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Alunas do ensino fundamental da rede pública na periferia de
Fortaleza ingressam com o pé direito no mundo da programação,
desenvolvendo aplicativos para solucionar problemas enfrentados pela sua
comunidade
Por: Everton Lopes
Publicado em 24/06/2015
|
Atualizado em 29/06/2015
Incentivadas por professores, alunas de escolas públicas de
Fortaleza (CE) começaram a programar aplicativos para atender
necessidades de suas comunidades. (foto: United States Mission Geneva /
Flickr / CC BY-ND 2.0)
Um grupo de garotas se reúne em sala de aula numa escola pública da
periferia de Fortaleza (CE) para discutir os próximos passos de seus
projetos. Não se deixe enganar pela pouca idade das participantes, pois o
movimento é de gente grande: apoiadas por seus professores e escolas,
elas decidiram empreender no ramo da programação, desenvolvendo
aplicativos que atendem diretamente necessidades da região onde vivem.
Com os primeiros resultados, elas se inscreveram em um desafio
internacional de empreendedorismo e tecnologia para mulheres – agora,
estão na expectativa pelos resultados.
Tifany Ambrósio, Raissa Silva, Keliane Gomes, Kaiane Costa e Vitória
Dias são alunas da Escola Municipal Maria Helenilce Cavalcante Leite
Martins. Talita Cabral e Milena Sousa, da Escola Municipal Taís Maria
Bezerra Nogueira. Cursando o sexto ano, todas têm por volta de 11 anos e
vivem nos bairros de Jangurussu e Conjunto Palmeira, numa área pobre da
capital cearense que inclui o bairro com o pior índice de desenvolvimento humano da cidade.
“Essa região sofre com os reflexos das desigualdades sociais de
Fortaleza”, destaca Cleudson Silva, professor da rede municipal da
cidade e principal responsável por incentivar as alunas na nova
empreitada. “A educação é o meio para reverter esse quadro e a função do
professor é apresentar as alternativas”, aposta.
"A educação é o meio para reverter desigualdades e a função do professor é apresentar as alternativas"
Silva ficou sabendo do programa global Technovation Challenge
e decidiu levar a proposta às escolas. Logo surgiram os grupos de
interessadas. Apoiadas pelo Palmas Lab – laboratório de inovação e
pesquisa para a inclusão social via tecnologia de informação, ligado ao
Banco Palmas, um banco comunitário nascido nessa mesma periferia – e
pelo portal Programaê, que disponibiliza materiais gratuitos para quem deseja aprender a programar, as garotas começaram a trabalhar.
Apertando o play
Segundo Silva, a ideia inicial era que as garotas desenvolvessem seus projetos em aplicativos para smartphones que apresentassem soluções para os problemas da comunidade. Na Escola Municipal Taís Maria Bezerra Nogueira, o grupo idealizou Cantando e Aprendendo, que funciona como um karaokê portátil, avaliando o desempenho do usuário e oferecendo dicas para melhorar o uso da voz.
“As estudantes pensaram em um programa voltado para as próprias
necessidades e para ajudar quem mais sofresse com os problemas da
timidez e as falhas na dicção. Juntaram isso com o gosto pela música e
projetaram o aplicativo”, conta Lúcio Márcio de Souza Rebouças,
coordenador pedagógico da escola.
Já na Escola Municipal Maria Helenilce Cavalcante, o grupo de meninas
decidiu usar a arte produzida pelas crianças para gerar renda. Criaram,
então, o Traço Kids,
uma galeria virtual com desenhos feitos por crianças da comunidade que
podem ser adquiridos por quem desejar utilizá-los em estampas diversas. O
aplicativo está disponível para download na página Fábrica de Aplicativos e já começou a funcionar. O dinheiro arrecadado é usado na compra de mais materiais para as crianças.
Em direção ao futuro
Em março de 2015, o Instituto Banco Palmas – braço social do Banco
Palmas – organizou um evento para a comunidade do Conjunto Palmeira
relacionado aos Startup Weekends, eventos independentes
organizados no mundo inteiro com a finalidade de dar suporte técnico e
prático para novas ideias que podem ser lançadas como startups.
Tanto o grupo de estudantes de Jangurussu e quanto o do próprio
Conjunto Palmeira participaram. Dos vinte projetos inscritos, dez foram
escolhidos para receber ajuda intensiva de especialistas, aperfeiçoar
suas ideias e colocá-las em ação. No ranking final do evento,
elaborado pela equipe organizadora, Traço Kids ficou em segundo lugar,
enquanto Cantando e Aprendendo recebeu menção honrosa – um começo
animador e que, em breve, pode começar a mudar a realidade de outras
meninas que vivem em situação semelhante.
Segundo o coordenador do Palmas Lab, Asier Ansorena, a ideia agora é
estender o projeto e levar os cursos de apoio ministrados pelo
laboratório para dentro das escolas, incentivando ainda mais crianças a
ingressarem no diverso mundo da programação. “Essa iniciativa desperta a
capacidade e a criatividade das pessoas para lidar com os problemas
sociais que enfrentam, empoderando-as para a busca de soluções”, encerra
Ansorena.
Instituto Ciência Hoje/ RJ
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