segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

FUNÇÃO DA COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA




FUNÇÃO DA COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA

            Muitas são as atribuições de um coordenador escolar, dentre elas está, em parceria com os demais membros do núcleo gestor, articular redes de aprendizagem que instalem e sustentem processos de formação e (auto) formação dos professores, algo que deve ser assegurada por toda e qualquer instituição, seja ela pública ou privada, pois essas atividades são essenciais ao profissional da educação para possibilitar uma boa qualidade de ensino.
            Uma pesquisa realizada pela Fundação Victor Civita sobre o perfil do Coordenador Pedagógico em 2010 revelou que o cotidiano atribulado da escola responde pela falta de foco do trabalho deste profissional, materializando-se numa rotina caótica centrada no atendimento a pessoas em geral, ao sistema educacional e aos alunos, conforme ações listadas no quadro abaixo:
Atendimento a pessoas:
• Atendimento telefônico
• Atendimento aos professores
• Reunião com diretor
• Conversa com alunos
• Orientação aos pais
• Substituição de professores
• Solicitações do Sistema
Cotidiano dos alunos:
• Acompanhamento da entrada e saída
• Organização da classe
• Sanções disciplinares
            Segundo a pesquisa, 50% dos coordenadores pesquisados atendem telefonemas de pais, do sistema de ensino e outras instituições todo dia; desses, 70% consideram adequada essa ação; 19% ficam com a classe quando o professor falta uma ou mais vezes por semana; desses, somente 38% consideram essa dedicação excessiva. Dos coordenadores pesquisados, 9% revelam não ter em sua rotina qualquer ação de formação do professor. Ainda entre os coordenadores pesquisados, 72% costumam acompanhar a entrada e a saída dos alunos diariamente, 55% conferem se as classes estão organizadas e limpas. Nesse caos, 26% apenas consideram o tempo dedicado ao projeto político pedagógico insuficiente. A rotina de trabalho de coordenadores que se organizam dessa forma restringe-se, em muitos casos, a uma lista de ações e compromissos para a semana. Muitos anotam em seu caderno as ações que pretendem realizar, os compromissos que vão marcar, os professores, os alunos, as famílias com quem querem conversar, e a partir de tais anotações organizam sua agenda semanal.

           

            Assim, ainda pode-se dizer que o objetivo central do coordenador pedagógico é articular os diversos segmentos da escola para dar sustentação e efetivar o projeto político pedagógico. O papel do coordenador escolar é considerado, nesses termos, de extrema importância para que a ação coletiva aconteça na escola. Sem dúvida, trata-se de um grande desafio para a superação do fracasso escolar e a qualificação constante do ensino.
            Há uma confusão entre as atribuições do coordenador e do diretor, ambos integrantes da equipe gestora e líderes pedagógicos da comunidade. Uma escola que esteja encaminhando um processo de formação permanente precisa definir o lugar e o papel de cada um nessa estrutura, para que o todo funcione organicamente – isto é, para que todos organizem suas rotinas de modo a favorecer o trabalho colaborativo. Somente quando o coordenador tem clareza de sua função é que ele organiza o seu tempo de acordo com as suas obrigações, evitando assim ser engolido pelas demandas do cotidiano e por atividades que não lhe competem. Reconhecer-se na função de formador docente e articulador do trabalho coletivo na escola é de fundamental importância para o coordenador pedagógico.
            Importante compreender que essa mudança de paradigma não pode ser realizada isoladamente. É necessário existir uma organização institucional que possibilite a definição dos papéis e das funções dos educadores envolvidos, haver investimento na construção de uma equipe colaborativa e realizar uma formação que ajude a reconceitualizar o papel do coordenador e do professor. É necessário, pois, organizar uma política de formação permanente de caráter colaborativo dentro da escola, na qual todos os atores, cientes de suas atribuições, possam juntos orquestrar uma instituição centrada na aprendizagem.
            Para desempenhar bem sua função, a coordenação pedagógica organiza seu tempo na escola. Essa organização pressupõe a elaboração de um plano de trabalho conjunto com a direção da escola, focando as necessidades da instituição como um todo, a partir das definições do projeto político pedagógico, bem como a elaboração de um projeto de formação de professores pautado nas necessidades de aprendizagem dos alunos e dos docentes. Deve ainda prever tempos e espaços para cada ação no cotidiano da escola: os espaços formativos (reuniões de formação), os espaços de planejamento e de acompanhamento do trabalho dos professores e das classes.
Para dar conta de tudo isso, o coordenador deve elaborar um cronograma semanal e outro mensal, articulando bem todas as ações, de modo a não fugir dos objetivos delineados. Será no exercício constante dessa organização que um modelo diferente de trabalho dentro da escola será construído.

O QUE NÃO PODE FALTAR NA ROTINA DA COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA
            Dentre as muitas atribuições do coordenador,abaixo estão aquelas que são consideradas fundamentais para o exercício profissional dentro da escola:
1) Reunião de formação
2) Observação e acompanhamento do trabalho docente
3) Acompanhamento
4) Planejamento da formação
5) Organização do acervo
6) Planejamento e estudo das práticas formativas
7) Produção de registros
8) Reunião com alunos e professores
            Mas frente a tantas atribuições surge outro questionamento: COMO ORGANIZAR O TEMPO?
            Importante lembrar que não há uma rotina fixa predeterminada. A organização do tempo
deve ser pensada de acordo com as especificidades e os objetivos do trabalho de cada coordenador e o projeto político pedagógico da escola.
            Deste modo, para exercer a função de Coordenação Pedagógica é exigido um perfil profissional em que a capacidade de promover e coordenar o processo de qualificação da prática docente seja fundamental. Entretanto, é comum que esses coordenadores usem seu tempo para atividades que nem sempre têm a ver com o pedagógico, quando, na realidade, este Coordenador, como integrante da Equipe Gestora da escola, é corresponsável pela sala de aula, pelo trabalho realizado pelo professor e pelos resultados dos alunos. Isto não significa que deva abandonar as demais atividades, mas é preciso priorizar sua função de formador e articulador. No contexto dessa nova perspectiva profissional, a centralidade atribuída aos coordenadores e as exigências a eles apresentadas acarretam consequências para a organização e a gestão da escola, evidenciando a reestruturação do trabalho e a consequente alteração na sua natureza e definição.
            Além disso, é fundamental que o coordenador pedagógico construa uma relação de confiança com os professores. É preciso cuidar das relações com o grupo de professores e é dentro dessa perspectiva que a reconstrução de novas formas de relação dentro da escola, de interação entre profissionais-pessoas, seja também foco de reflexão do coordenador pedagógico, especialmente na condução democrática do enfrentamento das questões cotidianas. Pensar a função do coordenador pedagógico no contexto das relações profissionais estabelecidas no ambiente escolar retira a sua atuação, portanto, de um lugar meramente tecnicista e procedimental para elevá-la à condição de elemento fundamental para a apropriação das trajetórias de vida de cada um dos envolvidos, com seus saberes e dilemas.
            No processo de construções coletivas, o coordenador pedagógico precisa “ser um outro que analisa a situação sob pontos de vista às vezes ocultos para o professor” (PELISSARI,2007). Nessa mediação, é preciso, entretanto, considerar que os professores não são alunos do coordenador pedagógico, mas profissionais em formação. Isto implica considerar os professores como sujeitos intelectualmente ativos, ou seja, reconhecer que os professores, assim como as crianças, também constroem conhecimentos a partir de suas representações e que suas aprendizagens também acontecem por aproximações sucessivas. Afinal de contas, “formar não é ensinar às pessoas determinados conteúdos, mas sim trabalhar coletivamente em torno da resolução de problemas. A formação faz-se na ‘produção’, e não no ‘consumo’, do saber” (NÓVOA, 1988).
            Sendo a escola o cenário de qualificação profissional do professor, a sala de aula deve ser considerada, ao mesmo tempo, o ponto de partida e o ponto de chegada das ações formativas. Para ajudar os professores a qualificar o seu trabalho, o coordenador pedagógico precisa considerar o conhecimento produzido acerca das estratégias formativas e adequá-las aos diversos conteúdos previstos, em diferentes espaços formativos. Não é de qualquer jeito que se faz formação de professores. Para realizar um trabalho de qualidade, é preciso conhecer a discussão sobre o objeto de conhecimento e sobre os processos de aprendizagem, tanto dos alunos como dos professores. Isto implica assumir o conhecimento didático como eixo estruturante do trabalho do coordenador pedagógico. Além disso, o coordenador pedagógico precisa ganhar a confiança dos professores e colocar-se no lugar de parceiro. Por este motivo, esta função exige assumir o lugar de um profissional mais experiente que supervisiona e orienta a prática dos professores. Ser um excelente professor alfabetizador, por exemplo, não é suficiente para realizar a formação permanente de professores alfabetizadores. Vale destacar também que não está dado que o coordenador pedagógico sabe todas as coisas. Além disto, para assumir esta função não basta ter sido um bom professor. As funções profissionais de professores e coordenadores pedagógicos não são as mesmas, portanto, remetem a um conjunto de competências distintas. Os coordenadores pedagógicos enfrentam problemas profissionais para além daqueles que são inscritos pela atuação docente na sala de aula e na escola.
            Outro grande dilema do coordenador pedagógico é o de associar o conhecimento e a formação permanente de educadores. Como ensinar esse conhecimento didático aos professores? Quais as melhores estratégias para consegui-lo? O que os docentes sabem sobre tais conteúdos e como atualizam esse saber na sala de aula quando ensinam? O acervo profissional construído como professor é importante, mas não dá conta de resolver essa empreitada. Isto é, em resumo, podemos
exemplificar da seguinte forma: o conteúdo foco de um professor alfabetizador é o conhecimento didático de alfabetização, enquanto que o conteúdo foco de um coordenador que pretende formar um professor alfabetizador deve ser como ensinar o conhecimento didático de alfabetização para o professor. Assim, torna-se óbvio que para comunicá-lo aos professores, pressupõe-se que os coordenadores pedagógicos o conheçam. Por este motivo, eles precisam estar em formação permanente, assim como os professores.
Edneide  Silva

REFERÊNCIAS:

COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA EM FOCO
Ano XXII - Boletim 1 - Abril 2012 / ISSN 1982 - 0283

NÓVOA, A. As histórias de vida no projecto Prosalus. In: NÓVOA, Antônio e FINGER, Matthias. O método (auto) biográfico e a formação. Lisboa: Ministério da Saúde, 1988.

Pesquisa: O perfil do coordenador pedagógico; realizada pela Fundação Carlos Chagas, com apoio do Itaú BBA, do Instituto Unibanco e da Fundação Itaú Social. 2010. Foram pesquisados 400 coordenadores em 13 capitais brasileiras.

AVALIAR é inrínseco à natureza humana.....



AVALIAR é intrínseco à natureza humana, contudo, no ambiente escolar não deve ocorrer de forma intuitiva apenas.
            Como enfatiza Dias Sobrinho (2003): ‘... a concepção de uma avaliação institucional está ligada à condição fundamental da educação e esta não se separa dos significados que atribuímos a sociedade e às expectativas da humanidade que projetamos.’ (p.195).
            Apesar de existir uma variedade de avaliações no contexto escolar, focalizando sujeitos diferentes é possível agrupá-las em INTERNA e EXTERNA. Aqui, especificarei as externas, também conhecidas como avaliação em larga escala. Ao se perguntar aos professores sobre a avaliação, observa-se que a maior parte confunde esses dois tipos de avaliação, e, portanto, não tem claro as possíveis contribuições destas em sua prática educativa.
            Para a maioria não está claro que a avaliação em larga escala geralmente usa instrumentos padronizados, como, testes e questionários, sendo realizadas, ao mesmo tempo, e em diferentes locais do país. Além disso, procuram informar os gestores públicos das instâncias federal, estadual, municipal e da própria escola, a respeito do desempenho dos alunos e, consequentemente, das redes de ensino às quais estão vinculadas. Talvez por isso, não consigam perceber a importância das avaliações em larga escala e quais as contribuições para seu trabalho em sala de aula.
            Na atualidade, as avaliações externas são adotadas, como política educacional, em um grande número de países, tendo o Brasil sempre ocupado posição de destaque. Uma das principais finalidades é apresentar informações que contribuam para verificar em que medida determinadas políticas educacionais estão sendo desenvolvidas, considerando seus objetivos. Portanto, podem subsidiar a formulação, permanência ou revisão dessas políticas. Observe o quadro abaixo:

FUNÇÕES
OBJETIVOS
EXEMPLOS
Auto-avaliação
Permitir conhecer a posição relativa entre os participantes da avaliação.
ENEM, SAEB, PISA, SPAECE
Credenciamento
Possibilitar a entrada de indivíduos no mercado de trabalho ou na educação superior.
Prouni
Diagnóstica
Identificar aspectos diversos de determinada realidade, bem como formas de nela intervir para melhorá-la.
Prova Brasil
FONTE: SIQUEIRA E SOUSA (2009,p.58)

            De modo que é possível dizer que as avaliações externas visam a apresentar um conjunto diversificado de informações a respeito do que os grupos de estudantes de uma mesma ou diferentes séries sabem e são capazes de realizar em determinado estágio de seu percurso escolar. Assim, seus resultados podem sim ajudar a identificar o nível da qualidade da educação ofertada na redede ensino estadual ou municipal. Além disso, pode ajudar a compreender a natureza e variedade de fatores que interferem no desempenho do aluno e que ao ter esse conhecimento o professor deve trabalhar para minimizar essas deficiências. Claro que, se o professor não tiver acesso a essas informações a realidade pouco mudará. O que eu percebi por meio da pesquisa realizada é que meus colegas desconhecem essas informações.
            Devido ao seu alcance, natureza e complexidade, as avaliações externas costumam ser realizadas contando com a participação de grupos diversos, nos quais participam, por exemplo, especialistas e técnicos. Apesar disso, é fundamental que os gestores das escolas e os professores também conheçam tais avaliações, pois elas dizem respeito, diretamente ao trabalho que esses profissionais realizam na escola. Evidenciam também aspectos diversos, como o perfil sócio e cultural de alunos e professores, bem como a características básicas da prática docente, das estratégias de ensino e da própria gestão das escolas onde os alunos avaliados estudam.



Edneide  Silva