíveis às práticas pedagógicas sistematizadas onde cada um e todos se tornam co-responsáveis pelo processo ensino-aprendizagem.


                                                                        Edneide Silva

APRENDIZAGEM ESCOLAR E TRABALHO PEDAGÓGICO


            Sabendo que a educação no Brasil, de modo geral, não atende as necessidades dos educando e que, portanto, em nossa região Nordeste a realidade não é em nada diferente, é que ao longo dos resultados das avaliações externas aplicadas, surgiu de modo mais evidente a consciência de que o trabalho do professor vai muito além de apresentar conteúdos referentes à disciplina por ele trabalhada. Dessa forma, a formação continuada desse profissional da educação se faz cada vez mais necessária, pois a partir daí acredita-se estar oferecendo condições para que o mesmo possa melhorar sua ação pedagógica. Para tanto, a formação em serviço é uma excelente forma de se aplicar e ao mesmo tempo avaliar os resultados desse processo formativo, de modo a realizar adaptações de acordo com a realidade trabalhada. E no árduo papel de auxiliar ao professor nessa etapa está o coordenador pedagógico, que dentre tantas funções a ele atribuídas, muitas até sem nenhuma relação pedagógica, está o de formador.
            Ao desempenhar essa função, o coordenador pedagógico faz a articulação entre a teoria estudada na formação e a pratica dessa teoria por parte do professor em sala de aula, de modo que essa associação passa a ser o eixo central na formação de professores, possibilitando aos mesmos refletirem de modo mais efetivo sobre suas práticas pedagógicas.
            Contudo, se faz necessário lembrar que enquanto formador, o coordenador pedagógico também deve se dedicar a sua formação e uma forma, é também participar de momentos de estudo com outros coordenadores de modo a trocarem experiências, sugestões de atividades que viabilizem o momento da formação dos professores por eles conduzidos. É valido lembrar que, essa formação, por ocorrer em serviço deve despertar no professor o máximo de interesse, muito embora saibamos que isso é um fator que depende muito mais do interesse do professor do que do empenho do coordenador. Ainda assim, Cabral (2007) sugere que fique muito claro para todos os participantes a importância de se realizar uma formação continuada:
.... espaço de reflexão, construção e desconstrução de caminhos que nos possibilita organizar a nossa prática pedagógica em função do desenvolvimento permanente de nossos alunos e do alcance das competências ainda não atingidas. (CABRAL, 2007, p.94)
               Por isso, as estratégias desenvolvidas ao longo das formações continuadas devem ser as mais simples e acessíveis, para que o professor não use como desculpa o fator tempo e cansaço como justificativa do seu desinteresse em participar do momento de formação. E assim, aqui estão algumas ideias que ao serem aplicadas devem considerar a realidade de cada grupo trabalhado:
·        - Encontros periódicos (semana ou quinzenalmente);
·        - Dar inicio ao encontro com uma leitura deleite/motivacional ou mesmo uma dinâmica de modo a tornar o momento mais prazeroso;
·        - Trabalhar textos curtos: uma sugestão é que os coordenadores façam sínteses dos textos mais longos, isso possibilita que os textos sejam trabalhados por completo em um único encontro, dinamizando a atividade que está sendo proposta;
·        - Sugerir que os professores realizem uma leitura prévia do material que logo no inicio da formação deve ser fornecido como referência;
·        - Fazer uso periódico de discussão, diálogo, debate, apresentação de seminários com a finalidade de compreender e socializar melhor o texto trabalhado.
            Contudo, se faz necessário lembrar que muito embora minimizem a apatia e/ou desinteresse do professor em participar da formação, todo esse processo requer dos presentes vontade, que parte de uma opção individual. Só assim será possível aplicar a teoria e avaliar seus resultados, de modo que essa ação complexa exige do professor ação investigativa de sua prática pedagógica exercida diariamente. Isso também é valido para o coordenador pedagógico, que nesse momento da formação desempenha sua função de formador, articulando a teoria com a prática.

                                                                       Edneide Silva

 


REFERÊNCIA:
CABRAL, M.G.D. O Coordenador Pedagógico da Rede Municipal de Ensino do Recife no Papel de Formador: Relatos de Experiências. 2007.